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A música conecta

Alataj Invites | Quase 30 anos de estrada dão uma visão privilegiada para Tim Healey

Por Alan Medeiros em Entrevistas 20.10.2017

Não se deixe enganar por alguns trabalhos de alcance mais popular na carreira do britânico Tim Healey, seu legado deixado para a dance music britânica é de considerável importância e sua assinatura musical é versátil ao ponto de englobar traços do house, techno e até mesmo electro em algumas situações.

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The Prodigy, Chemical Brothers, Deadmau5 e até mesmo David Guetta serviram de inspiração para Tim construir seu catálogo, hoje composto por uma diversidade de trabalhos que incluem remixes para lendas do pop, rock e indie, além de frequentes aparições em programas de rádio comandados por nomes como Pete Tong e Annie Mac na BBC Radio 1.

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Recentemente, Healey esteve no Brasil e nós tivemos a oportunidade de conversar um pouco com o artista, que também preparou uma playlist exclusiva para o nosso Spotify. Ele acaba de lançar a Surfer Rosa Records, seu novo label que abrigou o álbum Rest in Beats. Saiba como foi o bate-papo:

1 – Olá, Tim! É um prazer falar com você. Sua primeira experiência em uma rave foi na década de 90, certo? De lá pra cá, o que exatamente mudou na forma como a sociedade enxerga a música eletrônica?

A música eletrônica é mainstream agora – então, muita coisa mudou – foi há quase 30 anos. Lembro em 1990, havia um grande debate na imprensa musical do Reino Unido: bateristas reais x baterias eletrônicas – todas as bandas diziam “nós só teremos bateristas”, e um pequeno grupo dizia: “nós usamos bateria eletrônica”, e você tinha que escolher um lado – eletrônica ou ao vivo. É tão incrível agora, quando eu ligo o rádio em 2017, tudo que escuto são baterias eletrônicas. Música eletrônica é a norma nos dias de hoje. Não era assim antes. Fui a minha primeira rave em 1990, cheguei na universidade e ninguém havia ido a uma rave, então organizei uma – foi um enorme sucesso – e nos anos seguintes, eu trouxe bandas como Primal Scream, Utah Saints e The Orb para tocar no meu evento. Foi um momento mágico de descobertas.

2 – The Prodigy, Chemical Brothers e Deadmau5 são artistas citados em sua bio. Como cada um deles influenciou a construção de seu perfil sonoro até aqui?

Em sua própria maneira cada um desses atos me influenciou muito. Prodigy e Chemical Brothers são duas bandas fenomenais. O LP Fat of the land do Prodigy está completando 20 anos – continua fresco como uma margarida – como se tivesse sido produzido ontem. Chemical Brothers têm produzido consistentemente – todos os seus álbuns são jornadas épicas. Deadmau5 era grande, volumoso e experimental… não tenho acompanhado seus últimos trabalhos, ele é muito talentoso, espero que volte a ser mais experimental.

3 – Você possui alguns trabalhos notáveis como remixer. Esse formato de produção te deixa confortável para trabalhar no estúdio?

Sim, 100%. Gosto muito de trabalhar na música de outra pessoa. Você tem uma desculpa para usar suas melodias e misturá-las com as melhores batidas e baixos que você pode fazer.

4 – Recentemente, você ficou dois anos afastado da cena eletrônica para administrar seu próprio restaurante em Brighton. O que esse período fora do cenário te trouxe de melhor?

Eu gosto muito de cuidar do meu restaurante e aprender sobre todas as comidas e bebidas que armazenamos. Ter um restaurante no meio de Brighton, no Reino Unido, é uma verdadeira realização. Mas a melhor coisa foi ter voltado para a música, foi como ter encontrado um velho grande amigo. Me sinto mais focado do que nunca e a música que estou gravando este ano é future/retro deep acid house. É preparada para a destruição na pista.

5 – Quanto a DB Stereo. Como tem sido trabalhar no desenvolvimento desse projeto? O que você pode adiantar de novidades pra gente em relação a isso?

Eu e Tom (Tomcraft) temos grandes planos para o nosso label, estamos lançando faixas originais assinadas por mim, Tomcraft, Bennun & Healey, e acabamos de assinar um novo single com Lee Coombs – um som incrível. Ano que vem faremos um pequeno festival, assim que tiver mais informações, avisarei vocês.

6 – Desde 2001 você tem mantido um relacionamento muito forte com o Brasil, não é mesmo? Agora, mais de 15 anos depois, quais são as melhores recordações que você tem em relação ao nosso país?

O Brasil é o país mais bonito. Tive a sorte grande de tocar pra cima e pra baixo ao redor do país, de Belém a Porto Alegre, tudo muito diferente. Toquei em festas privadas, eventos corporativos, pequenos clubes, grandes clubes, festivais e no ano novo na praia para um milhão de pessoas. Adoro as cidades grandes como São Paulo e Rio, e os lugares mais relaxantes como a locação do Universo Paralelo, na Bahia. Um dos eventos mais memoráveis foi quando toquei a primeira vez no 180 Degrees em Ubatuba, depois da festa, eles alugaram um barco grande, carregaram de cervejas e um sound system, muitas pessoas estavam à bordo. Lembro de tocar no barco com uma linda praia na nossa frente, deslumbrante. 

7 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Uma oportunidade de viver a sua vida da maneira que escolher: a música me levou ao redor do mundo muitas vezes – de tocar no Fuji Rock Festival (Japão) ao Burning Man no deserto de Nevada. Amo experimentar culturas diferentes e suas histórias, costumes, comidas, bebidas… e festas. Fiz músicas para TV, filmes, produzi bandas de indie rock e rappers. Mas acima de tudo, música é uma forma de arte e sou privilegiado de ganhar a vida com ela.

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