Victor Ruiz já passou por muitas fases e momentos diferentes da carreira, o que comprova algo que já imaginávamos: ficar na zona de conforto definitivamente não é pra ele. Talvez isso explique como ano após ano ele demonstra uma evolução notável em diferentes aspectos da carreira. Na produção musical, por exemplo, consegue ser dinâmico, criativo e explorar sons que ainda não tinha se aventurado anteriormente, enquanto em suas apresentações, revisita momentos do passado sem fugir da sua identidade atual, arriscando e trazendo novidades ao mesmo tempo.
Essa plasticidade musical também esteve presente no seu último trabalho lançado pela própria VOLTA, This Is Not An Album, uma de suas criações mais audaciosas da carreira, onde ele mergulhou nos seus arquivos (novos e antigos) para dar vida a um trabalho que não deve ser percebido como algo passageiro. O release apresenta um passeio de Victor Ruiz por uma infinidade de atmosferas, explorando todo o espectro do Techno em suas 8 faixas, uma maneira de “resistir à natureza transitória da indústria musical de hoje”, como ele mesmo disse.
E é com esse sentimento de nostalgia que ele montou sua seleção de faixas para a 17ª edição da Secret Files, uma passagem só de ida para momentos históricos do seu passado, com faixas que marcaram sua vida como clubber e também como artista. Volume no máximo e aproveite a viagem:
Baikal – Pelican’s Flight
Ainda me lembro quando D-Nox foi ao meu antigo estúdio em São Paulo e me mostrou essa pérola. É uma faixa bem longa e profunda, que toma seu tempo para se desenvolver e quase depois de 5 minutos(!) entra o synth principal que surpreende e funciona muito bem na pista quando tocada na hora certa.
Barnt – Chappel
Acho que é uma das faixas que eu mais piro pela sua simplicidade e o tanto que é efetiva ao mesmo tempo — talvez seja por isso que é tão boa. Não me lembro quando ouvi ela pela primeira vez, mas foi há muitos anos e desde então mudou minha vida como DJ e produtor. 10/10!
D-Nox, Victor Ruiz – Arise
Esse som mudou minha vida, carreira e, sempre que toco até hoje, funciona muito. É uma faixa com muita emoção mas também tem profundidade e força, com aquele drop que eu adoro com um synth mais rasgado e potente! Com certeza é um som que tenho muito orgulho de ter produzido.
Yotam Avni – Luna
Escutei esse som num set do Chris Liebing há uns anos e, de novo, simplicidade que marca! Um kick bem gordo com um groove minimalista e meio tribal, e um daqueles synths que quando entra deixa o cabelo em pé. Tem uns vocais étnicos muito bem colocados que faz o som ficar bem hipnótico.
Oliver Huntemann, Stephan Bodzin – Rubin
Um clássico dos clássicos. Sei que no Brasil essa faixa já foi tocada, re-tocada e tocada de novo, de novo, e de novo…. Mas é um som com muita força. Tenho certeza que foi a faixa que mais me inspirou para fazer meus sons antigos, lá da época de 2011 em diante, dos primórdios do Brazilian Bass. Uma mistura de techno minimalista com timbres de electro. Que combo!
Underworld – Denver Luna
A genialidade da banda britânica que, mais uma vez, acerta em cheio como fazer um hit para o dance floor. No dia que esse som foi lançado, eu fiquei escutando em repeat num voo de quase 5 horas, sem parar. Toco ela em todos os meus sets até hoje, uma obra de arte.
Liquid Soul – Crazy People (Victor Ruiz Remix)
2008, uma rave em São Carlos, São Paulo, e eu vendo Liquid Soul pela primeira vez na minha vida numa baita viagem de ácido. Um dia que nunca vou esquecer, em especial no momento em que ele tocou a faixa “Crazy People”. Nunca dancei tanto! 15 anos depois, no Boom Festival em Portugal, eu o conheci e, na cara dura, perguntei se podia remixar e ele topou. O resultado é esse aí, um som que fiz acho que em um dia (depois refinei em alguns mais) e toco em todos meus sets desde então. Ela é para toda a “crazy people” do mundo afora que adora um bass pesado e se divertir na pista.
Laurent Garnier – Crispy Bacon
Um clássico do Techno. Outra vez, tão simples e tão atemporal. O DJ e produtor francês Laurent Garnier é um dos meus favoritos e sua obra me inspira até hoje. Ainda me pergunto como ele fez vários desses sons. Um dia chego lá (risos).
Jon Hopkins – Singularity (ANNA Remix)
Amo as faixas da ANNA e esse remix ela acertou em cheio! Toquei (e toco ainda) muito esse som. Adoro o seu groove, as melodias e um inesperado bass rasgado no meio. É um remix com muita personalidade e é bem criativo. 10/10!
Deadmau5 – Strobe
Com certeza essa é uma das minhas músicas eletrônicas de pista que eu mais amo. É um som que toquei bastante quando saiu, mas por ser difícil de encaixar nos meus sets não toquei muito mais. Acho uma produção genial e com muita emoção e profundidade. Spoiler alert: fiz um remix pra ela e deve sair no fim do ano. 😉