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A música conecta

Alataj entrevista Sidney Charles

Por Alan Medeiros em Entrevistas 18.04.2018

Sidney Charles é figurinha mais do que carimbada por aqui. Há mais ou menos 4 anos foi pelo Alataj que saiu um dos primeiros conteúdos sobre seu trabalho aqui na América do Sul e de lá pra cá nós não paramos de colaborar. Ele voltou logo na sequência para assinar um mix em nosso podcast da Troally e não muito depois disso estava conosco novamente, dessa vez com entrevista + um novo mix exclusivo para o Alaplay.

Após pouco mais de dois anos de sua última passagem por aqui, em fevereiro de 2016, ele está de volta para um novo conteúdo exclusivo – absolutamente completo. De lá pra cá Sidney seguiu acelerando e conquistando ótimos resultados em sua carreira e manteve uma de suas principais características: uma raríssima habilidade de mesclar house e techno de forma certeira, tanto no estúdio, quanto na pista. Prova disso são seus excelentes releases, ora mais puxados para o techno, outrora mais houseados.

Alguns dos selos recentes que Sidney “Hurricane” Charles contribuiu incluem Relief, do lendário Green Velvet, Truesoul, sub label da gigante Drumcode de Adam Beyer, Moon Harbour de Matthias Tanzmann e, claro, AVOTRE, label próximo por conta de sua ótima relação com Santé, parceiro de estúdio/cabine e por onde ele lançou recentemente um remix para . Confira abaixo o resultado desse novo bate-papo e da edição 330 do Alaplay Podcast, novamente assinado por esse grande talento:

Alataj: Olá, Sidney! Tudo bem? Desde a última vez que nós conversamos muita coisa mudou. Atualmente, como você enxerga seu perfil de discotecagem e produção? Essas duas frentes de trabalho estão caminhando para o mesmo lugar?

Sidney Charles:  Estou bem, obrigado! Estou muito feliz com a minha progressão até agora. Como produtor, ainda estou aprendendo todos os dias e adoro ver como meu som está evoluindo. Ainda sou muito ligado ao meu house old school, sinto que realmente representa o meu estilo nos DJ sets. Ao mesmo tempo, gosto de experimentar algumas coisas mais sombrias e, às vezes, mergulho no techno, como no meu último EP na Truesoul. Como DJ, tive o prazer de tocar pela primeira vez em grandes festas ao redor do mundo nos últimos meses. No ano passado fiz minha estreia no DC10 para o Circoloco e estou feliz por voltar lá em breve. Enquanto estou tocando, também não consigo sair sem levar alguns discos para os meus sets. Há muita música boa sendo lançada que ainda não está disponível no digital, e a emoção de comprar e tocar um disco ainda existe para mim também.

Nos últimos anos Ibiza tem sido um destino comum pra você, não é mesmo? Vejo que muitas pessoas falam sobre as transformações que a ilha vem sofrendo. Qual sua visão a respeito disso?

Sim, é verdade. Todas as temporadas estou na ilha e até já morei lá há alguns anos. Normalmente, eu toco lá de 8 a 15 gigs por ano. Há definitivamente uma mudança acontecendo na ilha, mas também acho que essa é a natureza desse lugar… Ibiza está mudando o tempo todo e sempre estará. Consigo enxergar esse ponto que as pessoas acham que está se tornando uma ilha VIP de altos preços em muitos aspectos, mas ao mesmo tempo sempre há pessoas que gostam de música eletrônica boa e os grandes clubes ainda estão lá e funcionando bem. Então, no fim, acho que não há nada para se preocupar muito. Gosto muito de lá como músico e como turista.

Uma nova geração de produtores tem repaginado a cena da house music ao lado de medalhões do estilo. Você também tem sentido isso? Atualmente, você acha que seu som tem se aproximado mais do house ou do techno? Isso faz alguma diferença pra você?

Adoro ver novos talentos que estão trazendo novos sabores de house e techno para a cena. Alguns deles têm apenas 18 anos ou ainda mais jovens e já são super talentosos. Realmente gosto de ver o que os jovens estão fazendo e eles estão ajudando a tornar essa cena mais diversificada.

Meu som é definitivamente mais conectado ao house, mas acho que não há fronteiras reais entre house e techno e meu perfil muda com frequência entre os dois estilos.

Desde 2016 você tem se tornado um nome frequente pelas pistas sul-americanas. Na sua visão, o que o público daqui tem de melhor?

Na América do Sul, as pessoas têm um bom senso sobre o que funciona na pista de dança e estão empolgadas. Elas amam o groove e boas atmosferas. Então, eu acho que minha música se encaixa perfeitamente lá. Além disso, os sul-americanos são muito bem informados sobre os artistas que estão ouvindo. Eles conhecem as faixas, mesmo as mais antigas, e apreciam se você toca sua música para eles. A energia em geral é muito positiva e você pode sentir que a paixão pela dança está no sangue.

Atualmente você tem como base a cidade de Londres, certo? Como tem sido conviver de perto com uma das cenas mais importantes para história da dance music?

Eu moro em Lisboa, Portugal, desde dezembro do ano passado e estou gostando muito. A cena musical aqui é bem pequena, mas está ficando melhor a cada ano que passa. Eu já conheço um grupo de produtores que se mudaram para cá, incluindo Dyed Soundorom, Dan Ghenacia, Steffi, DJ Rush e Guti. Penso que Lisboa tem potencial para se tornar outro centro principal da música eletrônica na Europa.

Sobre seus próximos lançamentos, planos e novidades: o que podemos esperar?

Eu tenho dois remixes que serão lançados nas próximas semanas para Armand Van Helden e Phuture (DJ Pierre). Depois disso, estou de volta no selo de Santé, AVOTRE, com algumas faixas que fiz, que incluem os vocais de Hector Moralez. A faixa é em espanhol. Também tenho um EP no selo de Carl Cox, Intec Digital, que será lançado ainda este ano.

Particularmente não vejo fórmulas em sua música e isso é algo que me faz refletir sobre o seu processo criativo. Quais são os elementos chaves na busca por referências e construção das faixas?

Normalmente, eu começo a faixa muito livremente sem realmente saber onde quero chegar. Mais tarde, quando começo a entender em que direção a energia da faixa está alcançando, tento encontrar referências que se encaixem na ideia. Tudo somado, é um processo. Às vezes, eu encontro uma referência de uma faixa muito antiga que me inspira a fazer algo em um estilo parecido.

Na sua opinião, o que separa um bom DJ dos demais?

Um DJ muito bom pode tocar sets em warm ups, horários de pico e de encerramento com a mesma paixão. É muito importante ler a multidão. Particularmente adoro long sets, pois dá a liberdade de construir uma atmosfera desde o começo e você pode escolher a direção da noite.

Para finalizar: Nós enxergamos a música como uma forma de conexão entre as pessoas. Na sua opinião, qual o grande significado dela em nossas vidas?

Bom, eu acho que a música, especialmente o ritmo, está profundamente ligada ao nosso ser. É como um instinto que é despertado assim que ouvimos música. Não conseguimos nos controlar e movemos nossos corpos. Além disso, quando você pensa no corpo, vemos que até mesmo batimento cardíaco se move em um ritmo repetitivo que é muito semelhante à velocidade do house e do techno. A música é uma linguagem universal que destrói as fronteiras entre status sociais, raças e idades. Quando estamos dançando juntos, não pensamos no que nos separa, mas apenas no que nos une e isso é a música no momento.

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