No início de setembro, o conselho de Islington, um dos distritos de Londres, revogou a licença de funcionamento da fabric. Apesar do descontentamento geral e diversos protestos, um dos clubs mais icônicos do mundo foi forçado a fechar as suas portas, após 17 anos de serviços prestados à música eletrônica.
O motivo alegado pelas autoridades é que a lendária casa noturna vinha sendo utilizada para a venda e consumo de drogas, situação que se agravou ainda mais após a morte de dois frequentadores de apenas 18 anos, entre os meses de junho e agosto. Mesmo com um amplo abaixo-assinado, que colheu mais de 160 mil assinaturas, apoio de diferentes artistas, donos de clubs e até do prefeito de Londres, Sadiq Khan, os orgãos competentes não mudaram a decisão.
Diversos DJs e clubs participaram da campanha:
Quando um local de tamanha importância é obrigado a encerrar as suas atividades, a ameaça se estende a toda a cadeia produtiva do nightlife da cidade. Sendo assim, em um ato heroico, a equipe da fabric lançou a campanha #saveourculture, que visa conscientizar sobre a importância da vida noturna, combater a repressão das autoridades à cultura da música eletrônica e dos clubs, além de levantar fundos para arcar com os custos da batalha jurídica que será travada nos tribunais, para que possam continuar funcionando.
Em pouco menos de um mês, a campanha já arrecadou quase 300 mil libras. Além de um crowfunding, a equipe da fabric preparou uma série de eventos especiais em parceria com outros importantes núcleos ingleses, como The Warehouse Project, Circus, Sub Club e o portal Resident Advisor. O primeiro deles ocorre amanhã, em Londres, com a apresentação de ninguém menos que Ricardo Villalobos, Seth Troxler, Ben Klock, Rødhåd, além dos residentes Craig Richards e Terry Francis. Diversos outros eventos estão programados para os próximos meses, com nomes como Jamie Jones, Nina Kraviz, Soul Clap, Joy Orbison, Recondite e muito mais. Você pode conferir a lista completa aqui.
O fechamento da fabric gerou um grande debate a respeito do futuro da vida noturna londrina. Para se ter uma ideia, a cidade perdeu cerca de 50% de seus clubs nos últimos cinco anos, segundo reportagem da BBC. Os motivos vão desde a especulação imobiliária até a falta de apoio dos últimos governos. Com a eleição de Sadic Khan, do Partido Trabalhista, que já se pronunciou diversas vezes sobre a importância da vida noturna em uma metrópole como Londres, a tendência é que a situação melhore. Porém, o fechamento da fabric foi um grande impacto negativo para os que trabalham no setor.
Em um momento em que clubs de Ibiza sofrem repressão da polícia e um festival do porte do Ultra é forçado a mudar de local duas vezes para conseguir realizar sua edição no Rio de Janeiro, ações como a campanha #saveourculture são muito importantes para mostrar que a música eletrônica é um movimento cultural que mobiliza muitas pessoas, gera empregos e traz benéfico para a economia local. Só nos resta torcer para que a fabric consiga dar a volta por cima e volte a encher as suas três pistas com clubbers do mundo inteiro. A música conecta as pessoas!
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