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A música conecta

Chegou a hora e a vez de Sidney Charles

Por Alan Medeiros em Entrevistas 16.02.2016

Em 2013, Sidney Charles surpreendeu parte da comunidade internacional ao debutar no top 100 do Resident Advisor sem muito reconhecimento. Hoje, é díficil encontrar um DJ dentro das cenas techno e house que não tenha se rendido a pelo menos uma faixa desse jovem artista de Hamburgo, que ganhou traços do mundo após morar em Berlim e Londres.

Sidney traz “Hurricane” em seu sobrenome e isso por si só já diz muito de sua personalidade artística. Tanto nos decks, quanto no estúdio ele é absolutamente arrebatador. Dono de um house enérgico e de um techno dinâmico, este alemão parece ignorar as barreiras que separam as duas vertentes mais populares da dance music.

Há um rico background musical que contribuiu para evolução de Charles mesmo ainda muito jovem dentro do pelotão dos principais DJs da Europa. Jacking beats, hip hop, soul e funk desempenharam papel importante na construção de sua identidade, que hoje é bem marcante.

Após rodar pela Europa toda, assinar uma noite elogiadíssima na última temporada de Ibiza e emplacar diversos EPs de sucesso, Sidney estreou nas pistas brasileiras no último mês. Foram duas gigs importantes, no Terraza em Floripa e no Sirena em Maresias. O momento é bom e ele está empolgado após releases expressivos por labels como Avotre, Hot Creations e Truesoul. Se alguém ainda duvidada, agora não restam mais pontos de interrogações: chegou a hora e a vez de Sidney Charles mostrar ao mundo, por que seu som veio pra ficar.

A música conecta as pessoas!

1 – Olá, Sidney! É um prazer falar com você. Podemos inciar a conversa falando sobre o seu ano de 2015. Tivemos o lançamento do álbum House Lessions e importantes EPs por Truesoul, Hot Creations, entre outros selos. O que você destacaria de mais importante e gratificante nessa temporada?

Obrigado, companheiro! Bom falar com você.

Ano passado eu investi muito tempo no estúdio e fiquei muito feliz com os resultados. Ainda estou no processo de aprendizagem e vi este progresso indo muito bem. Normalmente não produzo uma faixa pensando em determinado rótulo, prefiro começar livre e ver o que acontece. Então, eu estou muito feliz por ter tantas pessoas me aponhando no DJing e produção.

Uma das experiências mais memoráveis de 2015 foi fechar a pista da Space Ibiza na Season Opening. É um lugar deslumbrante, que todos os DJs sonham em tocar. Fui para Argentina pela primeira vez em Março e também em Dezembro. Em 2016, já tive minha primeira tour no Brasil, em Janeiro. Sou muito abençoado por ser capaz de conhecer todos esses lugares maravilhosos, alcançando as pessoas através da minha música.

2 – Além de uma intensa maratona de lançamentos, você também assinou uma noite junto ao Santé e o Darius Syrossian, que foi a Do Not Sleep. Conte um pouco como foi desenvolver esse trabalho em Ibiza.

Do Not Sleep foi criada a partir da nossa decisão de deixar outro club, chamado Sankeys. Santé, Darius e eu possuímos uma visão semelhante de como podemos levar nosso som para a multidão em Ibiza. Tivemos ajuda de promoters experientes da Ilha, que tornaram muito mais fácil colocar nossas ideias em prática. Começamos nossa residência em Junho e seguimos com todos os domingos até Setembro. O público foi fantástico e a energia foi surpreendente em todos os shows que tivemos. O local possuía o tamanho ideal e nós fomos muito felizes na escolha dos artistas para o line up. No fim fomos convidados a levar a Do Not Sleep para o fechamento da Space Ibiza, o que foi incrível para nossa primeira temporada.

3 – Você possui uma carreira fortemente ligada a house music, mas também se mostra muito talentoso produzindo techno. Como consegue criar uma identidade tão interessante flutuando entre esses dois estilos?

Eu acho que meu som house é muito enérgico e particularmente amo combinar grooves de house com batidas techno, ou ao contrário. No geral, também tenho a impressão de que house e techno não são 100% separáveis. Especialmente hoje em dia ambos os estilos estão “derretendo” muito e eu amo isso, porque dá mais liberdade criativa para tocar sets com dinâmica, cheios de “ups & downs”.

4 – No inicio de sua carreira, você teve um relacionamento muito forte com a cena de Hamburgo. Hoje, devido a uma agenda que inclui gigs constantes em outros países, imagino que você tem tocado menos em sua cidade natal. Como é seu relacionamento com os clubbers de Hamburgo? Ainda hoje é especial para você tocar por lá?

A cena em Hamburgo é muito pequena. Há poucos clubs que promovem festas de house underground e techno. Quando eu morava em Hamburgo, também me mantinha ativo como promoter. Especialmente depois que me mudei para Berlim e Londres, meu som mudou muito e minhas produções começaram a evoluir.

Raramente toco em Hamburgo. A maioria das vezes que estou por lá, faço shows de caridade junto com alguns amigos durante o Natal. É especial para mim por que sempre reencontro um monte de velhos amigos que não vejo a anos, então conversamos e trocamos novas histórias e experiências.

5- Sobre o Brasil, há algum DJ ou produtor brasileiro que você tem observado nos últimos tempos?

Sim! Eu amei o mais recente álbum de Gui Boratto. Ele é um produtor excepcional, levo um monte de faixas dele no meu case.

6 – Para finalizar, uma pergunta bastante pessoal. O que a música eletrônica representa em sua vida?

Na minha vida a criatividade desempenha um grande papel e eu encontrei a música eletrônica para viver essa parte de mim que é o desejo por momentos de inspiração o tempo todo. Ela me traz paz em vários momentos e eu me sinto realmente feliz por ser capaz de viver esse meu lado como um DJ ou produtor.

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