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A música conecta

Alataj entrevista Mathame

Olhei para um quadro que tenho aqui no escritório com a letra de Thunderstruck, do ACDC, e no mesmo instante consegui ver o Mathame representado naquela tipografia. Hoje, qualquer lançamento que eles realizam causa um enorme estrondo na indústria da música e chega ao ouvido de muitas pessoas como um trovão. 

Sucedendo a brilhante Never Give Up e ainda mais recentemente sua transmissão ao vivo feita dentro de um planeta 3D, chamado Phoenix, nossa equipe teve a oportunidade de trocar uma ideia com os irmãos italianos Amedeo e Matteo Giovanelli e descobrir um pouco mais do que há por trás do sucesso desta dupla que ainda tem muito para mostrar.

Alataj: Olá, pessoal! Tudo bem? É um prazer enorme falar com vocês. Hoje o Mathame está entre os principais projetos de Techno Melódico do mundo. Na visão de vocês quais foram os pontos-chave nessa trajetória para ocuparem a posição atual?

Mathame: Achamos que os pontos-chave estão na música que produzimos. Sei que parece simples, mas não é. Muitos produtores novos focam em milhares de coisas ao mesmo tempo. O que realmente importa é a música, nada mais. Se a música é boa, boa mesmo, você encontrará o caminho. Podemos dizer que encontramos nosso próprio caminho, vamos ver se o futuro mantém…

Junho de 2017 ficou marcado como a estreia do Mathame na Afterlife com o single Timeshift. Como isso aconteceu? Foi uma demo enviada de forma aleatória ou vocês já estavam construindo um relacionamento com Tale Of Us?

Conhecemos Matteo e Carmine desde Dark Song. Demo por demo, nosso relacionamento ficou mais forte e sentimos que eles acreditaram na nossa música. Somos muito gratos a eles e a sua crença em novos talentos. Quando Timeshift saiu, estávamos em um período sombrio de nossas vidas, foi como um raio de luz na escuridão.

Hoje vocês são um dos projetos que mais lançaram pela Afterlife, então, pegando este gancho, quais são as dicas que vocês podem dar a outros músicos iniciantes quando se trata de construir o networking na indústria? 

Como dissemos antes, no centro de tudo está a música e nada mais. Apenas foque no seu som, estude, desenvolva seu estilo, sua história… diga quem você é através da música. Não copie outras histórias porque cada um tem a sua. Seja sincero sobre o que você gosta e não siga tendências musicais. Quando a música se torna moda é apenas propaganda.

+++ Contamos a história da Afterlife na coluna Case

Sabemos que Nothing Around Us é uma música inspirada no amor, sentimento que foi responsável por dar vida ao maior sucesso de vocês até o momento. Falem um pouco mais sobre essa composição e como vocês conheceram Lyke?

É bastante particular, mas como dissemos antes, escrevemos nossas próprias músicas e os sentimentos, temas e humor são tirados da vida. Podemos dizer que sim, alguns de nós estavam (e estão) apaixonados. Conhecemos Lyke há anos já que ele era amigo de Amedeo. Ele tem apenas 20 anos e um brilhante futuro pela frente. Gostamos dele por ele ser diferente.

+++ Afterlife lança versão piano para o hit Nothing Around Us do Mathame

Deixando um pouco o passado de lado… fomos presenteados recentemente com Never Give Up, faixa que carrega uma mensagem de esperança e encaixa muito bem na atual situação que vivemos. Qual a história por trás dela? De quem são os vocais que ouvimos?

Escrevemos Never Give Up por volta de abril ou maio do ano passado. Claro, ninguém poderia imaginar que aconteceria o que está acontecendo agora. Escrevemos a letra apenas porque sentimos isso, não pensamos muito sobre. Depois convidamos um amigo de Los Angeles para cantar e o processo de mixagem levou cerca de três meses de testes. 

Agora, essa faixa está se tornando uma espécie de hino para a situação atual e temos sentimentos conflitantes sobre: por um lado, nunca quisemos viver algo assim; do outro lado, estamos orgulhosos de que nossa música possa ir além do puro prazer e tenha se tornado uma espécie de antídoto ou um escudo contra os tempos difíceis.

No currículo de vocês já estão algumas apresentações memoráveis: Cercle, Printworks, Tomorrowland… vocês conseguem aproveitar as cidades por onde passam antes ou após as  apresentações? Que lugar do mundo vocês mais curtiram conhecer até hoje?

Normalmente não temos tempo para visitar as cidades em que tocamos — nossa agenda de turnês é muito rigorosa e não permite distrações. Também estamos focados demais para aproveitar qualquer tempo livre. Gostamos muito de todas as cidades e culturas. Estamos ansiosos para visitar a Ásia e curiosos para conhecer essa parte do mundo.

E como foi a vinda ao Brasil no ano passado? Tive a oportunidade de vê-los no Club Vibe e achei o set impecável, foi emocionante. O que vocês conhecem a respeito da nossa cena?

O Brasil tem um espaço especial em nossos corações. Tivemos alguns dos melhores momentos da nossa temporada por aí e o público é algo que nunca vimos antes. Os DJs com quem tocamos eram todos muito legais, mas na realidade, não conhecemos muito a cena local porque não ouvimos muito Techno…

Foto por Renata Kalkmann
Foto por Renata Kalkmann

Com o cenário atual do Coronavírus, quais têm sido as prioridades de vocês? Existem planos para o futuro, seja a curto ou longo prazo?

Apesar da situação muito difícil, após um choque inicial que nos bloqueou criativamente e pessoalmente, encontramos tempo para produzir muitas músicas novas. Além disso, acabamos de iniciar nosso próprio projeto: uma série de streaming batizada de Phoenix que foi ao ar recentemente. Estamos ansiosos para os próximos episódios.

Para finalizar, uma pergunta pessoal: o que a música representa para vocês? Obrigado pelo bate-papo!

Pergunta difícil, mas a música é o meio humano mais convincente para conectar pessoas a um mistério. Algo que ninguém pode explicar mas todos podem sentir.

A música conecta.

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