Skip to content
A música conecta

“Música é literalmente tudo na minha vida”. Um bate-papo exclusivo com o britânico Cristoph

Por Alan Medeiros em Entrevistas 12.12.2016

Alguns artistas possuem o potencial de desenvolver sua arte no anonimato. Foi assim que o britânico Cristoph construiu seus talentos como produtor musical – sem que ninguém o notasse. Agora ele encontra-se com uma identidade cada vez mais forte, focando suas produções no groove e no caráter hipnótico que tem conquistado pistas de toda Inglaterra e Europa.

Cristoph possui uma visão peculiar do momento em que seu trabalho é desenvolvido. Isso garante a ele a execução de uma identidade sonora moderna e atual, que resultou em releases quentes por labels como Knee Deep In Sound, Suara e Noir. Como DJ, a tradição do house britânico fala mais alto em seu trabalho e ele, que é nascido em Newcastle, tem tido a sabedoria de imprimir sua versatilidade de maneira categórica.

Recentemente, Cristoph assinou a estreia da série 8-track, da Knee Deep In Sound, com a produção de um álbum sólido e envolvente, recheado de tracks inéditas. Com um 2016 promissor, agora esse inspirador artista se prepara para mais uma nova etapa. Às vésperas de sua primeira tour no Brasil, conseguimos uma entrevista exclusiva com ele. Confira abaixo. A música conecta as pessoas!

1- Olá, Cristoph! Obrigado por nos atender. Podemos começar falando a respeito de sua relação com a música. Em sua bio, você deixa a impressão que seu relacionamento com a produção musical vem de muito antes da fama. Quando exatamente você começou a produzir quais eram suas principais inspirações nesse momento?

Olá parceiro, obrigado pela entrevista. Sim, você está certo, a música tem feito parte da minha desde sempre, ser DJ é tudo que eu sempre quis. Desde quando eu era jovem já adorava house e techno, mesmo quando criança já era cercado por diferentes tipos de música. Eu comecei a produzir a 4 ou 5 anos atrás. Tragicamente um amigo muito próximo faleceu, e me dei conta de que a vida é aquilo que nós fazemos dela, isso basicamente fez com que eu começasse a correr atrás do meu sonho. Eu busco bastante inspirações pelo lado melódico das músicas, mas eu também adoro todos os sons mais darks, como aqueles 80’s synths que todo mundo parece ser muito fã. Artistas como Sasha, Hot Since 82, Solomun, Guy Gerver, são quem eu realmente aprecio.

https://www.youtube.com/watch?v=Brx0F8BZiZ8

2 – Seu som carrega uma identidade muito ligada ao groove e a emoção. É possível dizer que seu foco principal é fazer sons voltados para o dance floor? Como é possível construir uma identidade forte atuando entre o techno e house? 

Para ser honesto eu nunca olhei para a minha música com uma identidade específica, mas recentemente muitas pessoas tem citado coisas similares. Eu simplesmente escrevo o que me vem a cabeça naquele dia dentro do estúdio. A maioria das vezes eu quero compor músicas que eu posso tocar nos meus sets, então são produções direcionadas a pista de dança. Com certeza, eu amo criar breakdowns, me imagino na festa escutando aquela música, então penso aonde eu gostaria que ela fosse. Toda a questão de criar pontes entre o house e techno, provavelmente vem em função do que eu costumo escutar no dia a dia, mas não é algo que eu saio fazendo deliberadamente. Estou contente que a minha música esteja se moldando entre estes dois gêneros, sou crente que devemos tocar aquilo que gostamos e tento me manter longe dos debates de gêneros e subgêneros da música.

3 – Fale um póuco a respeito da cena de Newcastle e como a cidade contribuiu para sua formação enquanto artista

Eu tenho muito orgulho de ter nascido em Newcastle. O cenário musical lá é enorme e existem algumas baladas de house e techno excelentes que você pode frequentar e escutar alguns dos maiores DJs e produtores do mundo. Existem uma balada chamada Shindig, lá é onde eu costumo passar a maioria dos meus sábados a noite, frequento a casa desde meus 15 anos de idade e essa festa ajudou muito a formar o artista que eu sou hoje em dia.

4 – Como é seu relacionamento com as gravadoras que você lança? Sabemos que há uma relação especial com Knee Deep In Soud, por xemplo. Qual o critério que você utiliza para escolher os selos? 

Eu tenho um ótimo relacionamento com as labels que costumo trabalhar, o que costuma me proporcionar a oportunidade de lançar diversas vezes com o mesmo selo. Minha música é muito pessoal, então eu quero sempre trabalhar com as gravadoras que irão ter o maior cuidado na distribuição das minhas produções. Tenho uma lista de labels que eu gostaria de lançar, torço para que consiga ter músicas em alguma delas algum dia. A Knee Deep In Sound é uma label magnífica para se trabalhar, durante os últimos 12 meses eles têm me ajudado muito, as músicas que eles lançam costumam ser de uma qualidade impecável. É uma honra para mim ter lançamentos com eles. Além de tudo isso, o dono da label é o Hot Since 82, que tem sido um grande mentor, além de um grande amigo para mim.

5 – Seu recente release é a compilação 8-track para a Knee Deep In Sound. Como foi o processo criativo desse trabalho?

O projeto 8-track foi algo que eu realmente curti fazer, não existia nenhum requisito das labels, apenas não poderia ser maior do que 8-tracks. Eu simplesmente queria que fosse do mesmo jeito que eu toco meu set, levando as pessoas por uma jornada tanto pelo conjunto das tracks, quanto por elas individualmente. Eu costumo planejar o set na minha cabeça, então começo a produzir músicas para compor cada parte dos meus sets, cheguei a ter entre 25 e 30 tracks diferentes, então sentei com o pessoal da Knee Deep In Sound para decidir quais seriam as escolhidas.

6 – Todo grande artista possui referências importantes fora da música eletrônica. Quais são as suas? 

Fora da música, eu gosto de relaxar em casa e sair com minha família e amigos, sou muito próximo da minha mãe então tento ficar com ela o máximo possível quando estou em casa. Sou uma pessoa que gosta de estar se atualizando constantemente, mesmo quando não estou em tour. Gasto bastante tempo dentro do estúdio escrevendo novas músicas, em geral procuro melhorar minhas produções. Música literalmente é a minha vida.

7- No que diz respeito a lançamentos, após 8-track, o que vem por aí? 

Eu tenho músicas saindo em diferentes labels, eu não posso falar muito sobre ainda, algumas são labels que eu já lancei anteriormente, e algumas são novas labels que estou realmente ansioso para trabalhar em conjunto.

8 – Qual sua expectativa para a estreia no Warung Beach Club, um dos lugares mais emblemáticos da música eletrônica no mundo?

Estou muito ansioso para tocar no Warung! Eu sempre escutei muito sobre o club, será uma experiência incrível para mim. Tento não criar muitas expectativas, mas tocar ao lado de Sasha será uma memória que guardarei para sempre. Ele é um herói pra mim, então mal posso esperar para conhecê-lo e ouvir o seu set.

9 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Música é literalmente tudo na minha vida. É tudo que eu sempre quis pra mim. Se não fosse isso eu não tenho ideia do que estaria fazendo agora.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024