Por Francisco Raul Cornejo
Encontrar na nossa antiga metrópole um produtor da excelência de Lewis Fautzi já é um exercício de derrubada de preconceitos e platitudes, já que não é exatamente a Portugal, muito menos em um um vilarejo chamado Barcelos, que nossa memória nos leva quando começamos a falar de techno. E as contribuições deste pródigo DJ e produtor lusitano estão bem distante de se conformar com o tipo de música que atualmente se tornou comum associar ao gênero.
Seu estilo é, por vezes, abrasivo, frequentemente mecânico, mas envolvente o suficiente para nos elevar numa pista com sua potência e sem nenhum tipo de claustrofobia, normalmente um epifenômeno que se depreende da manipulação de ritmos pesados e ambiências densas com a ousadia que ele faz. Mas, o equilíbrio delicado que cria momentos quase místicos de intenso poder rítmico é algo que ele encontra com facilidade.
São estes trunfos que lhe granjearam um posto no catálogo de selos como o escocês Soma, o alemão Tsunami e o espanhol PoleGroup, e colocaram seus trabalhos entre o seleto arsenal da nau de Jeff Mills, méritos que cacifam mas estão longe de esgotar as surpresas que um talento como o dele pode nos trazer. Muito disso ele trará para a pista da Tantsa neste sábado, ao lado do companheiro de selo Pfirter. Abaixo ele fala brevemente sobre estágios de sua carreira, métodos de trabalho e impressões sobre o que o espera em São Paulo:
1 – Creio que o que facilita nosso diálogo aqui é o idioma, concorda? Mas realmente há uma vantagem em ter uma musicalidade mais abstrata e suas infinitas possibilidades comunicativas como plataforma. Como se deu sua entrada no Techno e qual o lugar dele em sua vida?
Sim claro, muito mais fácil falar português. A minha entrada na musica eletrônica já vem de alguns anos atrás, mas costumo a dizer que tudo começou a sério a partir de 2012, foi por essa altura que ficou tudo mais sério a nível nacional e internacional. Techno na minha vida é praticamente tudo, é uma grande parte de mim, é ao que eu dedico 90% do meu tempo.
2 – O seu processo de criação possui rituais ou instrumentos que sejam fundamentais? Há elementos que você vê como essenciais para fazer o que faz, sejam equipamentos ou processos?
Existe sempre elementos que criam o meu próprio cunho na musica que acabo sempre por usar, por exemplo como manuseio os synths ou percussão. Para mim o essencial para fazer musica, é estar motivado, isso é uma grande arma que uso sempre, acabo por trabalhar mais e melhor.
3 – E quanto aos seus sets, eles obedecem a uma lógica semelhante?
Os meus sets nunca são muito diferentes uns dos outros. Sou sempre muito fiel ao meu estilo de musica e nunca tenciono sair do meu registo porque o que eu passo para o meus sets é o que realmente tem sentimento para mim, passar discos sem os sentir, não faz sentido.
https://www.youtube.com/watch?v=LZhBOQ9ldII
4 – Para encerramos, alguma expectativa que ronda essa sua primeira vez no Brasil e lhe traga certa ansiedade seja em qualquer tema?
Sim, estou bastante ansioso para testar novas musicas que irão sair em breve. Sobre a própria festa, vejo um “buzz” grande no facebook sobre a minha ida ao Brasil, isso deixa me bastante satisfeito e com mais ansiedade para dar o melhor de mim.
A música conecta as pessoas!