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A música conecta

Pedro Turra está explorando novos horizontes com o projeto Dro-P

Por Redação Alataj em Troally 05.05.2016

O que faz um artista que possui carreira consolidada, buscar a conquista de novos horizontes? Pedro Turra já escreveu capítulos importantes da história do techno no Brasil a frente do Click Box, um dos projetos brasileiros de maior sucesso dentro da vertente nos últimos anos. Agora, ele divide as atenções e seu tempo no estúdio com o Dro-P, nova alcunha artística que busca explorar uma paleta de sons sofisticada e atemporal. Conversamos com Pedro que nos contou detalhes desse novo projeto. Música de verdade, por gente que faz a diferença!

1. Olá Pedro, é um prazer falar com você. Bom pra começarmos, todo mundo te conhece como o Pedro Turra do Click Box, projeto que você conseguiu construir uma carreira consolidada na Europa e Estado Unidos, através de EPs e trabalhos em conjuntos com os maiores nome do Techno mundial. Mesmo depois de todos esse reconhecimento, gostaria de saber qual foi a principal razão que você teve pra criar do Dro-P?

Olá! Prazer é todo meu falar com você aqui no Troally, vamos lá!
Sim, com o Click Box tive o prazer de trabalhar ao lado de artistas como Richie Hawtin, Marc Houle, Magda, Troy Pierce, Alexi Delano, Anderson Noise e mais um monte de outros caras de renome da cena eletrônica mundial mas eu sou uma pessoa que estou sempre buscando por mais na minha vida, sempre me renovando para nunca me manter na zona de conforto e isso tudo, principalmente, quando se fala na questão da música dentro da minha vida. O Dro-P já era uma vontade que tenho há muito tempo e vejo que como tudo na vida tem sua hora certa, agora é a hora certa de embarcar nessa nova fase e com a sorte de ter toda essa bagagem musical dentro da cena mundial, aproveitando tudo que absorvi de referências por lugares aonde passei, DJs e artistas que escuto e escutei e também não deixando para trás as minhas grandes referências que vão do funky ao eletrônico.

2. Escutando o EP desse novo projeto teu, encontrei um som mais elaborado, com um trabalho a mais em muitos elementos e um estilo bem diferente do Click Box. Quando e como você começou a escutar essa linha? É algo mais intimo do seu “eu artístico”?

Sim, são estilos diferentes, continuo gostando muito do que eu faço com o Click Box mas chegou em um momento que eu me senti preso dentro de um quadrado que eu tinha 2 alternativas que eram: ou mudar de vez o som do Click Box mas com isso deixaria meu outro lado de fora ou então iniciar um novo projeto aonde eu pudesse ir mais além e explorar um lado musical que eu sempre gostei muito. No meu ver esse tipo de som sempre existiu e não é nada novo, artistas como Ricardo Villalobos, Fumiya Tanaka, Daniel Bell e selos como Perlon fazem isso há muito tempo, talvez agora seja o “boom” por causa dos romenos, a maioria deles apadrinhados pelo Ricardo? Talvez né? Eu pelo menos sinto isso. Escutando umas das primeiras tracks do Click Box eu encontro essa sonoridade, tracks produzidas por mim em 2004, 2005, 2006. Enfim, pra mim a música é cíclica, talvez hoje nós temos muita coisa ruim por aí e pessoas com um gosto mais aguçado acabam buscando o novo e caindo novamente nas raízes dentro do underground. Esse som sempre foi o som do underground, ele nunca foi parar no mainstream, basta escutar coisas antigas de 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 em diante de artistas como Akufen, Narcotic Syntax, Mike Shannon, Franco Cinneli, Zip, Cassy, Sammy Dee, o próprio Ricardo (que possui tracks anteriores a 1999 com essa sonoridade), Luciano, Marco Carola, etc. Música boa sempre vai ser boa, mesmo como falamos acima do Click Box ser diferente do Dro-P, se você escutar meu último lançamento do Click Box, pelo selo alemão Trapez você verá que o próprio Click Box está soando mais como Dro-P do que como o Click Box que estávamos acostumados.

