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A música conecta

“Vou tocar no Terraza ao lado de DJ Murphy em uma noite dedicada ao Techno”

Por Maria Angélica Parmigiani em DJ's 09.02.2020

O que acontece quando você decide sair da sua zona de conforto? Há quem diga que acomodar-se pode ser sua maior sabotagem e que conquistas incríveis acontecem quando você se desafia e arrisca. 

A gente entra nessa edição do Vou Tocar nesse tom de reflexão para lembrar que o DJ e produtor Marcelo Oriano já teve uma carreira de psicólogo e largou tudo para seguir sua vocação na música. Vocação porque em um curto espaço de tempo possui boas produções lançadas, um live act poderoso e afinou com muita originalidade suas composições trazendo abordagens diferenciadas para o Dark/Industrial Techno.

No dia 14 de fevereiro, ele dividirá a cabine do Terraza, em Florianópolis, com uma figura de representatividade fortíssima na música eletrônica, DJ Murphy. A noite batizada de Techno Heart contará ainda com Ricardo Lin e Lourene. Convidamos Marcelo para contar na sequência um pouco mais sobre sua história na música e sua relação com o Terraza, club que foi fundamental para a construção de sua atual identidade sonora.

Marcelo Oriano

“Olá, Alataj! mais uma vez obrigado pela oportunidade de conversar com vocês. Essa gig de estreia no ‘pistão’ do Terraza certamente é uma das mais especiais da minha carreira: ela representa não apenas a conquista de mais um grande clube no currículo, mas também traz a satisfação motivadora de cumprir uma meta pessoal. Como muitos sabem, eu não sou um desses casos de ‘DJ desde a adolescência’, mas sim dono de uma história profissional que sofreu reviravoltas.

Há pouco mais de 6 anos, comecei a frequentar o Terraza à convite do Isaac Varzim, junto com meu grande amigo (que também foi dupla no meu primeiro projeto duo) Mauricio du Bocage. Nas noites que viramos dançando naquela pista começou a surgir timidamente uma paixão pelos ritmos do Deep House e posteriormente do Techno. Foi em uma dessas noites que apontei pra cabine e disse: um dia serei eu ali!

Nesses primeiros anos de vida clubber tive o privilégio de ver nomes como Nina Kraviz, Carl Craig, Nastia, Oliver Huntemann e muitos outros graças a excelente curadoria da casa que, ao lado das irmãs menores: Trip to Deep (minha atual residência) e Karuna,  ajudou a solidificar a cena under que vinha crescendo em Florianópolis. Na época eu, que já ‘brincava’ em softwares de produção musical como hobby, comecei a estudar o assunto mais a sério e o interesse também pelas CDJs e técnicas de mixagem surgiu naturalmente.

Após vender minhas primeiras tracks pra outros artistas e vivenciar as primeiras apresentações em uma cabine (também graças ao Isaac e ao Maurício — fica aqui meu muito obrigado aos dois), imediatamente tive a certeza de que era isso que eu queria fazer pelo resto da minha vida. No ano de 2015 então foi quando ‘larguei o divã’ de vez: vendi meu carro e me mudei pra Amsterdam, onde estudei engenharia de som e produção de música eletrônica no SAE Institute. Também foi nos Países Baixos e visitas constantes à Alemanha que firmei de uma vez por todas minha predileção pelo Techno e comecei a formar minha atual identidade sonora, que pode ser caracterizada pelos BPMs mais elevados, transitando entre o dark e o industrial.

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De volta ao Brasil encontrei uma cena ainda mais firme: com mais núcleos estabelecidos, mais DJs de qualidade e o Terraza, claro, com festas cada vez maiores e lines cada vez mais seletos (graças ao brilhante trabalho do Tony Tomaino e do Ricardo Lin). Foi em uma edição da própria Techno Heart no clube que tive a emoção de ouvir pela primeira vez um grande DJ tocar uma de minhas composições: Ilario Alicante mixando minha track no auge da noite e todos os amigos que reconheceram a música vieram me cumprimentar. Simplesmente inesquecível!

De lá pra cá muita coisa rolou. Lancei meus EPs pelo mundo, fiz meu nome na cena local e também conquistei gigs internacionais. Fiz amizades, alunos e mestres… Toquei em afters, festas, clubes e festivais sempre batendo cartão no Terraza pra ser inspirado pelas dezenas de noites épicas como as de Derrick May, Rodhad, ANNA, Roman Flugel e tantos outros que tornaram o hábito de ‘dançar na pista do nosso quintal’ algo ainda mais especial.

Enfim… Por tudo isso posso afirmar sem exagero que o Terraza mudou a minha vida, uma vez que o clube foi responsável por moldar meu gosto musical, além de dar incentivo indireto e inspiração constante para eu me manter focado no meu sonho. Espero que dia 14 eu possa também mudar a vida do Terraza e fazer uma noite histórica no meu clube do coração junto com meu ídolo DJ Murphy e todos os meus amigos de anos de pista! 

Alataj, valeu pelo espaço! Muitíssimo obrigado aos amigos Tony e Lin pelo tão esperado convite”.

A música conecta.

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