A consolidação de uma cena musical não depende apenas de artistas ou festas, mas sim de ecossistemas capazes de gerar continuidade, diálogo e pertencimento. Uma cena só se sustenta quando há uma troca verdadeira entre quem cria, quem produz e quem consome. Nos grandes centros, isso costuma acontecer de forma mais orgânica por conta da estrutura já existente, mas é fora desses eixos que o desafio realmente existe: construir um movimento sólido requer tempo, persistência e uma leitura sensível do que move as pessoas. É nesse contexto que surgem projetos capazes de transformar realidades locais e ampliar o alcance da música eletrônica brasileira — entre eles, a Music Art.
A label nasceu em 2017 na cidade de Itá, interior de Santa Catarina, uma região onde a música eletrônica ainda luta para encontrar seu espaço. Idealizada por Be Zampiron, empreendedor e DJ catarinense, o artista vislumbrou a possibilidade de desenvolver uma cena consistente longe dos grandes centros urbanos; hoje, oito anos depois, a label party se estabeleceu na região apostando em um diferencial: a conexão entre música eletrônica e belíssimos cenários naturais em formato sunset, onde cada edição ganha características únicas pela escolha criteriosa dos locais.
Musicalmente falando, a base musical da label se sustenta no House em suas diversas vertentes, desde as mais melódicas até as mais intensas, sempre respeitando a conexão entre artista, local e público, com line-ups construídos a partir de critérios de consistência artística e coerência sonora. Foi assim que a festa já recebeu importantes nomes internacionais como Facundo Mohrr, Emanuel Satie, Ben Rau e Maxi Meraki, além de figuras emblemáticas da cena brasileira, incluindo Eli Iwasa, Ratier, ZAC, Riascode e Albuquerque.
A combinação de nomes relevantes da cena junto com as belas locações permitiu que a festa desenvolvesse sua própria identidade, isso, claro, graças à leitura sensível de como cada ambiente pode potencializar a experiência musical com os artistas escalados, o que nos leva a outro ponto importante: o trabalho dos DJs residentes. Dbeat, Soulmac, Lucas Rama, Fuscarini e o próprio Be Zampiron ocupam essa posição, nomes relevantes do Sul do país que carregam a responsabilidade de manter a essência da marca em cada apresentação.
Agora, no próximo dia 15 de novembro, a Music Art realiza uma edição que simboliza sua capacidade (e vontade) de sempre oferecer experiências além do óbvio: On The Boat, a primeira edição da festa a bordo de um barco. O evento acontece em Itá, cidade onde a Music Art nasceu, numa volta às origens que já teve todos os ingressos esgotados, confirmando o interesse do público por formatos que expandem as possibilidades. Serão nove horas navegando pelo Rio Uruguai a bordo do Capitão Itá, com line-up formado pelos residentes Be Zampiron, Dbeat, Soulmac b2b Lucas Rama e a convidada da vez, Letícia Stempi.
Pela 2026 e além, a label pretende expandir sua presença para outros lugares de Santa Catarina, ao mesmo tempo em que projeta desenvolver um espaço próprio no Oeste do estado que conta com uma das vistas mais belas da região. A ideia é manter um calendário anual de pelo menos cinco edições no ano, sempre em locais inéditos, mostrando que é possível produzir eventos de alto nível mantendo a originalidade e a qualidade artística.
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