3. O Minimal e Micro-House no Brasil são vertenes que tem começado a ter seu espaço nas festas independentes e clubs país a fora, com isso estão surgindo artistas de qualidade, tanto como Dj tanto como produtor. Dee Bufato, Wesley Razzy, Doriva Rozek, Oliver Gattermayr são alguns bons exemplos disso. Mesmo sendo um som de pista essa cena é uma cena diferente que vem crescendo aos poucos. Como você enxerga a aceitação do publico nesse estilo que é um som mais pensante e que foge um pouco do que a galera está acostumada a ouvir.

Estou achando isso ótimo. É um estilo de música muito mais gostoso de se escutar, mais leve, é house, deep house de verdade, diferente de muita coisa que se rotula como deep house por aí, principalmente aqui no Brasil. É um som que tem groove, é funky, percursivo, de bpm agradável… enfim, espero que desta vez isso venha para ficar aqui no Brasil apesar de ter visto acontecer lá atrás, o próprio Sónar SP em sua primeira edição em 2004 teve bastante minimal e micro-house, na mesma época e até mesmo antes disso artistas como eu, Nicolas Lutz, George ACTV e mais vários outros vinham tocando esse tipo de som por aqui. Logo depois, ao meu ver a cena deu uma mudada com a chegada da cultura digital e a maneira de tocar as músicas. DJs como Richie Hawtin, Dubfire e outros, influenciaram bastante a galera por aí fazendo com que o som mudasse. É cíclico, o que os caras fazem é muito bom mas a maneira de como é executado com vários decks, loops, controles, influenciaram bastante e com isso mudou a característica da música. O som ficou mais pesado, o techno mais denso, mais carregado, tecnológico, e muitos de nós fomos para esse lado, eu mesmo acabei indo. Isso também fez com que o jeito que você produzia uma track em estúdio mudasse, você sempre ia buscar o resultado final parecido com o jeito com que você escutava na pista, logo se criou um “novo estilo” mas esse em questão nunca morreu, como eu disse, basta pesquisar que vocês vão encontrar muita coisa feita anos atrás nessa linha.

Outra coisa que é bem bacana é que agora está voltando a acontecer o que acontecia antes que além dos clubs, vários núcleos de festas estão fazendo muita coisa legal por ai, tudo isso acontecendo ao mesmo tempo e abrindo mais uma vez o espaço para o som underground e novos artistas. Sem contar a cultura do vinil que voltou à tona com força total. O Minimal e o Micro-House são estilos que combinam totalmente com o vinil, essa nova e velha galera tem investido bastante nisso e logo espalhando esses estilos por aqui. Mas enfim, também não acho que tudo dependa somente dos discos, eu mesmo acabo recebendo os promos em disco, ou comprando e logo depois digitalizo pois me sinto confortável em tocar com CDJs. Tem também muita coisa que vai sair em vinil mas chega antes na sua caixa postal em formato digital. O jeito que vai ser executado não importa, importa sim o que você vai escutar na pista. Pelo menos eu penso assim.

4. Quais são os planos futuros para esse projeto? Gigs, lançamentos, parcerias, o que vem por aí?

Em setembro sai o meu primeiro Dro-P EP pelo selo inglês Wavetech, estou com mais um programado para sair nos próximos meses que vai ter remixes do argentino Nina Soul, do russo Rabotnic e também Stefan Dichev, o qual estou finalizando um collab EP. As gravadoras ainda não posso divulgar pois estamos em negociação com mais de um selo, selos que lançam vinyl only e de grande respeito, estou bem feliz com tudo isso. Agora em Julho, depois de voltar da minha nova turnê Live do Click Box na Europa volto com a minha festa Crib, estamos decidindo line-up, com certeza vamos trazer alguém inédito e relacionado ao estilo, logo mais terei novidades. Além de tudo isso, nos próximos meses tenho para sair do Click Box: uma música em um V.A em vinil pelo selo mexicano Tlaloc, um colab EP junto do meu amigo Alexi Delano que ainda estamos decidindo o selo mas será em vinil, outro com o francês Remain que sairá pela Meant Records em vinil e digital e por último, um solo do Click Box pelo novo selo francês Curiosity Music que também sairá em vinil. Esse último também podemos dizer que tem muito mais de Dro-P do que Click Box em sua sonoridade, talvez quem sabe as coisas não se unifiquem em um futuro próximo?!?

5.Para finalizar, o que a música significa para você?

Minha vida, meu amor, meu maior amor!

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