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A música conecta

Special Series | Solomun

Por Manoel Cirilo em Special Series 15.07.2019

Os clubs, festas e demais estabelecimentos de entretenimento possuem em sua existência histórica uma função social de oferecer a seus frequentadores um contraponto à rotina de trabalho, muitas vezes exaustiva, e de integrar pessoas, diminuindo as barreiras de contato encontradas na sociedade. A figura do DJ, por sua vez, é uma das mais importantes para o cumprimento do propósito desses ambientes, por despertar as emoções do público com suas construções sonoras. Um dos players da dance music conhecido por explorar bem essa conexão emocional com o público nas pistas é o bósnio Solomun.

Muitos acreditam que o artista é alemão, mas a verdade é que ele nasceu em Travnik, na atual Bósnia e Herzegovina, tendo se mudado para Hamburgo, na Alemanha, junto com os pais quando ainda era criança, cidade onde conheceu a música eletrônica e iniciou a carreira que hoje soma mais de 15 anos. Ele teve seu primeiro contato com a arte da discotecagem aos 16 anos, tocando em uma matinê chamada House Of The Youth, mas foi somente uma década depois que ele começou a atuar profissionalmente como DJ e produtor.

Antes de se entregar ao mundo underground e transformar sua criatividade musical em profissão, Solomun percorreu um caminho bem diferente. Quando ainda era adolescente, seu talento em campo o levou a ser convidado para fazer parte da seleção de futebol sub-16 da Alemanha, que recusou por não ser seu país natal. No início da vida adulta, ele tentou seguir o caminho do pai no ramo da construção civil, até perceber que seu lado artístico falava mais alto e abrir uma empresa de produção cinematográfica, encerrada em pouco tempo. E então, finalmente, a música tomou seu lugar na vida profissional dele.

+++ Aproveite e leia também nossa entrevista com o duo ucraniano ARTBAT.

Solomun foi inserido na cena eletrônica alemã em 2002 e desde 2005 comanda o mundialmente conhecido selo Diynamic, que tem nomes como Stimming, Adriatique e Magdalena em seu casting, mas foi somente em 2011 que ganhou projeção internacional, após remixar a faixa Around do duo Noir & Haze. O coroamento máximo de seu trabalho veio no ano seguinte, após ter sido eleito DJ do ano pela Mixmag, anúncio que catapultou sua carreira internacionalmente, a qual não parou de crescer desde então.

A perícia de Solomun na condução das pistas é algo que conquista a todos que o assistem, seu carisma e sua capacidade de percepção do público criam uma sinergia intensa em todos os lugares onde ele se apresenta e transformam seus sets em uma experiência para ser lembrada. Não à toa, a presença do artista é sinônimo de casa cheia por onde ele passa e em seu currículo constam performances em grandes clubs e festivais do circuito internacional, especialmente no Brasil. O artista é um apaixonado declarado pelo nosso país e faz turnês anuais por aqui, sendo o Warung Beach Club, um de seus clubs favoritos, destino certo em suas viagens pra cá.

Apesar de ter surgido em meio à cena underground e ser apontado como um importante nome da house music atual, Solomun conseguiu criar (e, mais importante que isso, sustentar até hoje) uma identidade musical própria, que recebe influências do hip-hop, soul, funk e disco e é facilmente reconhecida por aqueles que já tenham ouvido seu som alguma vez. Esse estilo musical particular também permitiu que o artista expandisse seu alcance a diferentes públicos, se inserindo também em um recorte mais comercial da indústria eletrônica.

A maior prova de sua elasticidade musical, que em nenhum momento perde a consistência, é sua famosa residência Solomun +1 que acontece na Pacha Ibiza durante todo verão desde 2013. O sucesso desse projeto abriu caminho para sua segunda residência, Solomun +Live, no Ushuaia, na qual ele performa sozinho fazendo long sets de live act em eventos diurnos realizados a céu aberto.

Atualmente, Solomun ainda mantém sob o guarda-chuva de sua atuação o selo 2DIY4, uma sub-label da gravadora Diynamic que foca em produções mais indie, de apelo visceral, e também o Diynamic Radio Show, programa de rádio de sua gravadora que é transmitido em mais de 30 países. Toda essa empreitada profissional resume de maneira clara o lema defendido pelo artista de “faça você mesmo – do inglês DIY”, compartilhado com o selo que comando ao lado de Adriano Trolio. No fim, para ele, a única coisa que importa é fazer música com emoção e fazer as pessoas se emocionarem com seu som. E faz isso muito bem.

A música conecta.

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