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A música conecta

Renato Ratier e sua imensurável colaboração pra cena eletrônica

Por Isabela Junqueira em Storytelling 04.04.2022

Não, a cena brasileira da música eletrônica jamais, em hipótese alguma, seria a mesma sem a atuação de Renato Ratier. Simplesmente porque em 26 anos de atividade, é difícil encontrar uma pessoa (desde o público aos incontáveis profissionais da área) que não tenha sido, de alguma forma, tocada ou que não tenha seus caminhos cruzados com o trabalho de Ratier ou quaisquer de seus frutos. São duas décadas e meia de um exercício que não só inovou a música eletrônica brasileira, mas que também foi fundamental para o amadurecimento da indústria que usufruímos na atualidade.

Nascido em São Paulo, mas criado boa parte da vida em Campo Grande/MS, há mais de 25 anos ele contribui, precisamente, para a consolidação da música eletrônica no Brasil — e eu me arrisco a afirmar que não há um maluco que se oponha à essa afirmação. “Hate it or love it”, a contribuição de Ratier é sentida e notada diariamente. Seria fácil basear essa linha argumentativa listando suas empreitadas e feitos empresariais, mas a atuação de Renato vai para além disso, muito além… sorte? Irreal. O legado solidificado por Ratier jamais seria erguido ao acaso do destino. Visão? Com certeza. Mas a ousadia e a coerência conduziram Ratier a executar feitos que talvez nenhum outro conjunto de atributos o permitiria alcançar. 

Da primeira abertura do D-Edge em 2000, no Mato Grosso do Sul, à chegada em São Paulo, em abril de 2003. Do desenvolvimento do D-Edge que resultou em pelo menos mais três ramificações da marca (D-Agency, D-Edge Recordings e o futuro D-Edge RJ), a entrada no grupo de sócios do Warung Beach Club em 2010 — que perdurou até 2021. Ao aprofundar-se por trás da pinta de “poderoso chefão”, é fácil identificar que tudo começou com o brilhar dos olhos de um rapaz apaixonado pela cultura da música eletrônica e seu país. Uma opinião pessoal, inclusive, é que a paixão só aumentou conforme sua atuação foi ganhando força e impactando, ao menos, três gerações de clubbers.

D-EDGE Campo Grande

Ratier queria trazer ao Brasil as experiências que ele vivenciava e observava nos principais circuitos de entretenimento entre os Estados Unidos e a Europa — e ele conseguiu. No processo de transformar o antigo Stereo na filial do D-EDGE em São Paulo, aconselhado por Muti Randolph, o club foi considerado o primeiro do mundo a apostar na iluminação com leds — isso no início dos anos 2000, hein? Mas a inovação de Ratier foi além ao unir arte, cultura, música, gastronomia e a moda em seus projetos, aplicando seu próprio caráter em suas criações — aspecto fundamental para o êxito que obteve. A lógica de Renato era (na verdade, é) promover em seu país o que ele gostaria de consumir, simples assim.

Entre todas as façanhas e proezas confeccionadas pela mente brilhante de Renato e seu time, a galera do Grupo Ratier tem inúmeras boas histórias para contar. Entre elas, o dia que Adam Beyer, Marco Bailey e Richie Hawtin simplesmente ligaram para Ratier questionando a possibilidade de abertura do club para eles tocarem (sem cachê, ok?) em plena quarta-feira, nos 45 minutos do segundo tempo. E rolou! Fora a icônica apresentação de Grace Jones para o D-Edge Concept em 2016, acompanhada pelo lendário coletivo de Detroit, o Underground Resistance, que apresentou Depth Charge e o live act do DJ e produtor Mark Flash e do músico Michael Banks.

(D-EDGE Concept)

Um dos grandes propósitos que Renato sustenta ao longo da sua trajetória é a crença na educação, em desenvolver o público. Claro que manter os consumidores já desenvolvidos contentes é fundamental, mas nutrir e qualificar o coletivo, democratizando o acesso e reunindo os mais variados grupos sociais sempre esteve com clareza entre as premissas de Ratier. Afinal, é assim que se mantém uma cena aquecida e apta a compreensão de projetos mais elaborados. Um bom exemplo, é sua mais recente empreitada: o majestoso Surreal Park. Com seus imponentes 92 mil metros quadrados facilmente adaptáveis para incontáveis demandas, o espaço pode abrigar desde um casamento até um super festival.

Se hoje o Brasil é uma das grandes potências e rotas mundiais certeiras aos amantes da música eletrônica alternativa, muito se deve ao pioneirismo de Ratier em incontáveis aspectos. Com espaço (e público consolidado) para a recepção de grandes festivais, o país ganha cada vez mais adeptos aos ritmos e habilitação para uma cena rica, diversificada e fomentada. Inclusive, com presença garantida no DGTL, Rock in Rio, Tribe, Warung Day Festival e XXXPerience Renato reforça sua relevância e prestígio em meio a cena nacional. 

Seja ao investir em um ambiente moderno, aplicar esforços em formar um time de profissionais exímios por compreender que ninguém vai longe sozinho ou promover uma curadoria desperta para a linguagem global da música eletrônica, mas sempre com olhar atento aos talentos que emergem ao seu redor, Renato não falha no que se propõe a executar. Além, claro, da consolidação como um seletor e produtor de mão cheia. Por aqui, desejamos um novo ciclo repleto de saúde ao big boss e um excelente período de retorno total às atividades. Vida longa, Ratier!

A música conecta.

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