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A música conecta

Lemes e o som das molas

Por Eduard Marquardt em Lançamentos 17.11.2015

Desde 2011, a Paunchy Cat oferece releases de altíssima qualidade, dentro de um conceito muito bem conduzido, entre house, techno e deep house, basicamente.

Nesta linha, este 29o. volume, cujo lançamento na Beatport acaba de acontecer, não exatamente preenche uma lacuna do selo, mas fortalece um dos vieses do techno mais exuberantes que se tem notícia: o dub.

Como um subgênero do techno, o dub é muitas vezes um mistério. É comum encontrar por aí tracks com versões dub, em que algum elemento mais evidente da versão original aparece suprimido. Embora limitado, talvez este seja um modo interessante de entendê-lo, no sentido de que o dub é uma forma decantada do techno, quando os excessos são cuidadosamente torneados e se tem aquela impressão modular, espiralada, com variações de altura e intensidade na emissão dos sons – mais ou menos como se molas e ecos fossem combinados em espaços-tempo longos, profundos e cadentes, constituindo uma ambientação inconfundível.

Nesse panorama, “Resurgence” é um belo exemplo de dub, ora com um pé no house, ora com algum apelo deep – mas nas três faixas que o compõem, “Complex Choice”, “Dramatic Decision” e “Organic Sense”, o que se evidencia é esse som de molas e ambientes agradáveis que somente alguém com experiência, ouvidos refinados e equipamento acertado consegue produzir.

“Resurgence” é, por isso, um trabalho maduro, pacientemente confeccionado, com a habilidade de execução impecável de uma receita clássica. Sem dúvida, um dos melhores trabalhos feitos no Brasil em 2015. Imprescindível, eu diria.

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