Há quem diga que a época de ouro da música brasileira ocorreu entre os anos 1930 e 1940 devido a renovação causada pelo Samba, mas há quem defenda que a verdadeira época de ouro da nossa música ocorreu pelas mãos dos propulsores da Soul Music no Brasil nos anos 70.
Tim Maia, Cassiano, Banda Black Rio e muitos outros são ovacionados até hoje por terem mostrado que nem só de Bossa Nova vive nossa música. Outro que em um consenso geral é creditado como um dos pais da Soul brasileira é o baiano radicado no Rio, Hyldon de Souza Silva.
Fica difícil falarmos sobre a essa obra de Hyldon sem antes enfatizar o quão a música é presente em sua vida. Por exemplo, ele teve contato com instrumentos e composições desde sua pré adolescência, e aos 17 anos ele conseguiu que sua primeira composição fosse gravada. Eu Me Enganei foi interpretada pelo argentino Robert Livi. O single teve 100 mil cópias vendidas à época e por ser menor de idade, seu primo Pedrinho da Luz foi o responsável por toda tramitação.
No início dos 70, ele começou sua carreira como músico profissional, além da já bem sucedida como compositor, apesar da pouquíssima idade. Hyldon gravou instrumentais para Os Diagonais – banda de Cassiano -, Toni Tornado e Wilson Simonal para citar alguns dos artistas com quem trabalhou nesse período.
Em 1974 chega sua primeira oportunidade de gravar um disco solo. O compacto Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê) / Mau Patuá é lançado e vira a mais pedida nas rádios do Rio De Janeiro e consequentemente do país todo. Em 1975, após o sucesso do single, Hyldon grava Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda, seu álbum de estreia através da Polydor.
O andamento aqui é mais despojado, assim como a melodia que também acontece de forma despretensiosa e com um quê de melancolia, características seminais da Soul Music, com uma letra que retrata sobre a perda de alguém amado.
Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê) foi regravada por uma centena de artistas como Tim Maia, Jorge Aragão, Lenine, Jeito Moleque, Sandy, Sambô, Jota Quest, Tiago Iorc e Clarice Falcão. Talvez a versão mais famosa dessa obra a que o Kid Abelha fez em 1996.
Hyldon, como de se esperar, não é um homem de um hit só. Outras obras que fizeram grande sucesso do artista são As Dores do Mundo, Na Sombra de uma Árvore, Acontecimento, Velho Camarada, Vamos Andar de Bicicleta e Sábado e Domingo, que também foram ostensivamente regravadas por outros artistas como Jota Quest e Marisa Monte.
Mas como nem tudo são rosas, apesar do grande sucesso com o primeiro álbum no início da década, Hyldon não viveu bons momentos nos anos seguintes. Seu temperamento imperativo na direção artística de suas obras criou rusgas com a Polydor, o fazendo migrar para CBS, onde também não vingou.
Recomendamos – e muito – que vocês pesquisem a obra desse talento nacional, que ao lado de Tim Maia, Wilson Simonal, literalmente fundou o Soul brasileiro.
A música conecta.