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A música conecta

Faixa a Faixa | YAMÍ – YAMÍ

Por Alexandre Albini em Faixa a faixa 24.10.2019

Por Alexandre Albini

O projeto Yamí, composto por Frederico Puppi e Marco Lobo, une violoncelo e percussão com beats eletrônicos, mergulhando nos ritmos afro-brasileiros que, combinados a sonoridades contemporâneas, resulta em um downtempo para se ouvir e dançar quase que em qualquer lugar. O nome vem do Tupi-Guarani e significa “noite”, evocando sensibilidades e experiências noturnas comuns ao projeto. 

Formado no Conservatório de Aosta (Itália) em violoncelo erudito, o italiano Frederico Puppi dedicou sua vida a estudar música. Foi coprodutor de Guelã, de Maria Gadú, indicado ao Grammy Latino de 2016. Em 2015, lançou O Canto da Madeira, considerado o melhor disco instrumental do ano pela crítica especializada e pelo Prêmio Catavento 2016.

Já Marco Lobo é um dos grandes nomes nacionais da percussão, com três álbuns solo e tendo trabalhado com Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Lenine, João Bosco, Ivan Lins, Marisa Monte e demais expoentes. Criatividade, precisão e sentimento são as marcas de seu trabalho, marcado por sets percussivos em paralelo a instrumentos não tradicionais.  

Yamí, no CCBB SP, em março de 2018, durante o Festival Admirável Música Nova — Foto: Van Campos

Carro chefe do álbum de estreia, a faixa-título surgiu com a letra escrita pela cantora e compositora Rita Benneditto, após assistir uma apresentação do duo. Com shows em festivais e parcerias nos palcos com Criolo, Tulipa Ruiz e Castello Branco, YAMÍ se prepara agora para lançá-lo mundialmente. Antes disso, escreveram um review detalhado do disco homônimo ao Alataj.

Faixa a faixa, por Federico Puppi:

Baião da Onça | Foi a primeira música que criamos para esse projeto. Nasceu de uma improvisação no estúdio, livremente e quase um ano depois retomamos e a completamos. É uma música que une a sonoridade do baião, do nordeste, com o eletrônico. O cello vira uma espécie de rabeca com drive e o berimbau dialoga com os synth arpeggiator.

Bah’li | Parceria com nosso amigo Njamy Sitson, essa música é a mais longa do disco. O tema abre com uma sonoridade mais “baiana”, com djembe e baixo bem presentes, e do meio pra frente assume uma identidade mais electro. O Njamy gravou na Alemanha e nos enviou várias vozes, todas incríveis! Tivemos que escolher, e não foi fácil… Essa música vai ganhando força ao longo da estrutura, o Njamy canta em Medumba (dialeto do interior de Camarões) e parece um guerreiro, com muita força e energia.

Marrakesh | Marrakesh tem uma sonoridade inspirada no Mediterrâneo, com um toque de instrumentos norte-africanos. O beat e o baixo são muito presentes, enquanto kora, cello e synth costuram as melodias. Os atabaques são um elemento fundamental com a sonoridade ancestral que carregam. É uma música para dançar, uma viagem sonora.

Siroco | Esse foi o primeiro single do Yamí. A música tem uma pegada bem eletrônica, com atabaques marcando o pulso e uma forte melodia de cello e synth. Siroco é um vento que sopra do Saara em direção ao Mediterrâneo. É um sopro quente que transporta areia, também conhecido como ghibl em árabe e scirocco na Itália – é responsável por nevascas laranjas nos Alpes por conta de sua areia. Escolhemos esse nome porque o vento é algo que vem de longe, atravessa barreiras, é uma energia de movimento, ao mesmo tempo é algo impalpável mas muito perceptível. O vento é ar, é som, é viagem. Brisa e furacão. O vento traz a tempestade e também leva as nuvens embora. O vento é força e esperança. Atravessa muitos lugares, culturas e povos, assim como a música do Yamí. 

Yamí | A Rita Benneditto compôs essa música depois de ter assistido ao nosso show. Nos enviou uma gravação à capela e logo de cara nos apaixonamos. Decidimos gravá-la imediatamente. A música contém ritmos típicos do Maranhão, terra da Rita, que juntamos com a nossa sonoridade. O resultado foi muito impactante para gente. Essa composição resume bem a alma do projeto, seja pelo próprio nome, seja pela junção de ritmos ancestrais com beats eletrônicos. Essa união criou um mantra muito forte e emocionante. A voz da Rita trouxe uma magia e uma espiritualidade que ficou marcante. 

Nkoni | Essa música é outra parceria com Njamy Sitson. A palavra significa “amor” em Medumba. É uma composição mais doce, carinhosa. 

Dança do Fogo | Música que fecha o disco, abre com uma introdução mais acústica e logo depois se transforma na faixa mais eletrônica do álbum. Ela é muito tribal, como fosse uma dança ao redor da fogueira, um ritual electro ancestral para fechar o ciclo deste álbum.

A música conecta.

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