Como é bom relembrar de músicas que marcaram períodos na história da cena clubber, não é mesmo? Quase sempre, músicas que acabam se tornando seminais atingem uma quantidade enorme de cópias vendidas e figuram o topo de charts pelo mundo, moldando assim a próxima tendência a ser explorada pelos DJ e produtores. Outro fator importante de relembrarmos músicas que foram – e ainda são – icônicas é de que o público que consome música eletrônica está sempre se renovando, é preciso mostrar o porquê e de onde veio a música que esse recém-chegado está ouvindo e adorando.
No dia de hoje, nossa máquina do tempo chamada Iconic vai te levar para a Inglaterra da segunda metade dos anos 90, época em que a House Music e o Techno caminhavam tão próximas que foi necessário criar uma nova nomenclatura para essa fusão, o Tech House. Artistas como Mr C, Pure Science e Terry Francis contribuíram para que o movimento Tech House acontecesse, porém, hoje o foco é no team up de Matthew Benjamin e Layo Paskin, DJs estabelecidos desde a era Acid House, que foram nada menos que Layo & Bushwacka!. Desde o seu lançamento de estreia, Low Life, album de 1998, o duo esteve nos holofotes e cases dos DJs mundo afora. Em 1999 o single Deep South, que é uma mistura de tribal, breaks e elementos de jazz, também foi um grande sucesso nas pistas britânicas, mas foi somente no ano seguinte que Layo & Bushwacka! despertaram os olhares e ouvidos do mundo todo com Love Story.
Em uma antiga entrevista, Bushwacka conta que logo após Love Story ser finalizada – que até então não tinha nome -, ela foi deixada de lado, Layo não queria lançar de forma oficial e então somente 500 cópias em formato promo – quando não há informações sobre artista e música -foram prensadas. O sucesso dessa música foi instântaneo, todos os artistas que receberam o promo a estavam tocando. Na Argentina, Love Song – como o promo era chamado e deu origem ao nome Love Story – era a música mais pedida nas pistas. Bushwacka conta que em um Skol Beats ele viu Judge Jules, Jeff Mills, Laurent Garnier e Pete Tong tocarem Love Story no mesmo dia em tendas diferentes. Foi nesse momento que o duo entendeu o potencial da música e lançou de forma oficial Love Story no ano de 2000 pela End Recordings, que era comandanda por Mr C e Layo.

Mas como o vocal de Finally do trio Kings of Tomorrow foi parar emLove Story? Em 2002, a música ganhou nova vida com um EP remixes pela então jovem e recém-criada por Layo e Bushwacka!, XL Recordings. Tim Deluxe, Blue States e o próprio Bushwacka! se encarregaram de dar nova roupagem a música que já era um hit incondicional. Durante uma apresentação na primeira edição do Creamfields na Argentina, Bushwacka! decidiu que encaixaria o vocal de Finally em Love Story e o que já era hit se tornou Icônico, o público ali presente foi a loucura e a decisão de tornar esse bootleg, que foi feito quase que sem querer, em uma versão oficial foi tomada no palco mesmo. A versão de Tim Deluxe foi escolhida para receber o vocal de Finally por ser mais DJ friendly e pela terceira vez Love Story foi lançada, alcançando andares ainda mais altos que as versões anteriores.
É possível identificar que a linha de baixo de Love Story veio da música Mongoloid da banda synth-pop-punk Devo e que os vocais da versão original são de Nina Simone, apesar de que é quase que impossível entender o que ela diz por conta de como o sample foi usado. Com isso, nossa viagem a Inglaterra do final dos anos 90 se encerra, sabendo que essa música fez frente a movimentos que estavam dominando o cenário como o Electroclash e Pop Eletrônico e, por conta disso, manteve mais do que acesa a chama da House Music em todas as pistas do mundo.
Câmbio e desligo.
A música conecta.