Muitos artistas não gostam de rótulos por acreditarem que eles os limitam. Por outro lado, para imprensa, portais de venda, lojas e fãs, eles são essenciais, pois justamente delimitam e ajudam a segmentar discos e artistas em uma ou mais prateleiras. O problema disso é que não existem verdades objetivas e irrefutáveis quando vamos classificar uma música dentro de um gênero musical.
Isso porque, hoje, mais do que nunca, os artistas bebem de referências das mais diversas, e acabam fazendo sons que podem ser classificados em mais de um estilo; inúmeras apropriações acontecem (lembram-se das polêmicas com os gêneros do Beatport, como a treta em torno do Progressive House?); e porque as próprias vertentes e subvertentes sofrem transformações. O Techno de hoje é bem diferente daquele dos seus primeiros discos. Muito do que chamamos de Minimal já foi catalogado como Tech House no passado. O que chamamos de techno já foi Tech House. E por aí vai.
Pensando nisso, convidamos o experiente DJ e produtor mato-grossense Rods Novaes, que viveu na pele e acompanhou de perto essas mudanças, para nos trazer dez exemplos dos anos 2000 de como sons como House, Minimal e Tech House se transformaram ao longo do tempo — ajudando, igualmente, a compreender melhor a essência desses estilos.
Gaiser – Neural Block [Minus, 2006]
Faixa do Gaiser lançada em 2006 pela Minus, label que teve um hype muito grande no início dos anos 2000. Dá uma ideia de como o Minimal se transformou com o tempo.
Onur Özer – Envy [Rx:Tx, 2007]
Som do alemão Onur Özer que exemplifica bem como era o Tech House na época, com uma textura bem minimalista e mais underground.
Mirko Loko, Luciano – Mousa Big Band [Desolat, 2008]
Outro exemplo da época de um Tech House bem mais deep e com toques de latinidade.
Nick Curly – Happy Five [Cecille, 2008]
Happy Five mostra bem o que eram os lançamentos da Cecille, que foi descontinuada, mas voltou ano passado com os lançamentos. É uma faixa com muita percussão e bass bem marcante.
Argy – Unreliable Virgin [Cocoon, 2007]
Faixa que bombou em 2007, do produtor grego Argy. Era vendida na época como Techno, mas a gente percebe a textura bem minimalista e os synths bem presentes — bem diferente do que a gente escuta nos Technos do Beatport hoje em dia.
Julien Jeweil – Air Conditionne [Skryptom Records, 2007]
Essa música também bombou em 2007. Era vendida como Techno nas principais plataformas, mas se hoje ouvirmos, encaixamos no Melodic Techno. Na época, Sven Väth denominava essas faixas mais melódicas como Neo-Trance.
The Viewers – Blank Images (Lazy Fat People Remix) [Audiomatique Recordings, 2007]
Muito tocado por Hawtin, esse remix do extinto duo Lazy Fat People mostra bem o que era o minimalismo na época.
Oliver Huntemann, Stephan Bodzin – Black Ice [Gigolo Recordings, 2006]
Clássica do Bodzin com o Huntemann. Mostra bem o que era o Electro House na época.
The Knife – You Take My Breath Away (Mylo Remix) [Rabid Records, 2006]
Remix clássico do Mylo. Outro exemplo de Electro House dos anos 2000.
Joseph Capriati – Microbiotik (Massi DL Remix) [Globox, 2007]
Esse remix do Massi DL exemplifica bem o que era o Minimal à italiana, que bombou e que foi comandado pelo Marco Carola entre 2005 e 2010.
A música conecta.