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A música conecta

Alataj entrevista Olivier Giacomotto

Muito provavelmente o nome de Olivier Giacomotto tenha sido introduzido na sua biblioteca graças a um hit produzido no início de 2015, Bipolar Star, que tempos depois recebeu remixes inclusive de Victor Ruiz, Re:Axis e Animal Picnic & Aaryon. Com os dias passando, sua carreira foi tornando-se cada vez mais brilhante e grandiosa. Reste, de 2016, lançada em um EP que recebeu o remix de Raxon, também foi responsável por impulsioná-lo ainda mais longe.

Mas apesar destes dois sucessos particulares, Giacomotto mostrou muito mais à indústria da música. O francês possui incontáveis lançamento em seu catálogo, muitas collabs com John Acquaviva e UMEK e continua entregando ótimas produções seja com faixas autorais ou mesmo na posição de remixer, como Irieheaven, recebida em novembro do ano passado.

Preparando-se para uma nova vinda ao Brasil para tocar única e exclusivamente numa festa co-assinada pelo Alataj do núcleo catarinense Paradise Sessions, em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, no dia 15 de fevereiro, Olivier dedicou um tempinho de sua agenda para responder algumas perguntas a nossa equipe. Abaixo você conhece um pouco mais da história desse artista que tem muita para contar e compartilhar com a gente. 

Ingressos antecipados para a festa você encontra aqui.

Alataj: Olá, Olivier! Tudo bem? Muito obrigado por aceitar conversar com a gente! Seu contato com a música começou cedo, tocando piano aos 8 anos e logo depois tendo experiências com outros instrumentos, certo? Sua família sempre alimentou seu perfil musical? Houve algum tipo de receio da parte deles quando você decidiu que queria seguir uma carreira na música?

Olivier Giacomotto: Minha família sempre apoiou a mim e a minha paixão pela música. Havia instrumentos musicais espalhados pela casa enquanto eu crescia, piano, djembê, flautas, etc., minha mãe costumava tocar piano o tempo inteiro, cresci no ambiente certo. Mais tarde, minha família ficou mais preocupada quanto ao meu futuro já que eu tinha decidido seguir a carreira musical, meus pais pediram para eu terminar a faculdade antes de tentar qualquer coisa musical, e foi o que fiz. Levei alguns anos para fazer sucesso, mas agora vejo que foi um conselho sábio deles, ser artista é um pouco arriscado, o caminho é longo, com altos e baixos, bons e maus momentos… com bastante trabalho e paixão tive uma jornada tranquila.

Muito se fala sobre escolas diferentes dentro do techno. Detroit, Berlim, Paris, Amsterdam, Londres… cada uma dessas cidades revelou ao mundo uma forma diferente de enxergar o techno. Você cresceu e construiu sua carreira pela França, mas também já ficou alguns anos por Londres. Quão fundamental foram essas cidades no seu desenvolvimento artístico?

Cresci no sudoeste da França, longe da influência dessas grandes cidades, então fiz meu desenvolvimento artístico com fitas, CDs, vinis e shows durante a minha vida estudantil. Agora continuo absorvendo tudo ao meu redor, como as pessoas que conheço e músicas que ouço todos os dias, mas tenho que admitir que minha experiência em Londres, durante o ano 2000, foi um divisor de águas, principalmente porque conheci produtores e artistas certos, eles me inspiraram muito e indicaram onde seguir com a música.

Você considera que a cena francesa se encontra em transformação no atual momento? O que há de mais interessante acontecendo por aí e quais são os principais players da atualidade na sua visão?

Toda cena está em constante movimento, evolução e mudança, incluindo a França. Paris tem ótimos clubes, como Rex Club ou o Concrete, alguns estão fechados agora, outros estão abertos após 30 anos, como em qualquer outro lugar, a vida noturna é agitada pelas pessoas apaixonadas pela música, então a coisa mais importante são as pessoas com quem você conversa e compartilha emoções. Sobre os principais players, temos muitos… não consigo citar todos aqui. Laurent Garnier continua sendo, para mim, o melhor artista underground da França, com uma personalidade humilde e grandes conquistas.

