A gravadora Kalahari Oyster Cult, sediada em Amsterdã, anunciou a retirada de todo o seu catálogo do Spotify após a confirmação de que Daniel Ek, CEO da plataforma, liderou um novo investimento de €600 milhões na empresa de tecnologia militar Helsing. Fundada por Rey Colino em 2017, a Kalahari se consolidou como referência entre selos independentes voltados a club culture, lançando artistas como S.A.M, Roza Terenzi, Fantastic Man, Sansibar, Maara, Reptant e Kosh. A decisão, segundo a própria gravadora, foi tomada em consulta com os artistas envolvidos, e será efetivada a partir de 1º de julho.
Em comunicado oficial, o selo afirmou que manter suas faixas em uma plataforma dirigida por alguém que financia “ferramentas de guerra, vigilância e violência” contraria os princípios que orientam seu trabalho. O protesto vai além do episódio recente: expõe também o modelo estrutural de exploração e desvalorização de artistas que sustenta o streaming digital, especialmente em grandes plataformas. “Spotify construiu seu negócio desvalorizando quem dá vida a ele”, conclui o texto.
O movimento da Kalahari adiciona nova camada ao crescente desconforto com o posicionamento público de Daniel Ek, que já havia investido €100 milhões na mesma empresa em 2021. A nova rodada de financiamento eleva o valor de mercado da Helsing a €12 bilhões, em um momento em que a relação entre música, tecnologia e ética empresarial se torna cada vez mais tensionada. Ao se posicionar contra essa lógica, a Kalahari reforça o papel dos selos independentes como agentes críticos e conscientes dentro da indústria.