Há quem diga que Curitiba e a música eletrônica mantém um relacionamento sério. Por aqui, diríamos que a aliança desta união certamente é o Club Vibe. Conhecida por receber uma das primeiras festas rave em solo nacional (que se tem registro), a capital paranaense aderiu à música eletrônica no início dos anos 90 e nunca mais a largou — bem pelo contrário.
A constância da cidade, se deu, principalmente em consequência ao sólido elo que o Club Vibe proporciona ao longo de seus 20 anos de existência. Um fenômeno que se manifesta a partir da lapidação sonora de um público ao revelar um universo musical encantador, resultando em um múltiplo apoio não só a cena local, como nacional.
Fato é que o Club Vibe foi um essencial preparatório para uma cena que não só adere com facilidade à contemporaneidades, mas que vive uma efervescência que se dá desde a formação de núcleos, festas, labels, até a revelação e exportação de novos e importantes nomes para a música eletrônica.
A curadoria da pista mais tradicional da cidade é a responsável majoritária por grandes debutes internacionais na cidade como Anthony Rother, Elijah Collins, Hernan Cattaneo, John Digweed, Mathame, Motor City Drum Ensemble, Nina Kraviz, Priku, Tale of Us, The Blessed Madonna, entre inúmeros e incontáveis outros — o que consolidou o club como o local perfeito para recepcionar, por exemplo, a edição do Boiler Room em Curitiba.
Entre os nomes nacionais, é mais fácil escalarmos os que ainda não passaram por lá (risos), visto que o club recebe de braços abertos novos talentos. O que também faz brilhar os olhos de incontáveis nomes nacionais que vêem no club o ensejo da gig dos sonhos.

Dentre tantos pontos, a autoridade, conceitualização, comprometimento e inovação são algumas das características que colocam o club como essa ferramenta essencial na colocação de Curitiba como um dos grandes “hubs” da música eletrônica nacional.
Mas se engana quem pensa que o Vibe se contenta em transbordar apenas um sentido humano. Famoso pela iluminação inovadora que transborda os olhos, a tecnologia é aliada fundamental. Claro que o ouvir é, na essência, o principal do club, mas os sócios foram além e agora exploram também os outros sentidos do corpo, usando a inovação como principal ferramenta.
Para isso, há um ano o Fun’iki ocupa o rooftop do prédio. O restaurante japonês contemporâneo traz pratos assinados pelo chef Vinicius Fujii, acompanhados da alta coquetelaria de Lukinhas Siqueira — bartender responsável pela famosa carta de drinks da casa.
O know-how formado a partir da longa atuação do grupo permite a expansão assertiva no hoje. Assim, a Galeria Odisseia passa a ocupar a pista do Vibe, consagrando o espaço para além de club e dando moldes multiculturais. Exposições, conferências e showrooms marcam a nova fase e dão indicações de uma atuação dissipadora de sementes.
E falando em pista, claro que ela não ficou de fora da repaginação para o momento de retomada. A partir de paredes revestidas de madeira com tratamento acústico diferenciado, somadas a um sound system italiano, o Vibe agora remete à um grande “estúdio musical”.
Todas esses atributos e particularidades do Club Vibe o consolidam naturalmente como esse majestoso fomentador da cena curitibana, que avança e ganha o tom multicultural através da contemplação da arte e gastronomia — pavimentando solidamente ano após ano o caminho para a concretização do polo de música eletrônica que é a capital do Paraná.
A música conecta.