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A música conecta

Alataj entrevista Komka

Em certo momento da vida, nossos objetivos mudam de direção. Mudanças fazem parte da humanidade, quase como uma lei. Sair da zona de conforto e acreditar naquilo que sua intuição diz é, muitas vezes, sinônimo de crescimento, de evolução. João Komka vive desde o ano passado uma nova fase de sua vida após uma guinada que decidiu dar em sua carreira artística.

Após muitos anos fomentando a cena de Brasília pelo reconhecido núcleo e club 5uinto, deixou a sociedade para focar exclusivamente no seu perfil enquanto DJ e produtor. Apenas nos últimos seis meses ele fundou sua nova gravadora, I/U Music, por onde já lançou alguns trabalhos, e também conquistou um espaço na D.O.C. Records, de Gui Boratto, com o EP Disconnected Rails.

Toda essa experiência acumulada ao longo dos anos agora foi traduzida no seu mais novo trabalho, o álbum Untenable System, que chega oficialmente no dia 07 de agosto. Com 12 faixas originais o LP segue fielmente sua identidade dentro do Electro Techno e, apesar de distintas, elas contam bem a sua história. Abaixo você ouve o primeiro single do álbum lançado e acompanha nosso bate-papo com ele.

Alataj: Komka, tudo bem? É um prazer falar com você. Muitos reconhecem seu trabalho e associam diretamente ao 5uinto, núcleo que você esteve envolvido por mais de 10 anos e que foi fundamental para a cena de Brasília. Agora, porém, o foco é no seu lado artístico, certo? Conta pra gente um pouco dessa transição?

Komka: Obrigado pelo convite! É uma satisfação imensa poder compartilhar minhas percepções com vocês. Faz um ano em que me desvinculei da empresa e desejo toda a sorte do mundo ao Ruiz e aos seus colaboradores, de coração. Aprendi muito sobre o mercado nesse período, acredito no trabalho que exerci e que meu papel foi cumprido. Então decidi virar a página, começar um novo capítulo na minha história, agora mais independente e fiel aos meus ideais, meus objetivos e minha essência.

Apesar do seu trabalho como produtor ter ficado por muito tempo em segundo plano, ainda assim você lançou um bom volume de faixas, dando um gás principalmente de 2019 pra cá. Quais releases você destacaria nessa trajetória?

Esse gás se deu justamente com a minha saída da empresa. Pude olhar pra dentro de mim, me redescobrir e vislumbrar novos horizontes. Lancei a I/U Music para compartilhar minha música e a cada dia me surge uma nova ideia, uma nova possibilidade. Dos releases, tenho programado até o 9º lançamento da I/U Music, que será o álbum de remixes do Untenable System. 

Não sei qual será o décimo, mas espero que seja algo bem especial! Do que foi lançado até agora, cada um tem sua importância e um momento guardado em minha vida. Devo destacar os lançamentos em que estamos trabalhando hoje, que são os dois singles do álbum, So Blinding e Machine, e o álbum em si – Untenable System – que sai em agosto, seguido do álbum de remixes, em setembro.

Já que falamos de identidade, duas estéticas bem presentes no teu som é a distorção do Electro e o peso do Techno, que se equilibram muito bem. Sei que o movimento Electroclash dos anos 2000 foi uma forte influência pra você… que outros projetos foram fundamentais nessa construção de identidade?

Cada momento na minha vida teve uma trilha sonora. Foram muitos ‘hypes musicais’ vividos ao longo destes 20 anos, ainda mais se considerar as descobertas antes disso.  Agora, por exemplo, me deu vontade de ouvir Metallica, e acho que o metal tá bem relacionado com minha formação musical. 1999 foi um ano especial para mim, que fui ao show do Metallica no Brasil, seguido do show do Kiss em que o Rammstein abriu, e a partir da versão de Das Model que fizeram, conheci o Kraftwerk. Olha aí o link!

Nada melhor do que poder compartilhar sua identidade e sua essência através de um álbum. Desde o começo esse foi o propósito de dar início ao Untenable System ou a ideia surgiu mais naturalmente?

Gravar um álbum sempre foi um sonho pra mim e que pude concretizar neste momento em que me dediquei mais à música. Acho que pude expressar no trabalho um pouco de cada influência que tive. 

Pelo nome que você batizou o disco, percebemos que ele de certa forma faz uma crítica ao sistema atual que vivemos. Que mensagens você buscou transmitir através das faixas?

Foi no início da pandemia no Brasil que eu estava concluindo o disco, e esse acontecimento acabou me inspirando para concluí-lo e batizá-lo. O nome Untenable System diz respeito a um sistema insustentável, indefensável. E é como eu sinto isso. Um colapso do capitalismo, as pessoas quererem trabalhar e não poderem, as contas chegando, os serviços parados… Tudo em função do dinheiro, o que move nossa sociedade. E isso vai entrar em colapso se nada for feito, mostrando a fragilidade do sistema. 

Como produtor, quais foram os desafios que você enfrentou do início ao fim do processo de construção do álbum? É uma experiência que todo artista precisa passar um dia?

O processo foi natural e quando eu vi, já tinha o álbum praticamente concluído. Acho que o processo é bem relativo, de pessoa pra pessoa, cada um no seu tempo. Cada artista sente a forma como deve se expressar. 

Enquanto aguardamos a chegada de Untenable System, uma pergunta pessoal e clássica do Alataj: o que a música representa em sua vida? Obrigado!

A música é a trilha sonora da vida. Ela expressa emoção, sentimentos, conta histórias. Quando você ouve, a música te inspira, te faz ir longe nas ideias. Quando você produz, você expira sentimentos, sensações, mensagens em forma de música. É muito louco definir a importância da música na vida. Ela é presente. Às vezes ela te inspira, e às vezes você se manifesta. É uma via de duas mãos!

A música conecta.

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