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A música conecta

O som responsa do Sonic Future.

Por Alan Medeiros em Entrevistas 09.04.2015

Em um momento da cena em que se fala muito de suportes de peso para medir o quanto as produções de um artista funcionam, o projeto Sonic Future tem no currículo um som que quebra as barreiras dos estilos, taxados diariamente no universo da música eletrônica. De Solomun a Steve Angello, uma gama imensa de produtores tem observado o trabalho da dupla e o resultado tem sido a construção de uma bela identidade, linkada a lançamentos em importantes labels como a Suara e Noir Music. Tive um bate papo bem especial com Cesar e Leo, artistas que compõe o Sonic Future. Vale a pena conferir a seguir 😉

1 – Vejo no Soundcloud e Facebook do projeto uma participação ativa de fãs de fora do país. Vocês acham que o trabalho de vocês tem uma identidade mais próxima a produtores gringos?

Talvez seja uma soma de fatores, dentre eles as labels entre as quais estamos lançando e principalmente a sonoridade das tracks. Sonic Future iniciou naquela onda indie dance na febre do momento, mas logo sentimos a necessidade de mudar e buscar uma sonoridade mais particular. Naturalmente o som tomou um rumo bem diferente das tendências principais que estão sendo produzidas aqui no Brasil. Não é algo proposital, mas acabou que isso chamou a atenção de outras labels gringas e seus seguidores internacionais.

A idéia principal sempre foi a busca por uma expressão autêntica e elaborada. Por alguma razão, isso chama mais a atenção dos gringos. No final das contas é um lance pé no chão sem afetação nem hype: moramos aqui, somos daqui. Eu adoraria ver mais gente fazendo esse tipo de som e nossa música não ser considerada “gringa”, mas sim brasileira.

2 – Em um mundo que se reinventa diariamente, quais fontes vocês usam para se manter sempre inspirados?
Tanto na questão da música, quanto no visual.

Na parte de vídeo, o VJ Leo é um dos VJs oficiais do Ultra Music Festival, trabalhando em conjunto com a V Squared Labs que é a empresa que faz os shows e instalações que estão sempre à frente. Essa interação, e muita pesquisa, o mantém sempre atualizado tanto na criação de conteúdo quanto na parte tecnológica que envolve este trabalho.

Na parte musical é algo muito natural. Como produtor e por ter muitos contatos, estou recebendo promos todos os dias das melhores labels do mercado. Isso significa que tenho acesso a músicas muito antes da maioria dos DJs. As labels de ponta estão sempre pensando 6 meses à frente do mercado, portanto é um processo natural. Basta estar antenado com os releases dos produtores de ponta e trabalhar duro, que a arte de se reinventar ocorre naturalmente.

3 – Richie Hawtin, Solomun, Peçanha. Entre tantos suportes importantes, há algum que vocês se surpreenderam e consideram especial na caminhada do Sonic Future?

Há alguns especiais sim. Steve Angello, Paul Oackenfold, Gareth Emery por exemplo, por serem artistas que atuam com sonoridades muito distantes das quais imaginamos nossa música se encaixar. E obviamente, os artistas que estão mais próximos musicalmente, dentre eles Agoria, Adriatique, Guy Gerber dentre muitos outros. Recentemente estivemos em Miami no WMC e ver Agoria tocando “Regrets” no seu set do Ultra Music foi realmente gratificante.

4 – O Brasil vive esse ano um calendário de grandes festivais e clubs em plena atividade, mesmo em um periodo de recessão da economia. Na opinião de vocês, o que falta para nossa cena ser de fato reconhecida como uma das melhores do mundo?

Nossa, falta muita coisa para isso acontecer! Vou citar algumas que me vêm a cabeça de imediato. A principal delas é a cultura musical. Por alguma razão o Brasil tem um problema crônico: novas tendências demoram muito a entrar, e quando entram, demoram muito a sair! Isso deixa a cena defasada, repetitiva e pouco criativa. Sinceramente, eu não sei exatamente por que precisamos ir a um Warung, D-Edge, Vibe, Beehive ou outros clubs bacanas para ouvir músicas interessantes. Percebo que isso já acontece isoladamente em várias cenas pelo Brasil, mas poderia estar acontecendo muito mais. Curadoria e DJs residentes competentes e antenados são fatores essenciais para ampliar este espectro na cena. Outro motivo, que pode parecer meio ridículo mas acredite, é fator decisivo para música underground fazer sentido: o soundsystem!! Ao contrário de música comercial, cheia de vocais e os elementos principais nas frequencias médias, música underground tem todo um conteúdo especial e peculiar nos graves. Ela é mais “escura” e necessita de um bom soundsystem para fazer sentido e ter seu efeito de pista efetivo. Eu diria que 90% dos clubs brasileiros não têm soundsystems adequados, ou devidamente calibrados para a casa. Sinceramente não sei se faltam profissionais competentes trabalhando nesta área no Brasil, ou as casas negligenciam este investimento. Basta viajar para fora do Brasil e frequentar bons clubs que isso fica muito claro. Não precisa ir muito longe.

5 – Para encerrar. Conte para o Alataj, o que vocês podem adiantar de novidades em 2015. Gigs, releases, o que vem por aí?

Tem muita coisa boa vindo por aí. Umas delas é nossa 1a tour nos EUA que deverá ocorrer entre julho e agosto desse ano ainda. Em termos de lançamentos tem muita coisa legal: uma delas nossa estréia na Noir Music, e nosso novo EP na Suara, que está muito interessante na diversidade de tracks e ainda conta com uma colab com o nosso querido Leo Janeiro, que já está dando o que falar por aí.

Em breve também vai rolar um lançamento num importante label de Berlim, mas isso vou manter em segredo por enquanto!

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