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A música conecta

As referências plurais que fazem de DOT um preciso expoente da cena nacional

Por Nicolle Prado em Storytelling 12.07.2023

Um movimento natural na busca de entender um artista e sua arte é analisar a partir de quais influências e referências sua sonoridade se compõe. Afinal, uma das grandes beleza de cada projeto é visualizar como cada inspiração se torna a peça de um quebra cabeça, que quando bem encaixadas compõem um resultado inimaginável, autêntico e único. Dito isso, é possível compreender que uma bagagem musical rica e um repertório refinado são pilares importantes na construção de uma identidade sonora própria, que consequentemente se torna essencial para se destacar no mercado fonográfico. 

Quem parece entender bem essa premissa é Alexandre Chaves, ou melhor DOT (Day Out Of Time). Sua formação sonora vem desde a infância, se relacionando com diversas culturas e sendo introduzido à música muito cedo. Nascido em Paris, na França, criado na Flórida, nos EUA, e no Rio de Janeiro, o artista começou a sua relação com a música aos oito anos, aprendendo guitarra e piano, e desde então, não parou mais de se aventurar por esse universo, se formando em um conservatório de música em Los Angeles, onde aprofundou seus conhecimentos de guitarra, teoria musical, percepção, gravação e produção musical. 

A propósito, sua passagem pelo território norte-americano lhe trouxe muita experiência, já que em LA, chegou a tocar em bandas de funk, soul, jazz, blues, disco e space-disco, além de iniciar no mundo da composição, se relacionando com outros músicos e participando de gravações de estúdio. Também foi por lá suas primeiras experiências em festivais de música eletrônica, o qual trouxeram a virada de chave de sua carreira: o propósito como DJ, Live Act e produtor. 

“Essa experiência na Califórnia foi fundamental para expandir meu conhecimento musical teórico e principalmente de novos gêneros musicais. Lá nos festivais eu conheci o “desert tech”, como era chamado na época, e que hoje se assemelha muito ao Organic House. Lembro que essa sonoridade me chamou muito a atenção quando assisti aos sets do Goldcap e Sabo. Além disso, todos os DJs internacionais que pude assistir nos festivais, os palcos e a atmosfera das pistas em geral se tornaram uma inspiração para mim desde então”, conta Day Out of Time.

Pouco tempo depois, voltou ao Brasil, para iniciar sua atuação como DJ e produtor musical, e chegou a se apresentar em eventos de expressão como o Rio ME Festival e Carnaval AME. Na sequência, tendo estruturado sua identidade sonora, gravou o primeiro álbum como Day Out of Time, em Mallorca, junto com Monsters In The Dark, viajou por diferentes países como Tailândia e Alemanha, se apresentando em festivais como  Waldfrieden Wonderland, Hainachten (Bremen), Ebbe & Flute, e trabalhou como Ghost Producer, o que trouxe ainda mais experiência e bagagem musical, já que chegou a produzir mais de 200 músicas dos mais diferentes estilos musicais. 

Cada detalhe dessa história foi importante para a construção deste quebra cabeça sonoro, mas uma delas se tornou a peça-chave nessa composição que hoje conhecemos como DOT: o Rio de Janeiro e sua musicalidade plural. A influência da natureza, florestas, povos originários e suas medicinas já eram uma grande apreciação do artista desde a sua infância e adolescência, vivida em terras cariocas, mas ficou ainda mais forte em seu retorno para a cidade, em 2020, já que fixou suas raízes por aqui e passou a se dedicar mais na produção de músicas próprias, pesquisa musical e outros detalhes do projeto. 

Junto com a expansão de sua sonoridade orgânica, a musicalidade brasileira, que já era uma influência importante, passou a estar ainda mais presente. “Eu sempre escutei muita música brasileira inevitavelmente, mas na adolescência quando tive acesso a Tom Jobim, João Gilberto e Ary Barroso que a paixão foi ficando séria de verdade. Os temas sobre o Rio de Janeiro sempre presentes nas músicas com a sonoridade estranha dos acordes e progressões complexas me pegaram muito e até hoje acho que são meus artistas favoritos”.

Toda essa bagagem e experiência foram pilares importantes para que Alexandre chegasse neste momento atual do projeto Day Out of Time, que une cada peça compondo essa fusão dos universos musicais, dando sentido ao caminho percorrido até aqui. Com isso, o artista tem apresentado trabalhos que mostram essa composição, como a track “La Brisa”, remix de uma das trilhas do filme Wakanda Forever, e em seu próximo lançamento “Visceral”, releitura da faixa de Fran, Carlos do Complexo e Bibi Caetano, que foi desenvolvida ao lado de Curol e será lançada pela label da artista, a Nature Recordings. O release está marcado para o dia 14 de julho, apresentando uma sonoridade leve e envolvente, ao trabalhar percussões, vocais e uma atmosfera bem brasileira. 

“Tenho uma relação realmente Visceral com essa música. Foi um processo longo para fazer o sound design e trilha desse filme, mas valeu a pena pelo resultado que atingimos. Senti que a pegada afro da Curol deu uma cara nova a música com muita identidade e foi muito natural pra mim contribuir com a minha sonoridade pra fechar a música. A Curol é uma excelente artista que admiro muito e foi um prazer poder assinar essa faixa com ela”, compartilha o artista.

Além disso, graças a sua identidade dinâmica e autêntica, DOT também tem chamado a atenção de grandes festivais nacionais. Recentemente, ele se apresentou no festival Manto, que reúne sonoridades dançantes, místicas e únicas da cena do Rio de Janeiro e foi um dos nomes do line-up do after do MITA, evento que apresentou grandes nomes nacionais e internacionais em São Paulo e Rio de Janeiro. E, agora, se prepara para a primeira edição do Doce Maravilha, festival que tem como propostas celebrar a música brasileira.

Idealizado por Luiz Guilherme Niemeyer, Eduardo Jardim Sena e Rodrigo Tavares e, com curadoria de ninguém menos que Nelson Motta, o evento apresenta ícones nacionais como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Baiana System, Maria Rita, Emicida e mais. Para o Doce Maravilha, que acontece em Marina da Glória (RJ), nos dias 12 e 13 de agosto, DOT promete um set especial com remixes e interpretações inéditas de clássicos da MPB. Sobre a oportunidade de dividir palco com esses grandes nomes, DOT comenta:

“Honestamente eu nunca tinha imaginado dividir o line-up com essas lendas. Olha que eu sempre sonhei muito alto quanto a minha carreira, mas até mesmo por fazer gêneros tão diferentes deles nunca passou pela minha cabeça essa possibilidade. De qualquer forma eu estou em êxtase com essas experiências que vem acontecendo na minha carreira. Poder contribuir com minha música nesses eventos que admiro tanto e ao lado dos meus heróis musicais vai além dos meus sonhos. Só tenho a agradecer por tudo isso”.

Conecte-se com DOT: Beatport | Instagram | SoundCloud | Spotify

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