O movimento independente da música eletrônica no Brasil explodiu e modificou nosso cenário completamente há alguns anos, transformando a maneira que enxergamos eventos, trazendo novas possibilidades para experiências na pista de dança e dando mais espaço para artistas nacionais e outros de diversas partes do mundo. Nesse contexto, os projetos executados nos grandes centros costumam ser os primeiros a vir em nossas mentes e, de fato, foram importantes para essa reviravolta que presenciamos. Mas você já pensou que loucura seria iniciar um movimento independente e itinerante no interior do Rio Grande do Sul, há quase 11 anos?
Essa atitude visionária dá início a história da Colours, projeto que nasceu em 2009 na Serra Gaúcha e que impressiona pela consistência no trabalho que desempenha até hoje e pela influência e papel crucial que carrega consigo no crescimento da cultura eletrônica no sul do Brasil. A ideia partiu de Francisco Bortolossi, que buscava uma proposta de evento diferente das existentes na época, não apenas quanto à produção em si mas principalmente com a intenção de apresentar sonoridades mais conceituais à região.
Não faltaram desafios para alcançar a consolidação da marca, mas também sobrou alma inovadora na trajetória. A equipe da Colours levou e continua levando um novo espírito para as pistas do sul, aliando uma estrutura confortável, ótimo atendimento, novas formas de divulgação e marketing, construção de lineup precisa e uma curadoria que transborda os ouvidos. Dubfire, Giorgia Angiuli, ANNA, Joris Voorn, Agents of Time, Christian Smith, Kolombo, Phonique, Nathan Barato, D-Nox, Chris Liebing e Daniel Bortz são apenas alguns dos nomes que já passaram pelas pistas do projeto, além de artistas nacionais respeitados e o time de residentes que fazem bonito em todos os encontros.
Mais do que isso, A Colours leva a sério sua essência itinerante, passando por cidades do Rio Grande do Sul como Bento Gonçalves, Farroupilha, Garibaldi, Gramado, Nova Prata, Passo Fundo, Portão, e de Santa Catarina como Balneário Camboriú, Chapecó, Florianópolis e Garopaba, além de edições ousadas, como uma que aconteceu em 2011 no melhor estilo squat party, festa típica londrina em lugares abandonados que prega a contracultura e informam o local do encontro apenas em suas vésperas, evento que marcou o núcleo e a região.
Olhando todo o caminho trilhado, Fran Bortolossi nos dá um panorama do que foi vivido e da perspectiva para 2020:
“Nesses quase 11 anos de Colours, o sentimento é de dever cumprido e também de muito trabalho e entrega. Foram muitas apostas, muito mais acertos do que erros, vários DJs que sonhávamos em ver na nossa cabine se concretizando e de fato tocando nela, e também colocando a serra gaúcha como um destino de DJs com projeção nacional e internacional.
Temos um evento que tem um ótimo padrão de estrutura e serviços (alinhado com os melhores eventos do gênero), que dá oportunidades para vários talentos, inclusive locais, e que acreditamos que estimula de forma saudável a música eletrônica. Ano passado no RS, foram 3 Colours, 2 Warung Tours e 3 DirtyDancings. Esse ano acredito que o volume deve aumentar.
O maior desafio é manter a festa relevante, com ótimos DJs em todos eventos e também atraente ao público. Acredito que no ano passado tenhamos feito esse trabalho de forma assertiva.”
Além de continuar atuando como um núcleo de vanguarda que segue seus princípios e busca evolução edição após edição, a Colours encorajou a criação e crescimento de outros projetos, mas sempre mantendo-se como uma das melhores e mais respeitadas pistas do sul do país. 11 anos parecem ser apenas o começo e a gente só tem a agradecer por isso.
A música conecta.
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