Sandra de Sá é uma figura importante no mundo da música do nosso país. Cantora, compositora e instrumentista, ela é considerada uma grande expoente de diversos estilos, emplacando mais de 17 trabalhos entre álbuns de estúdio, coletâneas e álbuns ao vivo desde o início de sua carreira. Ela também é uma artista super premiada pelo que desempenhou no cenário e em festivais de composição e interpretação da música popular brasileira.
Sua história com a música começou muito cedo, através do pai, que era baterista. Como era de se esperar, já na adolescência ela estava envolvida com este universo, atuando como intérprete e compositora. Foi no final dos anos 70 que ela despontou através de sua voz imponente e poesias cantadas não apenas por ela, mas também por outros cantores de peso. O sucesso veio no início dos anos 80, quando Sandra gravou seu primeiro álbum intitulado Demônio Colorido. Dois anos depois ela apresentou seu segundo trabalho, chamado de Sandra Sá – como era chamada no início de sua carreira.
Este álbum, em especial, foi um marco na carreira da cantora, não apenas pelo trabalho de extrema qualidade que mescla Samba Rock, Soul, Funk e Black Music, mas principalmente porque traz uma das músicas mais marcantes da carreira da artista. Já na primeira faixa temos Olhos Coloridos, faixa de autoria de Macau, que fala abertamente sobre o racismo enfrentado pela comunidade negra no país. A canção é até hoje considerada um dos símbolos do orgulho negro no Brasil.
Meu cabelo enrolado / Todos querem imitar /Eles estão baratinados / Também querem enrolar / Você ri da minha roupa / Você ri do meu cabelo / Você ri da minha pele / Você ri do meu sorriso / A verdade é que você / Tem sangue crioulo / Tem cabelo duro / Sarará crioulo
O álbum segue com faixas que caminham entre uma pegada mais dançante até composições mais lentas. Destaque para Música Maravilha, Quero Ver Você Dançar, Preciso Urgentemente Falar com Cassiano e Negra Flor entre as dez canções que compõem o trabalho.
A carreira de Sandra de Sá a elevou em um patamar de altíssimo nível no cenário da Música Popular Brasileira e se estende até dias presentes. Ela segue sendo uma das maiores representantes da Black Music no Brasil. Em suas palavras: “a nossa música é essencialmente preta (suingada/balançante), pois começa e termina no tambor, no suingue. Não há ritmo que cantemos ou toquemos aqui que não contenha um toque de brasilidade. Isto é a nossa pretitude. Até porque se é popular, é do nosso povo, que é altamente miscigenado.”
A música conecta.