Frankfurt, 1981. Este é o ano em que tudo começou para Sven Väth, uma lenda viva que transcende o tempo e as tendências. Atualmente somando 43 anos de carreira (com 59 de idade), ele personifica a essência pura e intemporal da arte da discotecagem, defendendo e mantendo viva a cultura do vinil e reforçando sempre a importância de pesquisar música além do óbvio, pois só assim é possível contar histórias diferentes e emocionantes a cada nova apresentação que pode se estender por 2 ou até 12 horas. Este que é indiscutivelmente um dos nomes mais importantes da Alemanha e do mundo na história da cena eletrônica underground, está em uma extensa turnê batizada de The Year Of The Dragon World Tour e, claro, reservou alguns slots para a América Latina, iniciando pela Cidade do México no próximo dia 26, passando por Córdoba, na Argentina, dia 30, aterrisando em Montevidéu, no Uruguai, no dia 03 de maio, e finalizando no Brasil, em mais uma edição da Time Warp em São Paulo, que rola dia 04.
O Storytelling de hoje, porém, é com um intuito um pouco diferente do que você está acostumado a ler. A ideia não é contar a história de vida e carreira de Sven Väth — até porque isso foi feito em um Special Series, em 2016 — mas sim refletir sobre como cada movimento que ele fez ao longo de seus mais de 40 anos de carreira impactou direta e indiretamente a cena como conhecemos hoje, nos mais diferentes aspectos — tanto no público, como também nos artistas da nova geração.
+++ Special Series | Sven Väth
O apego às raízes e a sua essência com vinis
Mesmo após todo esse tempo de estrada, Sven Väth nunca perdeu a sede pela descoberta e permanece fiel ao espírito pioneiro que o levou a buscar por novos sons desde o início. Em um mundo onde o digital domina cada vez mais, ele até hoje é fiel aos discos de vinil, defendendo a autenticidade e o calor analógico que esse tipo de mídia carrega, tanto que ele diz que: “um disco bem fabricado, tocado com um bom sistema de som e com uma boa mixagem, simplesmente soa melhor do que qualquer música no formato digital”. Mantendo essa conexão viva, ele homenageia as origens da música eletrônica e reforça que, apesar das mudanças da indústria, há algo atemporal na arte de mixar com vinis e que isso deve perdurar para sempre.
A influência do club Omen
Aos 24 anos, em 1988, Väth abriu o club Omen em Frankfurt junto com Michael Münzing e Mattias Martinsohn. O local foi muito mais do que um espaço para se divertir e ouvir música, mas um epicentro cultural que moldou toda uma geração de clubbers de música eletrônica, tanto que é considerado um dos berços do techno na Alemanha. O club era conhecido por suas noites quentes (literalmente, porque não havia ar-condicionado) e intensas que ofereciam uma experiência transformadora aos frequentadores. Sob a liderança visionária de Väth, ele fez do Omen um espaço de experimentação e expressão artística que testava os limites da música e da cultura clubber.
Depois de 10 anos, na última festa antes de fechar as portas por conta de problemas com os proprietários e autoridades locais, havia tanta gente para prestigiar que a equipe instalou caixas de som também do lado de fora e as pessoas dançavam no meio da rua, quase como em um frenesi coletivo — um momento tão icônico que nem mesmo a polícia interveio na festa, apenas esteve lá para controlar/bloquear o tráfego de carros. Dá uma olhada:
Um fato curioso é que Richie Hawtin teve sua primeira residência na Europa justamente no Omen.
A mensagem de metamorfose com a Cocoon Recordings
Antes de idealizar a Cocoon Recordings, Väth comandou dois selos de trance, Harthouse e Eye Q, que duraram relativamente pouco tempo, mas serviram para mostrar que havia algo novo a ser explorado pela frente. Com um impulso natural, de forma instintiva e aberto a mudanças, Sven começou a canalizar suas energias para o Techno e deu vida à Cocoon Recordings, uma prova de que nunca é tarde para “recomeçar” ou apenas mudar de rumo em direção aquilo que você realmente acredita; “a única coisa constante na vida é a mudança”. Talvez por isso o selo segue em plena atividade até hoje, já que há muita verdade em cada lançamento compartilhado.
Música eletrônica no museu
Pode parecer uma realidade distante para nós, brasileiros, mas não para a comunidade alemã. Isso porque em 2022 foi inaugurado o MOMEM (Museu de Música Eletrônica Moderna), apresentando uma exposição assinada pelo Sven Väth junto de Tobias Rehberger, famoso artista alemão em escultura. Assim, a abertura de um lugar como esse ajuda a manter viva a história e a cultura presente nos primórdios da música eletrônica para as gerações atuais.
Fama?
Para ele, fama é só a consequência do seu trabalho ao longo de todos esses anos, já que ele vem de uma época em que ser DJ ainda não era o sonho de tanta gente como hoje em dia, que persegue mais o estrelato do que qualquer outra coisa. Quando Sven Väth começou tudo isso, ele nunca imaginou ser o centro das atenções, a estrela pela qual todos esperam ver, ele apenas queria selecionar as melhores músicas para fazer as pessoas se divertirem, para passar uma mensagem de união, criando uma experiência diferenciada na pista de dança através das suas seleções. Por isso, mesmo após 40 anos, ele é mais DJ do que qualquer outra coisa, é sua paixão inabalável que nunca irá mudar.
Em resumo, Sven Väth personifica a essência da persistência e do amor pela música eletrônica. E mesmo com sua trajetória marcada por inúmeras conquistas e contribuições, ele não mostra sinais de desaceleração. Sua abordagem pioneira e sua energia para continuar desafiando padrões ainda deve inspirar e influenciar uma nova geração de artistas e entusiastas da música por muito tempo. Sven é como um bom vinho que amadureceu com graciosidade ao longo dos anos, irradiando uma mistura única de delicadeza e força em suas performances e produções.
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