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A música conecta

Alataj entrevista Trommer [margem]

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Falamos e não cansamos de repetir: música eletrônica tem muito a ver com conexões e experiências, algo muito além apenas da diversão. E entusiastas que buscam promover e tornar cada vez mais verdadeira essa sentença não faltam. Trommer e Bergesch são personagens que têm feito muito bem esse papel, através da margem, mais um festa da efervescente cena de Santa Maria, novos encontros e descobrimentos têm acontecido entre o público e a música.

+++ Ouça  Small Place, lançamento recente de Trommer pela renomada MoBlack Records

A margem nasceu em outubro de 2016 e tem suas raízes no techno, apostando sempre numa curadoria muito bem pensada, locações singulares e uma ambientação especial. É através destes atributos que a label party busca democratizar o acesso à música eletrônica underground, criando noites memoráveis e cheias de energia. No dia 12 de outubro, a margem irá celebrar seus três anos de história com uma festa especial, trazendo um DJ inédito ao Brasil que faz parte do casting da Innervisions, mas que, até o momento, não foi revelado.

Convidamos então Germano Trommer, um dos idealizadores do rolê, para conversar com a gente e contar todos os detalhes e o propósito da festa que vem fazendo a cabeça dos clubbers de Santa Maria e região:

https://www.facebook.com/margemmusic/videos/608585559607723/

Alataj: Olá, Trommer! Muito obrigado por falar conosco. Conta pra gente quando surgiu a ideia de criar a margem? De onde veio esse nome? 

Trommer: Olá, primeiramente gostaria de agradecer o espaço para falar um pouco sobre a margem. A ideia surgiu em 2016 quando eu o Bergesch começamos a conversar sobre a vontade que tínhamos de ter o nosso próprio projeto. Certo dia em casa fiz um brainstorm pensando em qual tipo de festa eu gostaria de ir, pensando em público, música e em todos os braços de uma marca.

Analisando que o conceito que gostaríamos de abordar envolvesse músicas e espaços marginalizados, e que eu pensava na época em um material gráfico menos “comum” possível, surgiu a margem, com a primeira festa marcada em outubro de 2016.

A margem aposta num conceito mais intimista, palcos menores, uma linha sonora mais “cabeça”… Como foi o planejamento de concepção da festa?

Desde a primeira festa nós tentamos trabalhar de forma mais próxima do público possível, estreitando a relação artista e pista, por isso dos palcos menores, para criar energias e experiências mais humanizadas, assim como excluímos qualquer possibilidade de ter diferenciações dentro da festa, como áreas vips, camarotes e etc. Nossos ingressos nunca tiveram diferenciações de valores por gêneros também, e analisando por esse lado, as nossas edições se tornaram eventos livres de qualquer tipo de preconceito e pré julgamento, desta forma, o público tem a liberdade de poder ir vestido como quiser, dançar da forma que se sentir melhor e assim ter uma noite calorosa repleta de experiências sonoras, artísticas e humanas.

Sendo assim, a margem se tornou um projeto com um conceito mais democrático e alternativo, sempre buscando a maior qualidade sonora possível em ambientes menos usuais possíveis também. Basicamente, a gente montou festa que gostaríamos de ir para curtir e tem sido legal demais o resultado dos últimos três anos.

Vimos que em 2017 vocês realizaram até mesmo um evento free pass, isso certamente vai de encontro com o objetivo de vocês em disseminar o conceito underground pela região. Qual foi exatamente a ideia de promover a festa nesse formato?

‘Porque não fazer uma festa gratuita, na rua?’ Foi basicamente isso que nos passou na cabeça quando decidimos colocar em prática as nossas edições gratuitas. Tive a oportunidade de presenciar uma festa neste formato em São Paulo alguns anos atrás, dali em diante a ideia se tornou um objetivo.

Fazer eventos gratuitos se tornou uma realidade também porque percebemos que se colocássemos em prática essa configuração, criaríamos o acesso para pessoas de menor poder aquisitivo para terem a oportunidade de consumir esse tipo de música e ambiente, que vem de encontro ao nosso conceito base da festa em democratizar a música eletrônica. Já realizamos quatro edições gratuitas em locais públicos de Santa Maria reunindo pessoas das mais diversas realidades socioeconômicas.

Organizar eventos representa uma responsabilidade sempre muito grande. Quais os principais cuidados que a equipe por trás da margem toma para que a festa seja 100%?

O primeiro e mais importante ponto para nós é sem dúvida o lineup. Somos preocupadíssimos com o conceito sonoro da festa, com os horários e a função que cada DJ tem para que a história seja contada da melhor maneira possível. Além disso, nos preocupamos muito com o local escolhido para o evento, que indiscutivelmente deve estar de acordo com o conceito, a proposta e as necessidades do evento. Fora isso, soundsystem de qualidade, cenografia, equipe qualificada e muito amor envolvido é o que acreditamos que não pode faltar para que tudo ocorra 100%.

Santa Maria certamente tem uma das cenas do interior mais interessantes atualmente. O plano principal é se fortalecer na cidade ou levar a margem para outros locais do país?

Realmente, Santa Maria está com a cena eletrônica fortíssima e isso é bom demais. Sobre os nossos planos? Segue o de fortalecer a margem em Santa Maria e região mas, quem sabe um dia, São Paulo possa ser uma opção interessante para nós fazermos algo também. Agora que eu estou morando aqui, tudo fica mais fácil e viável para se pensar em possibilidades de fazer uma edição em SP… inclusive uns dias atrás eu estava pesquisando uns galpões abandonados por aqui e imaginando como seria uma edição da margem… [risos] Why not?!

Entre os artistas que vocês ainda não conseguiram trazer para a margem, há algum que está no topo da lista? Além disso, como vocês tem buscado montar lineups criativos com as inúmeras dificuldades do país? 

Um não, vários. Mas no topo da lista apontaria Dixon, sem dúvidas, ou alguém da mesma crew, quem sabe… [risos] Pelo fato de estarmos em constante contato com a música, quase 24 horas por dia em nossas pesquisas diárias e convivência com diversas pessoas do cenário eletrônico do país, criamos o hábito de sempre estar de olhos e ouvidos abertos para novos nomes da cena nacional e internacional.

De fato, temos diversas dificuldades que refletem diretamente na realidade do nosso lineup, mas a maior delas é a logística dos artistas, esse sim é o maior problema para nós, além do alto preço do Euro e do Dólar. Fora isso, paciência, foco e muita economia, a gente sempre dá um jeito e se vira como pode.

Para finalizarmos direto ao ponto: quais são os principais planos e projetos da marca para 2019?

Ainda esse ano, no aniversário de três anos da margem, vamos realizar o sonho de trazer o primeiro artista internacional para se apresentar no projeto. Um DJ e produtor musical inédito, que nunca veio para a América Latina e que se encontra em grande ascensão em suas produções musicais e carreira. Como de costume, pretendemos também inovar na locação dessa edição, buscando criar uma experiência artística, sonora e visual totalmente nova. No fim do ano pretendemos ainda fazer mais uma edição focada apenas em DJs locais no lineup, buscando valorizar quem está fazendo um trabalho sério e original na região. Obrigado pelo bate-papo!

A música conecta.

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