Dividindo seu precioso tempo entre o estúdio, gigs por todo mundo e seus compromissos como pastor em Detroit, Robert Hood (ou Floorplan) é um dos nomes mais importantes da história do cenário house/techno mundial, um artista com tamanha personalidade que parece ficar melhor a cada novo set ou lançamento.
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Sua música tem alma, autenticidade e um poder de pista absolutamente esmagador. Em resumo, Hood é o cara. Ao lado de Mad Mike Banks e Jeff Mills é parte do Underground Resistance, coletivo que ajudou a formar a cultura techno de Detroit. Ao decorrer da década de 90, Robert também bebeu das referências musicais de Chicago e ao provocar uma mistura potente de house e techno, com elementos ácidos, industriais e até mesmo minimalistas, ganhou o mundo.
Seu primeiro lançamento foi o 12 polegadas Internal Empire, lançado em 1994 pela Tresor. Depois, singles como Music Data, Moveable Parts e Internal Empire ajudaram a levar a música que estava sendo criada em Detroit para outras cidades, como Nova York e a própria Chicago. Naquela época, Jeff e Robert provavelmente não sabiam, mas eles estavam ajudando a moldar um estilo que marcaria toda uma geração nos anos seguintes.
O ambiente musical de casa colaborou para formação artística do americano. Seu pai era jazzista, tocava piano, trombete e bateria. Sua mãe participava de um grupo de RnB e sua vó era uma grande entusiasta musical. Quando começou a lançar seus primeiros trabalhos e conquistar certo reconhecimento, Robert logo decidiu que teria de ter seu próprio selo se quisesse ter liberdade naquilo que lançaria, já que muito do que se estava fazendo ali era totalmente novo e nunca antes visto por outros selos. “Eu desenvolvi um som com uma atmosfera meio cinzenta, que reflete o que é Detroit, mesmo quando há sol, existe algo na atmosfera da cidade que eu não sei explicar”.
A M-Plant (gravadora de Hood) nasceu com o foco no techno minimalista e liberando singles poderosos como The Protein Vale, The Pace e os já citados Music Data e Moveable Parts. Naquela época a crítica descrevia tais trabalhos como diferentes, básicos, despojados e brutos. A combustão relativamente simples entre baterias, linhas de baixo e elementos funky colocava uma geração de ravers para dançar por horas em festas espalhadas para cidade. Ter um perfil sonoro de produção dançante – até hoje Floorplan se mantém assim – foi fundamental no processo de aceitação do que estava sendo criado.
https://www.youtube.com/watch?v=1iXKuPsfzt8
Nos primeiros anos, Robert não tinha desejo de levar seu som para fora do underground, mas foi convencido diante da possibilidade de apresentar o que estava sendo concebido por ele e seus companheiros a novas pessoas: “Eu nunca poderia imaginar que isso teria tomado essa proporção.” comenta Hood quando indagado sobre a direção de seu som. Motivado pelo desejo da experimentação sob diferentes áreas da dance music, o americano lançou carreira e trabalhos como Floorplan (mais famoso de seus projetos e alcunha artística pela qual ele é lembrado até hoje), Monobox, H&M e x-103 (ao lado de Jeff Mills), The Vision, inner sanctum, mathematic assassins, Missing Channel (com Claude Young) e por fim X-101 e X-102 (tendo Mad Mike e Jeff Mills como parceiros).
Robert também conquistou considerável reputação trabalhando como remixer de artistas como DBX, Dave Clarke, Marc Romboy, Ben Klock, Juju & Jordash e Boys Noize. Em Março de 2008, participou da série de mixes do lendário club londrino Fabric e mais recentemente, aproximou seus trabalhos da crew Dekmantel de Amsterdã. Junto aos holandeses, se tornou um dos nomes fortes do festival e lançou recentemente o seu último álbum, Paradygm Shift, com 9 faixas inéditas e originais que reúnem a real essência da dance music de Detroit.
Agora, mais de 20 anos depois do começo de tudo, impressiona a postura exemplar de Hood dentro e fora dos palcos. Mais do que um artista de excepcional performance, Robert se tornou uma espécie de guru entre os DJs e produtores que se prontificam a caminhar entre o house e o techno – ele faz isso com excelência. Sua última vez no Brasil foi 6 anos atrás no D-EDGE e apesar do longo hiato, há a esperança de que ele pinte por aqui no próximo verão e mostre um pouco mais da sua ciência – quase exata – que faz as pessoas dançarem.
A música conecta as pessoas!