Uma das protagonistas mais interessantes que despontou nos últimos 10 anos, Sol Ortega é sem dúvidas uma talentosa seletora e produtora que merece o destaque que vem obtendo. Entre seus diversos atributos, a habilidade em conectar estéticas inerentes ao House e Techno e suas raízes de Chicago e Detroit, injetou força na artista que, nove anos após o início de sua jornada, consolidou essa como uma grande individualidade musical.
Nascida em Buenos Aires, capital argentina, Sol deu seus primeiros passos como seletora em 2014, aos singelos 16 anos. Não levou muito tempo para que ela fosse adquirindo espaço, já que embora jovem, a consistência dela já era notável e aos 17 anos, ela começou a tocar profissionalmente. Nesse período, a necessidade de encaixar suas músicas em ambientes que também tocavam gêneros como hip hop e disco, fez com que sua habilidade em se adaptar ficasse ainda mais afiada. Mas existe uma explicação para essa “precocidade” de Sol.
O tio da artista é DJ e um grande colecionador de discos, então constantemente seu pai a levava aos clubs para assisti-lo. Inclusive, ela conta em uma entrevista que seu pai é uma pessoa muito musical e seu primeiro contato com bandas e artistas como Daft Punk, Kraftwerk, Lil’ Louis e Juan Atkins foi através dele. Na mesma entrevista para o DANZFLOORAPP, Sol conta que esses dois foram seus grandes impulsionadores, impedindo até que ela desistisse em momentos em que a síndrome de impostora a alcançavam.
E ainda bem, não é mesmo? Ortega estudou engenharia musical, começou a produzir, mas desenvolveu-se rapidamente em uma seletora certeira e aguçada. Não à toa, em 2016 ela se tornou residente do tradicional Under Club, em Buenos Aires, e em 2018 a virada de chave aconteceu ao participar de uma edição do Boiler Room, também na capital argentina, fazendo as honras para ninguém mais ninguém menos que Mr. Richie Hawtin. Poderosa, né? Mas nem tudo são flores, e na época da publicação do set, a DJ foi atingida por incontáveis comentários que destilavam ódio desde a sua seleção até a sua atuação em si — algo que mexeu profundamente com ela.
Porém, ao ler os comentários da publicação do set, alguns dos mais curtidos falam sobre como Sol é uma das maiores seletoras da atualidade, outro, em livre tradução, diz: “Este set me lembra os bons sets do final dos anos 90. Legal! Seleção adequada. As músicas ‘encaixam’ bem. Firmemente mixado. Afiado e curto. Sem todos os efeitos dramáticos de hoje (de alguma forma necessários)… que às vezes nem contribuem para contar uma ‘história’. Este set conta uma história muito bem… encerrando com uma verdadeira energia! É um banger. (Para mim:)”. O que, por outro lado, mostra que muitas pessoas captaram qual é a orientação substancial da artista, entendendo o quão inestimável essa irreverência é. (Espero que você leia esses comentários todas as vezes que a sua síndrome de impostora bater, Sol. <3)
Não à toa, desde então, Sol virou uma globetrotter. Ela já se apresentou nas maiores venues europeias: Berghain, Concrete, fabric London, FABRIK (Madrid), Rex Club, Tresor, Watergate e incontáveis outros. Isso tudo sem abandonar sua base na Argentina, o que a permite ter liquidado quase todos os países da América do Sul, sempre acompanhada do seu case recheado de discos para te conduzir em uma viagem que hora espacial, hora mais profunda, mas sempre conectando as nuances clássicas de Detroit em uma abordagem que as pistas parecem demandar.
Além da excelente atuação como seletora, Sol Ortega é uma habilidosa produtora (seja com seu próprio nome ou como SO), também é uma das fundadoras do coletivo feminino de DJs e produtoras musicais Mujeres Trabajando, cujo objetivo é promover a igualdade de gênero na cena eletrônica da América Latina e também do Detroit Classic Gallery, um selo e escola musical que busca homenagear e perpetuar a história da música de Detroit e sua influência na cena eletrônica mundial. Claramente uma artista com estética e propósitos muito bem alinhados, não tem como não dar certo!
Conecte-se com Sol Ortega: Instagram | Spotify
A música conecta.