Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Rebolledo

Excêntrico, imprevisível, criativo, ousado… Nenhuma das características mais comuns poderiam ser utilizadas para definir o perfil musical do mexicano Mauricio Rebolledo. Se você ainda não teve a oportunidade de vê-lo na pista, é só dar uma pesquisada nos seus releases para entender porque utilizamos os adjetivos acima. Suas produções são fora da curva, trazem guitarras, timbres estranhos e sons que não estamos acostumados a ouvir na música eletrônica, mas que de alguma forma encaixam muito bem.

Além da carreira solo, Rebolledo também é metade do Pachanga Boys ao lado de Aksel Schaufler aka Superpitcher, com quem produziu uma das músicas mais memoráveis da indústria eletrônica, Time, um verdadeiro hino. Com sua inquietude e curiosidade, também explorou o universo das gravadoras fundando a Hippie Dance em 2011, idealizou dois clubs, M.N. Roy, na Cidade do México, e TOPAZdeluxe, em Monterrey.

+++ Conheça mais a fundo 5 sublimes projetos de Rebolledo

Neste fim de semana, Rebolledo traz mais uma vez seu som psicodélico ao Brasil, com data marcada em dois importantes clubs daqui. Sexta-feira (13) ele estreia no Vibe, em Curitiba, e no dia seguinte (14) toca no CAOS, em Campinas, no aniversário de dois anos da casa. Mas antes de você entrar em estado de transe com o DJ set poderoso do mexicano, pode ir entrando no clima com o bate-papo que tivemos com ele de forma exclusiva:

Alataj: Olá, Mauricio! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Gostamos sempre de saber a história inicial do artista com a música eletrônica. Conta pra gente como você parou neste universo?

Rebolledo: Olá! É um prazer estar aqui compartilhando com vocês um pouco sobre mim. Tudo começou com a dança. Eu vim de uma cidade bem pequena (para os padrões mexicanos), cresci nos anos 80 e 90 com pouca exposição ao mundo exterior e as tendências… quase não existia internet. Sair na adolescência significava ouvir as 40 melhores músicas em clubs que vendem garrafas. Para ser sincero, era ruim, mas eu não conhecia nada melhor.

Por volta de 1999, quando me mudei para Monterrey, uma das maiores cidades do país, com um espectro cultural muito mais amplo para os meus estudos universitários, descobri o que eram os clubs underground. Fiquei extremamente animado, sair para dançar todo fim de semana se tornou um hábito. Em algum momento eu fiquei tão fascinado que pensei em tentar algo como hobby, o resto é história…

Já tivemos o prazer de te ver na pista uma vez no Warung Beach Club e percebemos logo de cara sua identidade singular. Suas músicas não são óbvias, nem mesmo suas apresentações, há sempre surpresas no meio do caminho com traços exóticos. Isso é algo natural seu? 

Sim, nunca planejei uma apresentação. Acredito em espontaneidade e adaptar-se a situações e contextos. Acho que o jeito que pareço é a forma natural com que me expresso.

+++ Assine nossa newsletter aqui para receber conteúdos diretamente por e-mail.

Se você mesmo fosse definir seu estilo de som ou, pelo menos, elencar as principais características dele, como seria? 

Sempre achei extremamente difícil definir meu próprio som, mas gosto de tomar como referência o que as outras pessoas falam… Alguns chamam de Tarantino do Techno. Axel Boman uma vez descreveu como Cowboy Trance, Matias Aguayo costumava chamar de Caveman Disco. A Groove Magazine da Alemanha uma vez citou como: ‘não é House, não é Techno, é Rebolledo’. De um jeito ou outro, acho que todas estão corretas [risos].

Sabemos que seu álbum de estreia pela Cómeme em 2011 foi um momento bem importante na sua carreira, mas desde então não houveram mais lançamentos por lá. Há algum motivo específico? Tem algo a ver com a fundação da Hippie Dance junto com Superpitcher?

Sim… Ao mesmo tempo estávamos criando a nossa própria gravadora, eu estava levando meu estilo a outra direção. Estive muito envolvido com a Cómeme durante os primeiros anos, meu álbum foi uma ótima forma de seguir adiante para novas aventuras.

Aproveitando… a gravadora irá lançar o primeiro release do ano daqui há alguns dias com Lasser Drakar. Optar por um número mais limitado de lançamentos é uma estratégia da gravadora ou você lida com a falta de tempo para manter uma consistência maior na Hippie Dance? Quais têm sido os desafios como headlabel dela?

Nunca procuramos coisas para lançar e não sentimos a necessidade de lançamentos constantes. Adoramos lançar as coisas incríveis que encontramos. Não importa se a distância entre os lançamentos for longa. Não lançamos apenas por lançar, gostamos de entrar no design dos discos… infelizmente, as vendas geralmente são baixas, então todo lançamento, por melhor que seja para os ouvintes, é sempre uma aposta financeira.

Apesar de você não possuir um catálogo muito grande de produções, você já lançou por várias gravadoras conceituadas. Natura Viva, DGTL Records, Bedrock, Crosstown Rebels, Suara, Toy Tonics… Como cada uma delas contribuiu na sua evolução enquanto artista?

Sempre tentei trabalhar próximo das gravadoras com as quais me relaciono, mas pedidos especiais de lançamentos, compilações ou remixes específicos levaram minha música a outras gravadoras respeitadas, o que ajudou a mostrar meu trabalho a outros públicos.

Grandes festivais ou clubs undergrounds: qual destes dois cenários oferece a você um ambiente mais confortável para você se expressar através da discotecagem?

Gosto de ambos se o contexto estiver certo… shows maiores requerem certa energia e foco em um curto espaço de tempo, lugares menores oferecem uma liberdade especial para explorar.

Após mais de dois anos você estará de volta ao Brasil, dessa vez estreando no Club Vibe e no CAOS. Da última vez, o que você pode observar a respeito da atmosfera do público brasileiro? Qual a sua expectativa para este retorno?

Nas poucas vezes que eu estive no Brasil o público foi incrível. Muito animado, autêntico e livre… mal posso esperar para voltar e viver isso novamente!

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida? Obrigado pelo seu tempo! 

A música é quase uma fuga para mim. É uma forma de fazer da realidade um lugar melhor. Obrigado!

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024