Há um debate contínuo sobre se os traços que os seres humanos carregam pela vida são determinados no nascimento, como resultado de herança genética, ou se nós somos manifestados por conta do ambiente em que somos criados. No caso da dupla The Primitive Soul, formada por Lucas Bittencourt e Ricky Raimundi, nós ficamos com a segunda opção.
Eles nasceram e cresceram em um dos locais mais férteis quando o assunto é música eletrônica: o litoral catarinense, mais precisamente em Balneário Camboriú, cidade com uma vida noturna agitada e que passa bem longe de ser um lugar desinteressante. Individualmente, ambos já produzem há quase 10 anos, mas foi apenas em 2015 que decidiram dar vida a um projeto lado a lado, projetando um caminho juntos no futuro.
“Começamos com um amor pelo Deep House, era o que mais rolava na época e achávamos que tinha mais fácil acesso. Mas sempre gostamos de frequentar o Warung, isso nos ajudou a moldar nossa identidade sonora atual. Aos poucos, percebemos que o techno melódico realmente mexia com a gente, foi onde nos encontramos musicalmente”, revelou Ricky.
Durante três anos, aperfeiçoaram a ideia e trabalharam “no escuro” produzindo materiais autorais, até que em novembro de 2018 chegou o primeiro EP, Deep In The Ocean, trabalho lançado por uma gravadora britânica independente, GNE Music. Ficou claro o que estava surgindo: um duo que apostaria nas linhas melódicas e profundas do techno, inspirados pela imensidão do mar e curiosos para desbravar caminhos sombrios e desconhecidos.
Já neste ano, a dupla engatou mais um lançamento, desta vez um EP batizado de Je T’Aime, assinado pela IN2U Records. A inspiração para o nome veio da expressão francesa Je T’Aime que significa “Eu te amo” em português. A origem deste amor? Provavelmente pela arte da criação ou, quem sabe, algum amor antigo que acabou se traduzindo em forma de música — fica o mistério no ar. A faixa-título ainda recebeu um remix pelo headlabel da gravadora, Galvano.
Em outubro, Lucas e Ricky foram buscar inspiração na meca da música eletrônica underground, passando pela Alemanha, Holanda e Bélgica. “A viagem à Europa ajudou a alimentar ainda mais nossa identidade dentro do techno melódico, lá esse estilo é muito forte e temos visto que está crescendo por aqui”, comentou Lucas. De volta ao Brasil, a dupla chegou com novidades para mostrar.
Na segunda-feira (16), o The Primitive Soul estrelou em um VA da gravadora Kaligo Records, Morphe Vol. I. O duo está junto de outros grandes nomes da cena underground nacional como ZAC, Who Else, Touchtalk e Andre Gazolla, além de outros produtores em ascensão. NGC 4650A está entre as 21 faixas presentes no release e se destaca pelos seus sintetizadores melancólicos alinhados à uma bassline forte e progressive, característica do projeto. Ouça abaixo:
A próxima data confirmada do projeto é no dia 24 de janeiro, no At Home, em Itajaí, ao lado de Mari-Anna, Nezello e um outro convidado especial ainda não confirmado, mas que promete ser um nome de peso.
A música conecta.