+++ Conheça a história por trás do Rex Club, fundado por Laurent Garnier

Há muitas collabs suas com John Acquaviva, poderia nos contar um pouco mais sobre a relação profissional entre vocês?

Eu e John nos conhecemos 15 anos atrás graças ao nosso amigo em comum, Damon Jee. A história começou em um club em San Sebastian (Espanha), tocamos no mesmo local, então eu e Damon enviamos a ele algumas demos. Lançamos em sua gravadora Definitive Recordings, depois mais demos, gigs, etc,. até que me tornei o principal artista da gravadora e ajudei John como A&R durante 10 anos. Como não gostamos e não tocamos o mesmo som, Definitive Recordings está em pausa, mas ainda compartilhamos a mesma paixão e somos grandes amigos, temos jantares na minha casa sempre que nossas agendas permitem.

Você tem passado mais tempo dentro do estúdio atualmente ou fazendo tours? Há alguma preferências ou você ama as duas coisas na mesma proporção?

Estou toda semana no estúdio e todo fim de semana ao redor do mundo. Gosto dos dois. O estúdio fornece estabilidade, permite dar um passo para trás, ouvir, relaxar e criar. Enquanto as turnês trazem a oportunidade de conhecer pessoas e compartilhar a minha paixão com diferentes culturas e países. No fim, esses dois mundos são um bom equilíbrio para mim.

Li que há algum tempo atrás você começou a produzir músicas para filmes e trilhas sonoras de videogames… achei muito interessante! Vou te fazer algumas perguntas sobre isso, tudo bem? Quando isso começou exatamente, quais jogos e filmes já receberam suas músicas e qual sua produção favorita dentro deste universo? 

Esse tipo de criação começou há 12 anos graças ao meu editor Mark Quail, que tinha um bom relacionamento com a indústria de videogames. Foi assim que tive algumas de minhas faixas selecionadas para aquele jogo Midnight Club Los Angeles, da Rockstar Games. Depois trabalhei em um álbum com Terry Lynn, da Jamaica, e uma das faixas também foi selecionada para o filme de Hollywood “Date Night”, com Steve Carell, Tina Fey e Mark Wahlberg. Meu projeto preferido foi definitivamente quando produzi uma trilha sonora inteira para o filme americano “The Red Man”. Essa experiência foi tão imersiva e intensa, mal posso esperar para fazer novamente. Amo trabalhar nisso!

“Ideas are more important than technology”. Essa frase foi você mesmo quem disse há alguns anos em uma outra entrevista, e nós concordamos muito! Mas, afinal, de onde suas ideias surgem? Quais são suas maiores fontes de inspiração?

Difícil dizer, meu cérebro e corpo são como uma antena ou receptor, ouço coisas na minha cabeça quando trabalho e escolho o que sinto que é a melhor ideia… tudo ao meu redor pode ser uma fonte de inspiração. Trabalho como uma esponja, absorvo todas as coisas boas ao meu redor e as uso na música.

Em breve você estará tocando em uma festa no Brasil, a Paradise Sessions. Já tive a oportunidade de te ver no Warung também e lembro que foi uma apresentação muito marcante. Quais suas melhores lembranças do nosso país? Alguma experiência te marcou muito por aqui?

Tive muitas experiências incríveis no Brasil. Warung foi uma das minhas melhores, além de outro club chamado Vibe… adoraria voltar para tocar nestes dois lugares, a atmosfera é incrível!

Olivier Giacomotto no Warung, 2015 [Gu Remor]
Sobre o futuro: turnês, novidades, lançamentos… o que você pode nos contar?

Muitos remixes por vir, pelo menos três ou quatro antes de julho. Também tenho um novo EP pronto que sairá em breve pela Eleatics Records. Acho que estou quase pronto para criar minha própria label, contarei mais em breve.

Para finalizar, uma clássica do Alataj: o que a música representa em sua vida?

A música conecta.

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