Acompanhamos a trajetória de Dixon e não é de hoje. Inclusive, quando ele foi eleito o DJ nº 1 do mundo pela primeira vez através do Resident Advisor, em 2013, nós compartilhamos aqui — o que não sabíamos é que ele ocuparia a mesma posição por quatro anos consecutivos. Desde então, ele sempre esteve em nosso radar. Dixon é aquele artista complexo de descrever, dono de um perfil multifacetado no mais amplo sentido da palavra, alguém que pode apresentar tanto um House melódico e sentimental, quanto um Techno denso e dramático, trazendo isso de forma muito inteligente tanto nas produções, como em suas performances.
Mas, claro, chegar nesse patamar criativo atual não aconteceu de uma hora para outra. Um dos episódios mais importantes dessa história foi a idealização da sua gravadora Innervisions, que até hoje é considerada por muitos como uma das mais disruptivas em atuação, com muitas faixas que estão longe de se encaixar nos moldes mais tradicionais. Criada em 2005 ao lado de Kristian Beyer e Frank Wiedemann, a IV teve uma enorme influência em guiar as sonoridades da cena underground global, lançando tracks emblemáticas como REJ, Howling (Âme remix), Epikur e Acamar, que foram tocadas incansavelmente pelo mundo por artistas de diversas esferas.
Para além do amplo espectro da Innervisions, Dixon também se mostrou um remixer de mão cheia ao longo dos anos. A lista de nomes os quais ele já remixou é enorme e passa por Radio Salve, Jimi Jules, Guy Gerber, Todd Terje, Damian Lazarus, Mano Le Tough, Derrick Carter, The XX e Depeche Mode. Além disso, o que chama atenção é que você pode ver seu nome em catálogos que, musicalmente falando, são bastante distintos entre si. De MoBlack a Ninja Tune, de Rekids a Circoloco, de Bedrock a Defected. Não há qualquer tipo de limite que possa impedir Dixon de criar e fazer o que ele deseja.
Mas esse caráter constante de inovação não é algo que fica apenas na produção musical. Nos últimos anos, ele deu alguns passos que foram além. Em 2017, lançou sua própria marca de roupas, Together We Dance Alone, voltada para o público clubber, e em 2019 criou a Transmoderna, que iniciou como uma residência em Ibiza e expandiu os limites de como pode ser uma experiência dentro de um club, misturando música, arte, moda, tecnologia e incluindo até ambientes virtuais com tecnologia de realidade aumentada.
Musicalmente falando, seus sets continuam sendo um espetáculo à parte. Dixon é conhecido por criar edits exclusivos que raramente – ou quase nunca – são lançados. Um lembrete de que a música, para ele, é um algo muito íntimo e efêmero, por isso, cada performance que ele faz é bem diferente uma da outra, desenhada sob medida para aquele público, naquele momento. “A mixagem perfeita é absolutamente o básico. O mais importante é a seleção musical, que deve ser uma representação altamente subjetiva. Encontrar uma maneira de expressar suas próprias ideias sem negligenciar o aspecto do entretenimento”, disse nessa entrevista para a Ssense, em 2017.
Hoje, Dixon se encontra em um lugar que poucos alcançam: um artista em constante movimento, mas que jamais perde sua identidade. A plasticidade somada à evolução artística é sua maior assinatura. E essa transformação não pode ser colocada como algo bom ou ruim, é simplesmente o que é. O que Dixon fez até aqui nos mostra que se manter relevante não é sobre seguir tendências, mas sim sobre abraçar a mudança como um estado constante. Por esse motivo você ainda verá ele lançando algumas coisas que podem parecer um pouco “estranhas” no começo, mas que de alguma forma se conectam com o mesmo Dixon de sempre.
E é por isso que quando ele vem ao Brasil você não pode deixar de assisti-lo. A agenda desta vez é curta, com uma passagem pelo Surreal Park, nesta sexta (29), e outra pelo Komplexo Tempo, em São Paulo, no sábado (30). Vale lembrar que em abril de 2023 ele já havia tocado no Surreal, durante o Surreal Festival: Youniverse, apresentação que marcou o ano do club. Dixon criou uma atmosfera totalmente imersiva na Bells, em um set que explorou diferentes sonoridades e que é comentado pelo público até hoje — o que apenas reforça tudo o que colocamos no texto acima [assista um trecho aqui].
Essa é, novamente, uma oportunidade e tanto para você estar em contato com um artista singular cuja performance você não sabe o que esperar — nem mesmo ele. Os ingressos para ambas as datas estão disponíveis pela Ingresse.