Na missão de criar uma assinatura própria para dance music nacional, o Heavy Baile ocupa um papel bem importante e especial ao nosso ver. Formado em 2013, o coletivo tem como principal característica a fusão do funk carioca com a música eletrônica. Leo Justi comando o projeto e tem na ajuda de MC Tchelinho e DJ Thai uma força poderosa para espalhar a palavra do coletivo.
https://www.youtube.com/watch?v=qxeZonEImhw
Música e dança são a espinha dorsal do trabalho apresentado pelo Heavy Baile. Batidões rápidos e lentos, frenéticos e sensuais se alternam ao longo do show. O perfil sonoro é contemporâneo, mas possível graças a uma série de referências históricas oriundas de movimentos musicais de cidades como Baltimore, Philadelphia e New Jersey. Pluralidade reflete o que acontece nas músicas e nos shows do coletivo, constantemente atuando em subúrbios urbanos e guetos.
Leo Justi matou no peito a responsa e está redesenhando alguns traços do funk carioca com a ajuda de MC Carol, Emicida e Rincon Sapiência, apenas para citar alguns. Em Maio deste ano foi lançado Carne de Pescoço, debut álbum do coletivo que foi um sucesso absoluto de crítica e contou com participações e de nomes como Baiana System, Tati Quebra Barraco, Tati Zaqui, Lia Clark e Dada Yute. Afim de saber mais sobre a história do projeto, convidamos Leo para um bate-papo exclusivo. Confira abaixo:
Alataj: Olá, Leo! Tudo bem? Funk Carioca e Música Eletrônica: em qual momento você percebeu que o Heavy Baile iria falar justamente sobre essa mistura?
Heavy Baile: Na real, o Heavy Baile surgiu nessa intenção. A primeira influência foi o trabalho de mash up do Diplo em 2009.
Aqui no Alataj a gente comunica diretamente a um cenário voltado para cena house/techno e muita gente desse meio não reconhece o funk como música eletrônica. Qual a sua opinião a respeito disso? O funk é a música eletrônica genuinamente brasileira?
Eu tendo a não me importar muito com esse tipo de aceitação. O que importa é a cultura tá acontecendo sem ser sabotada ou impedida como ocorre, por exemplo, nas comunidades pela polícia.
Você possui algumas colaborações chaves com nomes do calibre de MC Carol, Emicida e Rincon Sapiência. De que forma essa experiência ajuda a impulsionar os projetos do Heavy Baile?
Ajuda enquanto agrega o público desses artistas e também apresentando o trabalho deles com uma direção artística diferente da usual. O maior exemplo acho que seria Berro com a Tati Quebra Barraco
Carne de Pescoço, lançado em Maio deste ano, representa com profundidade o atual perfil sonoro do Heavy Baile. O que você pode nos contar a respeito do processo criativo do álbum? Quais foram os principais desafios?
O maior desafio pra mim é passar uma visão de coisas que eu gosto e que eu gosto muito pra pista, que eu acho dançante mas não são tão populares no Brasil unindo isso ao trabalho de MC de favela do Tchelinho que é bem mais puro no sentido do funk carioca. Fazer uma mistura equilibrada e que apresente algo diferente.
O que você avalia em termos de atmosfera da participação do Heavy Baile no No Ar Coquetel Molotov em Recife?
O coquetel foi sensacional, a vibe de festival ao ar livre sem dúvida é minha preferida, especialmente quando o tempo contribui. É muito satisfatório ver o funk num festival ao lado de bandas de rock e tantos outros gêneros.
Na sua visão, falta espaço para a periferia no cenário eletrônico nacional? O que podemos fazer para mudar isso?
Divulgar o trabalho de artistas que fazem funk e conversar sobre, e não criticar com raiva quem desdenha, mas se manter apenas positivo sobre o assunto, é na minha opinião a maior ferramenta pra abrir espaço para “música marginal”
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na sua vida?
Meus pais são músicos e eu ouço música desde neném. Acho que é uma coisa que deu certo no meu cérebro. Eu tenho facilidade e muito prazer, e talvez a música seja a única coisa que eu consigo me entregar da forma que eu me entrego na vida.
A MÚSICA CONECTA.