Existem faixas que nos tocam de forma excepcional, que além de guardarmos com todo cuidado em nosso Top 10 particular, se tornam verdadeiros mantras para grandes momentos de nossas vidas, e muitas vezes ainda despertam a seguinte questão: “no que o produtor estava pensando quando fez essa música?”. Pois para a faixa que apresentaremos nesta edição da Iconic, Maceo Plex e Gabriel Ananda certamente estavam inspirados por algo quase divino.
Lançada em 2014 pela Ellum Audio, Solitary Daze é fruto de uma colaboração inusitada entre Maceo Plex e o produtor Gabriel Ananda. Tudo começou quando Eric Estornel – conhecido por seus inúmeros e talentosos aliases como Maceo Plex, Maetrik, Mariel Ito, Jell Cell, Jupiter Jazz – ouviu pela primeira vez um sketch de uma faixa antiga de Ananda, que na época se apresentava através da alcunha Daze. A faixa se chamava Song One e havia sido produzida em 2001, estando perdida nos arquivos de Ananda, mas por acaso Plex a encontrou e teve interesse em remixa-la. Foi então que decidiram dar uma nova roupagem à faixa, aproveitando a essência original e readaptando com os toques preciosos de Maceo Plex, e finalmente rebatizando a canção.
O trabalho resultou em uma obra-prima inspiradora, através da faixa que soa como uma peça musical. Mergulhando em uma linha de órgão vibrante e profunda, bem como swells de sintetizadores etéreos, sua arma principal é um efeito doppler nos strings que se espalham pela faixa, eventualmente explodindo em um drive distorcido. Trazendo sensações ora sombrias, ora revigorantes, Solitary Daze é um misto de tensão, alívio, celebração e delírio.
Quando lançada através de seu EP homônimo pela Ellum, Solitary Daze ganhou outras suas versões remixadas por Barnt e North Lake que levou a faixa para leituras bem diferentes porém, preservando seu núcleo essencial. Solitary Daze foi um sucesso estrondoso alcançando os top charts do Beatport e de tantas outras plataformas digitais, sendo até hoje protagonista dos sets de pistas de diversos clubes do mundo.
Confesso que a primeira vez que escutei Solitary Daze, um amigo me pediu para parar o que estava fazendo e me entregar aos próximos 7 minutos e meio que estavam por vir. A experiência ímpar que experimentei durante aquela viagem sonora foi algo transcendental, desde sua primeira descarga de energia na entrada do bassline triunfal, até às ambiências orquestrais que levam ao auge da faixa. A experiência que se perpetua até hoje quando ouço Solitary Daze, ganhou o clímax especial quando Maceo Plex encerrou sua apresentação no Warung Beach Club no carnaval de 2017, com o nascer do sol coroando a energia especial da faixa, e emocionando toda a multidão que lotava a pista principal.
A música conecta.