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A música conecta

5 grandes nomes do Dub que você precisa conhecer, indicados por RoB

Não é muito comum vermos artistas falarem que uma parte de suas referências musicais são oriundas da Jamaica. Ao primeiro olhar pode parecer algo inusitado, mas na verdade, o som no país reverbera estilos populares como o Reggae e o Dub, principalmente. 

Claro que há também espaço para outros que talvez sejam mais desconhecidos para você, como o Ska e o Mento – este último é considerado o “avô do reggae”, tendo como grandes representantes Jolly Boys e Count Lasher.

Em 2010, o grupo caribenho The Jolly Boys regravou a canção Rehab ao estilo mento e incluiu o cover em seu disco Great Expectation

E é um pouquinho de cada um desses universos musicais que a cantora e compositora recifense RoB se inspira para a criação da sua música. Estreante recente no universo fonográfico, ela “deu às caras” no dia 09 de abril com o single Nada Lá Fora, que inclusive carrega características dos estilos mencionados no início, mas com um jeitão oitentista que faz referência ao Synth-Pop. 

Além deste, teve também Outra, que carrega uma mensagem forte sobre a força feminina. A sua próxima cartada deve chegar no início de julho e, enquanto isso, a gente resolveu convidar RoB para falar um pouco mais sobre o Dub, gênero que ela admira, se inspira e aplica, de forma sutil e original, nas suas criações.

RoB

“O Dub surgiu na Jamaica no finalzinho da década de 60 dentro dos estúdios de mixagem e passou a ser um gênero tocado nos Sound Systems e o grande precursor da música eletrônica moderna. Não dá pra imaginar música eletrônica hoje sem loops, ecos e silêncios inesperados, mas a origem de tudo isso está lá atrás, quando jamaicanos, trabalhando com gravadores de apenas duas pistas, separavam vozes num canal e instrumentos em outro e experimentavam aplicar ecos e efeitos onde ninguém antes havia feito. O Dub é uma grande paixão e vou compartilhar com vocês cinco nomes importantíssimos neste movimento, que vocês não podem deixar de conhecer se gostam deste assunto”.

King Tubby 

Osbourne Ruddock nasceu em 28 de janeiro de 1941 e foi pioneiro e um dos principais nomes do Dub, além de ser citado como o inventor do conceito de remix. Apaixonado por som e empreendedor, começou ainda adolescente reparando sistemas de som, sugerindo melhorias, passando a trabalhar com o produtor Duke Reid (Treasure Island Studio), onde ele começou a desconstruir e construir música da mesma forma que fazia com os aparelhos.

Tubby começou a retirar não apenas os vocais, mas também a cortar partes instrumentais, colocando-as dentro e fora das faixas, adicionando novos efeitos e sons. Essas faixas simplificadas foram essenciais para a ascensão dos DJs. No início dos anos 70, os experimentos rapidamente evoluíram para o Dub puro, e seus remixes não eram mais um remix, mas uma reinvenção total da música. 

King Tubby foi um visionário cujas inovações não apenas mudaram a forma do Reggae de maneiras sem precedentes, mas também formaram um modelo para a produção musical contemporânea, seja no Rap e Hip Hop, Jungle, Garage ou nas várias formas de música eletrônica.

Lee “Scratch” Perry 

Nascido Rainford Hugh Perry, em 20 de março de 1936, ele produziu hits para grandes cantores de Reggae e teve um super sucesso com sua banda The Upsetter no final dos anos 60.

Mas suas maiores inovações vieram depois que ele construiu o estúdio Black Ark atrás de sua casa em Kingston, em 1974, onde começou a experimentar baterias eletrônicas, efeitos de estúdio e técnicas não convencionais e às vezes místicas, como soprar fumaça nas fitas master para passar pra elas a ‘vibe’ ou enterrar microfones na base de uma árvore para capturar um efeito de bumbo de outro mundo. 

O Black Ark assumiu uma espécie de qualidade mítica: o local de uma longa lista de gravações lendárias, com dose adicional de magia, queimou em 1979.  Existem várias versões de como o estúdio pegou fogo, mas Perry levou o crédito por acender a faísca. 

Os álbuns cada vez mais vanguardistas de Perry continuam a receber elogios da crítica até hoje. Jamaican E.T. (2002) ganhou o Grammy de melhor álbum de Reggae e quatro outros depois foram nomeados nesta categoria. Trabalhou com vários colaboradores ao longo dos anos, incluindo The Clash, The Beastie Boys e Ari Up, do The Slits.

Augustus Pablo 

Nascido Horace Swaby em 21 de junho de 1957, iniciou sua carreira na década de 70 e suas produções eram marcadas pela presença da escaleta, instrumento inicialmente usado nas aulas de música nas escolas públicas da Jamaica. Ele foi talvez a primeira pessoa a usá-la  como um instrumento musical viável.

Pablo desenvolveu um estilo próprio, tornando-se popular sem colocar de lado a sua criatividade e originalidade. East of River Nile, uma mistura original do Sudeste Asiático e os sons da Jamaica,  Java, Skanking Easy, são algumas das faixas imperdíveis desse rasta que eu admiro demais. 

Unindo forças com King Tubby, Augustus Pablo criou em 1976 um marco na história do Dub, o LP King Tubby Meets The Rockers Uptown. Vale a pena ouvir! 

Scientist 

Hopeton Overton Brown, nascido em 18 de abril de 1960 em Kingston, Jamaica, tornou-se um dos engenheiros mais requisitados da Jamaica em uma idade muito jovem.  Ele ajudou o Dub a atingir alguns de seus maiores patamares de criatividade.

Scientist foi apresentado à eletrônica por seu pai, que trabalhava como técnico em reparos de televisão e rádio. Por causa dos incríveis trabalhos de Dub que ele formou como aprendiz de engenheiro no estúdio de Tubby, muitos fãs do gênero consideram Scientist o último dos mixers Dub clássicos jamaicanos.

Seu nome originou-se de um comentário de Tubby a Bunny Lee, a respeito de sua excelência técnica: “Esse garoto deve ser um cientista.” 

Prince Jammy 

Lloyd James nasceu em 26 de outubro de 1947, em Montego Bay, Jamaica. Também conhecido como King Jammy, foi um dos principais produtores de Reggae de raiz durante o final dos anos 70 e uma importante figura no Dub. Cresceu na mesma rua de King Tubby, que atuou como seu mentor, e foram grandes amigos.

Na década de 1980, ele se tornou um dos produtores mais influentes da música dancehall. Foi considerado vanguarda com seu sucesso Under Me Sleng teng, de Wayne Smith, de 1985, com um refrão de ritmo totalmente digital. Muitos atribuem a essa música o primeiro “ritmo digital” do Reggae, levando à era do dancehall moderno. 

Ele continua a trabalhar como produtor com alguns dos principais artistas jamaicanos da atualidade, incluindo Sizzla.

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