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Ian Pooley: por que ainda falamos pouco sobre ele?

Por Caio Stanccione em Storytelling 11.02.2022

Como definimos se um artista é dono de uma carreira bem sucedida ou não? Sem dúvidas, essa é uma pergunta nem um pouco fácil de responder e que também tem uma grande abrangência, já que cada pessoa possui uma forma singular de ver e interpretar o significado de sucesso. Mas, alguns pontos são considerados padrão independente de qual vertente o artista pertence. Artistas remixados e que remixaram suas faixas, gravadoras que lançaram suas obras, charts e clubs e festas que receberam tal artista, costumam ser um bom parâmetro para definirmos o sucesso de um artista e, se tratando de Ian Pooley, esses feitos são praticamente infinitos.

Um Jovem Ian Pooley em 1991  

A lista é grande quando o assunto é a obra desse artista alemão que muito fez e continua fazendo pela House Music no continente europeu. Apesar de ter seu primeiro trabalho lançado em 1993, Ian já era um artista ativo na cidade de Berlin desde a transição da década de 80 para a década de 90, onde tinha o costume de se apresentar em formato Live PA. Foi nesse início de carreira que Ian começou a ter laços com a Force Inc. Music Works, gravadora seminal para ascensão da House Music americana no continente europeu e que abraçou Ian e seu amigo de colégio DJ Tonka de braços abertos para lançarem suas faixas por lá.

Como demonstrado na faixa acima – que faz parte do primeiro release oficial de Ian -, seu início de carreira é marcado pelo som vindo de Detroit, onde ritmos fortes aliados a sintetizadores de sonoridade etérea eram a grande assinatura deste movimento que, mais para frente, seria creditado como o Pai do Techno. Não demorou muito para que Ian passasse a executar tours pela Europa e Estados Unidos, além de também começar a ter laços com artistas que eram referência para ele na época, como DJ Sneak. 

Tours e releases de grande sucesso como Twin Gods e Celtic Cross fizeram com que Ian caísse nas graças e cases de praticamente todo e qualquer DJ de House e Techno dos anos 90. Foi nesse período também que uma dupla até então não muito conhecida chamou a atenção de Ian por sua irreverência e habilidade em descobrir e utilizar samples de forma inovadora. Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter aka Daft Punk, convidaram Ian para remixar o terceiro single da dupla, chamado Burnin’

Sim, Daft Punk teve uma bela ajuda de Ian no início de sua carreira através do remix feito. Ian também tem sua obra vinculada a artistas como Slam, Jazzanova, The Cardigans, Dee-Lite, Carl Cox e até mesmo ao grupo de multi cultural Cirque du Soleil, que em 2005 convidou Ian para remixar uma de suas faixas. É inegável a capacidade de Ian se desenvolver nos mais diferentes biomas que a música de pista tem, e um belo exemplo – que também acabou virando marca registrada do artista – foi sua mudança sonora nos anos 2000, deixando os sons mais intensos como segundo plano para focar no que passou a ser sua grande paixão: a música popular brasileira. Um exemplo disso? O album Since Then de 2000.

Bom, que Ian é um grande e excelente artista da música eletrônica de pista não há dúvidas, mas por que talvez você não o conheça? Alguns motivos podem ter ocasionado essa esfriada na carreira de Ian, como a mudança sonora que ocorreu nos anos 2010, fazendo com que desse uma desacelerada nos seus trabalhos dentro e fora de estúdio; a mudança de como a música é consumida, já que Ian é um artista a moda antiga, que apesar de ser ativo em suas redes, não segue padrões de marketing utilizados e consumidos pelos mais jovens; e também com a mudança de geração de consumidores, onde de forma natural buscam novos sons e lugares para dançarem.  
 

Ian Pooley e um de seus instrumentos prediletos, a Roland TR-808


Mas isso não significa que Ian tenha se aposentado. Recentemente, ele lançou um excelente trabalho através da REKIDS de Radio Slave, intitulado de Studio A PT.1, um EP formado por três faixas originais e inéditas que remetem à sonoridade que Ian tinha no início de sua carreira. A parte dois deste trabalho, contendo mais cinco faixas inéditas, está sendo lançada hoje (11) também através da REKIDS e se encontra disponível em todas as plataformas de streaming e também em lojas especializadas.


Um possível retorno de Ian às suas origens musicais pode estar por vir, mas ainda é muito cedo para termos essa certeza, mas se podemos lhe dar um conselho: Pesquise sua obra e fique de olho no que pode estar por vir, afinal, Ian Pooley é um dos artistas mais brilhantes que a House Music e Techno tem.

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