Skip to content
A música conecta

Who? Encanto

TAGS: Encanto
Por Marllon Eduardo Gauche em Who? 03.07.2024

Encanto, pseudônimo de Leonardo Ferreira, chama atenção de curiosos ao primeiro olhar por conta do nome artístico, mas basta vasculhar brevemente sua discografia para entender que o que surpreende mesmo é a sua abordagem distinta à música eletrônica. Por isso, antes de continuar, saiba que qualquer tipo de rotulação não tem nada a ver com ele, o que ele quer mesmo é impressionar e, acima de tudo, encantar com a sua arte.

É claro que analisando brevemente seu trabalho, é possível notar uma mistura de estilos que passam por elementos do techno, deep house, new wave, electro e um toque de música brasileira… parece uma mistura um pouco inusitada, não? Mas é mesmo — e esse é justamente o objetivo dele. “Quero ir além da minha zona de conforto no quesito de gêneros musicais e sempre trazer minha identidade com sons e synths que parecem antiquados, anacrônicos, sons que também trazem dissonâncias como propostas”, explica; ao mesmo tempo, é um convite para o ouvinte dançar e viajar muito, sem rumo, de olhos fechados.

Mas se voltarmos para onde tudo começou, veremos que sua trajetória sempre teve muita dedicação e ambição. Atualmente ser DJ e produtor é uma vivência em tempo integral, algo que ocupa toda sua vida, sete dias por semana. “Como isso é possível?”, você pode se perguntar… a resposta está no desapego e no esforço. “É complexo descrever toda a minha experiência. Existem perrengues e existem objetivos, a paciência e a resiliência sempre são importantes, e também preciso citar que me esforço muito. Felizmente também não tô sozinho, a galera tá sempre apoiando, fortalecendo, acolhendo, ajudando… e tudo isso salva muito minha jornada. Na soma de tudo acho que as dificuldades e apertos ainda são aceitáveis e eu não faço corpo mole, eu acredito no meu trabalho e aposto minhas fichas sem arrependimento“.

Além disso, Leonardo sabe que para um artista ganhar destaque, precisa também saber do business, trabalhar seu conteúdo, estar em movimento, criar pontes, relações e, principalmente, se vender. “Tenho feito isso sozinho durante esse tempo e a cada dia aprendo mais sobre tudo”, destaca. Apesar disso, entende perfeitamente que nada sobrepõe um trabalho bem feito, coerente e em constante evolução em termos de identidade e linguagem. Foi assim que, em apenas dois anos, ele conseguiu mostrar seu trabalho tanto no cenário nacional quanto no internacional, algo incomum para um artista independente. Sua vida nômade, viajando pelo Brasil, permite com que ele expresse sua musicalidade de maneira livre, muito pautado pelo House e pela Disco dos anos 80 e 90. “Acredito que as minhas andanças pelo Brasil se tornaram parte do que sou como artista. Definiram o meu tom, a minha sonoridade”, explica Encanto.

Já durante suas performances ao vivo, o artista exala magnetismo e versatilidade, o que permite que ele transite entre diferentes estilos, mantendo sempre um toque mais pessoal. Cada apresentação é uma imersão em um mundo sonoro paradisíaco e nostálgico, repleto de progressões, sentimentos oscilantes, percussões cheias de batuque, quebras, momentos com linhas de baixo mais dominadoras, robustas e eróticas, vocais misteriosos e nostalgias, uma atmosfera onde ritmos tribais e grooves modernos se encontram. “Às vezes eu penso num filme VHS sobre utopias e distopias para tentar definir meus sons e timbres e a estética do meu trabalho”, diz. 

Muito disso vem da sua base de pesquisa e produção, que envolve Italo House, Deep House dos anos 80/90, Balearic, Dark Disco e Electro, gêneros com os quais se identificou primeiramente. Outras influências passam por sons mais vanguardistas e experimentais, como de Grupo Uakti, Brian Eno, Walter Smetak e Hermeto Pascoal. “Eu tento buscar esses timbres e paisagens sonoras em diferentes lugares, sem muitas regras na cabeça, e acho que isso me coloca num lugar de imprevisibilidade. A galera já sacou qual a minha onda/vibe, e eu sempre trago minha atmosfera priorizando ser dinâmico através de gêneros, pensando nas diferentes formas de apresentar minhas camadas de ruídos aveludados ou catárticos.”.

Essa sua abordagem musical singular já trouxe algumas conquistas pessoais importantes para ele, como abertura para tocar em palcos conhecidos, a exemplo de ODD, Hamam Nights, Mientras Dura, Flumma e Blum, onde dividiu as cabines com Sedef Adasï, Josh Caffe, Franz Scala, Arnaud Rebotini, Vermelho, Flo Massé e Renato Cohen. Na parte de produção, lançou no ano passado por selos como U’re Guay Records, da Argentina, Sinchi Collective, da Holanda, e Cutting Corners, aqui mesmo do Brasil, além de ter se tornado DJ residente da Function.fm, onde possui um programa de live act totalmente autoral. 

Sua novidade mais recente é o EP Fita, lançado de forma independente no último dia 28. De certa forma, este trabalho resume toda essa história contada acima, já que nas duas faixas originais ele mostra como foge dos padrões ao unir Electro com Funk, trazendo bastante das características de sua música em ambas as produções. Essa curiosidade por experimentar a união de sons contrastantes é o que move Encanto e até pode soar estranho à primeira escuta, mas certamente causa um impacto que fará você não se esquecer dele tão cedo. Quer ouvir?

Conecte-se com Encanto: Instagram | SoundCloud | Spotify

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024