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A música conecta

Papo de Estúdio | Fabio Santanna e a arte de criar releituras musicais

Por Ágatha Prado em Papo de Estúdio 07.05.2021

Resgatar grooves perdidos em décadas passadas e reinterpreta-los para as pistas atuais. Esse tipo de processo criativo é um dos métodos mais utilizados pelos produtores das vertentes da Nu Disco, Funk, Boogie e demais vertentes derivadas da clássica Disco Music setentista que tanto marcou as pistas de dança da época, sobretudo dos bailinhos cariocas. Seja através da ressignificação de samples ou por meio de uma releitura dos grooves originais, o Rework é um processo que dá uma nova interpretação à composição, preservando parte da essência original. 

Apostando nesse tipo de método criativo, o DJ, produtor e multi instrumentista Fabio Santanna – a metade do duo Nu Azeite – se inspirou nos Boogies clássicos dos Bailes Blacks dos subúrbios cariocas para formatar a assinatura de seu projeto Live Motel, que traz as atmosferas da era pós-Disco oitentista com roupagens de pistas atuais.

Entre trabalhos originais como seu último álbum Vibração, Santanna também vem trabalhando com reinterpretações de grooves clássicos da época, como agora em seu mais novo lançamento Brazilian Boogies Reworks, onde o artista entrega uma nova versão para as faixas Olha o Menino, de Jorge Ben Jor, e Onda, de Cassiano — compre e ouça na sua plataforma favorita.

Para abrir um pouco mais nossa mente para esse tipo de processo criativo dentro do estúdio, Fabio nos traz algumas dicas pertinentes sobre Rework e Remake que ele utilizou em seu último EP. Confira:

“Dentro do processo artístico de criação, as possibilidades musicais são infinitas e a releitura musical é uma delas. Não é um conceito complexo, porém muitas vezes ainda há certa confusão entre releitura e cover”.

O que é releitura musical?

Reler significa ler de novo, portanto, fazer uma releitura não significa fazer uma cópia, mas fazer um trabalho com uma visão diferente, sob uma nova ótica e, principalmente, sob outra manifestação daquela que o artista que a criou utilizou. Bem usada ela agrega muito ao artista.

Por que fazer uma leitura musical?

A estratégia ou desejo de se fazer uma releitura reflete a identidade artística, seja pela interpretação ou pela produção musical, e também mostra ao seu público as suas referências e influências musicais.

É uma ferramenta que pode somar muito, ajudar a ampliar o seu público e seu repertório, por isso é bacana pensar com calma na escolha de uma releitura…Experimente, brinque, desconstrua, dedique um tempo àquela música para criar uma conexão.

A releitura musical, se bem conduzida, pode ser uma experiência riquíssima também de aprendizado, pois desenvolve as expressões artísticas, agregando uma experiência criativa e prazerosa, tendo como ponto de partida uma obra já existente.

Como se faz uma releitura?

O foco principal de uma releitura é a criação de algo novo que, em sua maioria, mantém um elo, uma vibe com a obra que serviu de inspiração. As possibilidades são muito variadas, você pode encontrar, por exemplo, uma canção famosa ou não e desejar fazer uma interpretação dela. 

Para fazer uma boa releitura, tente  imprimir a sua assinatura, o seu olhar para aquela música, use elementos que tem a ver com a sua sonoridade, sua estética, para que as pessoas possam identificar o seu toque. Brinque com mudanças de ritmos, tons e até mesmo formas diferentes da original, experimente. 

Ser  diferente do original  não implica em “erro” na sua sonoridade. Implica somente em uma concepção de “releitura”, por isso use sua criatividade e seu repertório. Importante lembrar que versões e releituras são homenagens, ou obras autorizadas pelos donos dos direitos autorais do original. Fogem completamente do condenável plágio, que infelizmente também é uma prática comum.

Seja como homenagem, ou como uma nova experimentação musical, a releitura de canções é uma estratégia atemporal que reúne muitos adeptos. A ideia abraça diversos formatos e estilos, e também movimenta o engajamento dos fãs. Os singles escolhidos são, geralmente, grandes sucessos musicais, mas para mim o que realmente importante é você sentir uma conexão com aquela música.

Na real… “é fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”… Aristóteles. Se joga!

A música conecta.

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