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A música conecta

6 músicas que você não precisa mais tocar

Por Ágatha Prado em Trend 26.10.2022

Sabemos que música é questão de gosto e preferência pessoal. Não há como falar que uma determinada música é ruim de forma definitiva, já que isso diz respeito a uma opinião individual e que pode não ser verdade absoluta para outras pessoas. Porém, existem algumas músicas que ultrapassam alguns limites de preferência, gosto ou opinião. Quando uma faixa vem com tom opressor, esbarra no desrespeito à individualidade, incita violência, apresenta letras machistas, misóginas, homofóbicas e racistas, ou mesmo vem de um artista que já expressou publicamente esse tipo de comportamento, é hora de reavaliar se vale a pena dar holofote a esse tipo de música.

Por isso, selecionamos seis músicas que refletem esse tipo de conduta nada interessante, e que em algum momento, já foram sucesso nas rádios ou nas pistas, mas que agora já podem ser aposentadas.

Alípio Martins – Vou começar bater em mulher

Conhecido pelo clássico Piranha – faixa queridinha das festas de brasilidades – o compositor paraense Alípio Martins fez um grande desserviço às mulheres com sua faixa Vou Começar Bater em Mulher, lançada em 1975. Já pelo título, nota-se que o conteúdo da música é de embrulhar o estômago. Na letra, o autor repete o seguinte refrão:

“Vou começar a bater em mulher/ Elas adoram ser maltratadas/ Elas só gamam se um dia apanhar”

Certamente nos dias de hoje, Alípio seria processado por incitação à violência contra mulher ao lançar uma faixa desse tipo, portanto, é hora de enterrar de uma vez por todas esse trabalho.

Guns N’ Roses – One In a Million

Guns N’ Roses simboliza o auge do glamour Rock n’ Roll dos anos 80 e 90, porém algumas canções do grupo se forem analisadas profundamente, soam extremamente ofensivas nos dias de hoje. Em One In a Million, Axl Rose canta sobre ser um garoto branco de cidade pequena que tenta se descobrir como pessoa em meio a uma metrópole – mas não gosta de ver gente diferente, como negros, imigrantes e “bichas”:

“Imigrantes e bichas / não fazem sentido para mim /eles vêm ao meu país / e acham que podem fazer o que quiserem / como começar um mini-Irã /Ou espalhar doenças”.

Um combo de xenofobia, racismo e homofobia ao mesmo tempo.

Maurice Joshua – I Gotta Big Dick

Um dos grandes nomes da House Music de Chicago, e dono do hit This is Acid, também teve a infeliz ideia de compor uma faixa dizendo o quanto seu membro inferior era grande. Piadas a parte, o instrumental da faixa pode ser bom, mas a repetição exaustiva do refrão “I Gotta Big Dick”, além de soar ridículo também expressa um grau de intimidação sexual.

Mc Naldinho – Tapinha

Um tapinha não dói? O hit de Mc Naldinho, que foi sucesso nos anos 2000, a princípio era considerada inofensiva, porém sabemos que um simples “tapinha” já é a semente para violência de gênero. Estimular a agressão contra mulher, em qualquer dimensão, e ainda transmitir o público a ideia de que o ato é correto é banalizar a violência. Inclusive, o TRF determinou que os produtores da canção pagassem uma indenização de R$ 500 mil reais , com base na Lei Maria da Penha.

Ataulfo Alves – Mulata Assanhada

Uma concepção super preconceituosa é a de que mulheres negras são boas para o amor, mas não para o casamento. É o que encontramos em Mulata Assanhada, samba de Ataulfo Alves composta no fim dos anos 50 e interpretado por Elza Soares e recentemente, Diogo Nogueira. Um trecho em específico, consegue ser ainda pior ao explicitar o teor racista relacionando escravidão e a mulher preta como mercadoria: “Ai, meu Deus, que bom seria / Se voltasse a escravidão/ Eu comprava essa mulata/ E prendia no meu coração!”

Raimundos – Me Lambe

Clássico da juventude dos anos 90, a obra dos Raimundos hoje é alvo de diversos tipos de críticas. E não é à toa. Na faixa Me Lambe, o grupo não se intimida ao normalizar e romantizar a pedofilia. A letra fala sobre uma criança que aos olhos do autor, ao chegar no parque de diversões “vira mulher”: “Como a vista é linda da roda gigante é tão grande /
Acho que ela viajou que eu era um picolé me lambe / No parque de diversões foi que ela virou mulher das forte / Menina pega a boneca e bota ela de pé.”

Em tempos onde vivemos situações aterrorizantes e veladas no nosso país relacionadas à pedofilia, e uma base da câmara legislativa que não considera prioridade tornar esse tipo de crime hediondo, dar holofote a esse tipo de música é repudiante.

A música conecta.

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