A velha máxima do “menos é mais” é levada muito a sério por diversos produtores renomados na música eletrônica, o que é bastante compreensível, visto que muitas das ideias mais brilhantes são um tanto quanto simples. No universo criativo de uma forma geral, caminhos ‘óbvios’ que pareciam estar escondidos na nossa frente há muito tempo, se tornam grandes clássicos quando interpretadas pelas mãos certas. Em sua jornada profissional na música, o alemão Lauer explora justamente esses caminhos.
+ Relembre nossa entrevista exclusiva com Lauer
Sua discografia retrata uma obra densa em termos de abordagens, mas curiosamente acessível mesmo para pessoas de fora da música eletrônica. Sucessos como Volpi Volari reforçam essa forma simples e genuína com que Lauer se relaciona com a produção musical. Trainmann, outra faixa marcante de seu catálogo, também reafirma uma construção que prima pelas coisas em seu devido lugar, sem a necessidade de excessos. Por essa e outras, os EFX nunca foram muito a praia de Lauer no estúdio. Mas isso tem mudado recentemente e a nosso convite ele nos conta mais a respeito, ajudando a entender sua visão sobre o tema.
Com a palavra, Lauer:
Vindo de uma abordagem mais purista em relação à produção musical, no sentido de tentar evitar qualquer “maquiagem” na música e estar totalmente convencido de que uma boa ideia por si só deve sustentar uma faixa ou canção, levou-me alguns anos para aprender e aceitar que Crash Cymbals, Swooshes ou outros sons de EFX realmente são muito úteis quando se trata de transições na música.
Os sons de EFX entram em cena ao passar de uma parte para outra, introduzindo um novo instrumento ou iniciando uma pausa. No melhor dos casos, eles adicionam textura e suspense. Mas esteja ciente de que você está andando em uma linha tênue… muito EFX fará sua música soar como um EDM infernal.
Geralmente, eu gravo os EFX como a última etapa da produção – após o arranjo. Qualquer sintetizador com LFO, afinação, glide/portamento e seções de filtro facilmente ajustáveis servirá para a tarefa – eu simplesmente mexo nesses parâmetros enquanto ouço o arranjo e gravo. Depois, edito minha gravação e aplico os efeitos sobre ela (principalmente reverb, delay e chorus). Dica: preste atenção ao pré-delay nos reverbs!
Daqui, voltamos:
Tais mudanças de percepções no que diz respeito a produção musical reverberam no resultado de trabalhos mais recentes, como no remix que ele entregou para faixa Hustle, composição original do misterioso produtor francês Panthera. O trabalho, lançado pela Melodize, bebe direto da fonte de referências Italo e, especialmente na versão de Lauer, adiciona um toque retrô, que também se soma a sua maneira muito particular de misturar Disco e House.
Os efeitos, antes citados, estão muito bem encaixados em uma construção mais direta, que parte da ideia original da faixa. Ainda assim, ainda há espaço para o protagonismo de melodias cósmicas e uma vibe synthy. A melhor forma de finalizar, é com esta audição, onde tudo se encaixa:
A música conecta.