Se você é DJ ou um grande fã da música eletrônica como um todo, é praticamente obrigação conhecer alguns selos que desempenham um papel importante no cenário internacional: Kompakt e Hotflush estão nessa lista. Dirigidos por Michael Mayer e Scuba, respectivamente, esses labels são famosos por seus releases de primeira linha, consequência de uma curadoria de ponta, que preza por artistas capazes de entregar algo diferente do habitué.
Alguns poucos artistas possuem a honra de ter trabalhado em ambos, um deles é o belga Locked Groove. O DJ e produtor atualmente baseado em Berlim é um nome reconhecido pelo potencial de pista de suas faixas. Além de ter lançado por Kompakt e Hotflush, ainda emplacou lançamentos em outras gravadoras com alta reputação, entre elas Permanent Vacation, Suara, Life and Death e Afterlife Records. O último deles é dirigido pelo duo Tale Of Us e tem empurrado ainda mais a carreira de Locked Groove a nível global.
No último fim de semana, ele esteve no Brasil para tocar no RAWW x ROOM em Santos e enquanto visitava os estúdios do Bossa junto a Arjana Vrhovac, RP do D-EDGE, encontrou um tempo para responder as perguntas enviadas pela nossa equipe. Confira abaixo o resultado do bate-papo e relembre alguns de seus principais sucessos:
1 – Olá! Muito obrigado por falar conosco. Criar uma atmosfera sonora que mistura house e techno não é algo muito inovador, mas certamente um grande desafio. Como você tem trabalhado ao longo dos últimos anos, flutuando com identidade entre essas duas linhas?
Foi muito difícil tentar equilibrar os dois, mas veio naturalmente para mim. Às vezes, estou com mais disposição para o techno, às vezes house ou algo intermediário. Sempre foi assim. Eu realmente não penso nisso, depende do humor. É assim que funciona quando estou produzindo faixas e quando toco DJ set.
2 – Em 2012, você foi impulsionado pelo suporte de Scuba e seu selo Hotflush. Como exatamente isso impactou sua carreira?
Definitivamente teve grande impacto e basicamente foi como começou minha carreira. Sem isso, eu não estaria onde estou hoje e provavelmente não estaria fazendo o que faço.
3 – Após lançar pela Hotflush, Life & Death e Permanent Vacation, você sentiu que era o momento de ter seu próprio selo? Liberdade é a palavra chave para o trabalho que você tem apresentado no label até aqui?
Queria muito fazer as minhas coisas. Lancei algumas faixas, e então, de alguma forma parei devido a outras coisas que estavam acontecendo. Mas agora estou colocando o foco nisso novamente e vocês podem esperar um novo release saindo pelo meu selo em janeiro.
4 – A real essência de um DJ pode ser representada por aquele cara preparado para encarar uma pista em qualquer horário e sob qualquer circunstância, mas hoje em dia parece que isso tem se perdido um pouco e os artistas em geral estão apenas tocando em clubs, festas e horários que coincidem com seu estilo de produção – ou seja, as pessoas parecem estar mais interessadas na produção do que na discotecagem. Como você enxerga esse momento?
Gosto muito de tocar, amo experimentar e colocar algumas faixas interessantes onde elas não são esperadas. Curto colocar alguma faixa disco no meio do set ou algo assim. Acho que tocar me inspira a produzir mais e melhor, meio que me motiva. Também amo produzir, mas eu ainda adoro tocar DJ sets, com certeza.
5 – Quais são as suas expectativas para essa nova passagem pelo Brasil? O que você identificou de mais especial nas primeiras vezes que esteve aqui? [pergunta feita antes da tour]
O Brasil possui uma rica cultura musical e patrimônio cultural. Me identifico com as belas percussões, ritmos e coisas antigas da música brasileira, às vezes pego alguns samples para colocá-los em minhas faixas. Realmente acho que as baterias e as percussões do país são incríveis. Eu já estive aqui uma vez, tocando no D-EDGE e foi muito bom, mas agora estou ansioso para ver como será a festa em Santos.
6 – Acredito que a evolução do techno nos últimos anos tem bastante a ver com a tecnologia. Na sua visão, quais são as principais diferenças no processo criativo atual, quando comparado há 10 anos? Quais são os principais equipamentos do seu estúdio?
Há muitos sintetizadores novos chegando no mercado. Muito mais ferramentas para fazer música, mas isso não significa que seja mais fácil. No tempo em que havia hardwares com certas limitações, isso meio que te obrigava a ser mais criativo. Eu não tenho muitos equipamentos, tento ficar mais no básico, com equipamentos como o sintetizador Moog, Analog 4, decks, alguns compressores… é isso aí!
7 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. Nós enxergamos a música como uma forma de conexão entre as pessoas. Na sua opinião, qual o grande significado dela em nossas vidas?
A vida sem música é obsoleta, não tem sentido. Música é vida e ela dá sentido à tudo. Ela tem poder para conectar as pessoas, para impactá-las, para trazer alguns sentimentos de dentro das nossas almas, ou ver as coisas de uma maneira diferente. Não consigo imaginar o mundo sem música e como seria.
A música conecta as pessoas!