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A música conecta

Fatos da cena #3 – Produção musical brasileira em evidência

Por Redação Alataj em Fatos da cena 18.03.2014

Nesta terceira edição da coluna Fatos da Cena, resolvi abordar um tema que me apetece e do qual tenho convivência diária: produção musical e a sua relação com o crescimento da cena eletrônica nacional, internacionalmente. Todos os dias mais produtores brasileiros de house music estão lançando seus trabalhos em selos nacionais e internacionais nos maiores portais de venda do mundo. O Brasil está em evidência internacionalmente com grandes sucessos que vão do Deep House ao mais recente Gangsta House. DJS como Kolombo e Amine Edge & DANCE estão tocando muitas tracks de brasileiros e clubs como o Green Valley, o Sirena e Warung despertam o interesse de grandes DJs mundo afora.

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E neste momento você indaga: “Conte-me algo que eu não sei”. Pois bem, o que você talvez não saiba ou ainda não percebeu é que estamos fazendo mais sucesso lá fora do que aqui dentro. É, você não leu errado. O trabalho nacional que hoje é lançado no Beatport e nos demais sites de venda, que é tocado por popstars da música eletrônica e que toca até nas rádios de fora tem mais valor lá do que aqui. A temática “valorize o artista local” infelizmente parece não ter pegado e está muito mais para frase que se fala da boca pra fora.

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Canso de ver DJs que produzem excelentes músicas de qualidade e não tem a capacidade de tocar sequer uma track nacional em seus DJ sets, muito menos de comprar músicas que seus amigos fazem, ficando sempre no “passa essa pro amigo”. Muitos clubs também não fazem o dever de casa e contratam pouquíssimos (quando nunca) DJs do estado ou da microrregião a qual pertence. E existe sempre a praga do “libera um free pra nóis aê”, que acontece quando seus amigos e colegas mais chegados se negam a pagar ingresso pra ir ver você tocar numa festa, mas pagam ingresso pra ver nomes internacionais em clubs de renome. Por fim e não menos importante, peço aos DJs que não toquem de graça, pois se o dono do club não pagar pelo seu serviço hoje, acha que ele vai pagar amanhã?

Já a indústria das gravadoras nacionais, em partes, tem lançado muita coisa boa de artistas brasileiros e conheço algumas que tem privilegiado os artistas nacionais mesmo recebendo trabalhos de todo o mundo. Como sócio de uma gravadora, sei da dificuldade que novos talentos têm de colocar seu trabalho em evidência. Verifico mensalmente o surgimento de novos selos musicas e acho que estamos crescendo com qualidade quando o assunto é label nacional, principalmente depois de termos abraçado o Gangsta House e lançado tantos sucessos. É um trabalho de formiguinha, mas certamente recompensador para o fortalecimento do Brasil no âmbito da música eletrônica.

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Finalizando, creio ser essencial que nós (DJs, produtores, managers de selo, donos de clube amantes da e-music) tenhamos uma postura diferenciada em relação a isso, organizando eventos regionais com DJs locais e comprando tracks dos amigos e parceiros brasileiros (acredite que, nem o dono do selo e nem o produtor ficam ricos se você comprar músicas no Beatport, mas o nome destes vai aparecer no famoso “TOP 100” e isto sim irá alavancar o nome de cada um). Procurar sim, trabalhar em cooperação com artistas internacionais para que o nome BRASIL viaje mais longe e chegue à Europa e nos Estados Unidos. Faça a sua parte que no fim, se cada um fizer a sua, teremos uma profissão e uma paixão recompensadora.

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