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A música conecta

Who? Allbion

Por Maria Angélica Parmigiani em Who? 16.06.2020

Em 1992, quando ainda tinha cinco anos, Victor Arruda, conhecido como Allbion, gravava músicas da rádio em fitas K7 para poder ouvi-las e “mixá-las” depois. Os timbres das guitarras, teclados, baixo e bateria das bandas da época, como Dire Straits e Pearl Jam, chamavam sua atenção e foi assim que a jornada começou. Ao ver o interesse e curiosidade do filho pela música, a mãe de Victor o incentivou a estudar mais a fundo e, em 1994, ele se envolveu com as aulas de teclado e passou a tocar na igreja de sua cidade, Cuiabá. Naquela época ele nem sabia o que era música eletrônica e que todo um movimento estava em ebulição pelo mundo. Afinal, estamos falando da virada de década 80/90 e os movimentos do House e do Techno estavam a todo vapor, bem como a cultura clubber e raver.

Esse movimento chegou com mais força ao Brasil tempo depois e foi durante os anos 2000, aos 16 anos, que Victor passou a frequentar raves clandestinas e clubs voltados ao estilo. Ele se encantou pelo universo que havia encontrado. Mas a verdade é que para todo o aspirante em discotecagem esse chamado para aprender a tocar vai acontecer cedo ou tarde. Então em 2005, ao se mudar para Curitiba, fez os cursos para aprender a tocar e também o de Live PA, e aí passou a se aprofundar mais ativamente.

Um fato curioso sobre sua história e que provavelmente muitos DJs viveram também é que Victor, antes mesmo de pensar em fazer qualquer curso, já tinha sua case pronta. Baixava as músicas pela internet discada na madrugada, através das trocas de ideias nos grupos do Mirc, e gravava os CDs. Outros tempos, outros métodos.

No desenrolar do aprendizado de suas produções autorais o artista começou a perceber que isso poderia ser a sua profissão. Voltou à sua cidade natal para contribuir com o cenário da música eletrônica por lá, incentivando seus amigos a produzirem eventos para o estilo e que de fato trouxe resultado para a região. Em 2012, caiu nas graças de um dos pólos mais fortes em nosso território – claro que estamos falando de São Paulo. O artista comenta que nas andanças pelos mundo, teve a honra de conhecer clubs na Holanda e Alemanha e para ele São Paulo não fica para trás. Ali, Victor pode estrear o projeto Allbion (DJ set) em clubs como o D-Edge e Jerome e festas como a DSViante e Capslock. Nessa época o projeto era somente de discotecagem, hoje Allbion é no formato Live PA, manipulando frequências com sintetizadores digitais e analógicos.

O EP Melting in Silence é seu mais novo trabalho ganhou vida recentemente, lançado na segunda (15) e assinado pela Not For Us. A gravadora é conhecida por buscar sonoridades mais excêntricas e avançadas, além de se propor a ser uma porta para revelar novos nomes no mercado fonográfico. O EP é composto por tracks com tons melódicos, ácidos e ao mesmo tempo minimalista, numa construção de ritmos e manipulação de frequências que geram histórias através de sons um tanto psicodélicos [compre pelo Bandcamp ou Beatport].

O artista ainda tem em seus planos abrir uma escola de musicalização infantil, porque segundo ele essa é definitivamente é uma das chaves para o futuro. 

A música conecta.

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