Adivinha doutor, quem tá de volta na praça? Isso mesmo, hoje é quinta-feira e com ela ninguém menos que a queridinha dos saudosistas, a Iconic, está de volta em mais uma edição que fará seu subconsciente cantar. Aliás, quero deixar aqui meu singelo obrigado a minha colega de trabalho Maria Angélica Parmigiani, que nos últimos tempos tem agraciado todos nós através desta coluna, trazendo à vida novamente aquela música que você cantou e dançou horrores há 15 anos e hoje nega.
Acho que não tem como enrolar sobre qual música iremos revisitar hoje, não é mesmo? Quem nunca na vida cantou essa belezinha em uma pista de dança? Altos remixes feitos para ela. Bootlegs, então? Nem se fala. Sim, hoje é dia de revisitar a linda voz da Róisín Murphy e os talentos como produtor de Mark Brydon, que juntos formaram ninguém menos que Moloko, duo que fez muito sucesso entre os anos 90 e 2000.
Sing It Back foi escrita por Róisín no início dos anos 90 em Nova Iorque, ela morava na cidade e era uma clubber ávida da noite riquíssima que rolava por lá nessa época. A letra de Sing it Back é repleta de referências sobre esse momento da vida de Róisín. Quando a letra foi concluída, Róisín queria uma música em formato 4×4, porém ela e Mark decidiram não fugir muito da estética Indie/Trip Hop/Jungle que o duo vinha apresentando até então. Sing it Back veio à luz em 1998 no segundo álbum do Moloko, I’m Not a Doctor.
Já que a versão original de Sing It Back não ficou exatamente como Róisín idealizou, um EP de remixes foi requisitado para a gravadora que o duo tinha contrato assinado, a Echo, que prontamente se colocou à disposição de trabalhar em um EP de remixes. Todd Terry foi o escolhido para remixar a faixa. Por que? Ele tinha acabado de remixar Missing de outro duo chamado Everything But The Girl – que foi a primeira faixa que revisitamos aqui no Iconic – e esse remix era a mais nova faixa queridinha entre os DJs. Mas teve um problema, tanto Mark quanto Róisín não curtiram o remix que Todd Terry fez, fazendo com que a gravadora fosse atrás de outro remixer para a faixa. Ouça você mesmo o remix que Todd Terry fez e tire suas próprias conclusões:
A solução? Boris Dlugosch, um dos pioneiros da House Music alemã e artista que ajudou a definir a personalidade musical que Peppermint Jam teria. Boris foi inteligente no remix e manteve toda a alma que a versão tinha, fazendo que o remix soasse como uma faixa de House clássica, diferente da versão mais moderna e Deep que Tee fez para Sing it Back.
O resultado? Róisín feliz, Mark feliz e um EP finalmente concluído. Em março de 1999, o EP homónimo saiu com ambos remixes e literalmente bombou, fazendo com o que o remix de Boris fosse número um no US Dance Chart, assim como também fosse número um no UK Dance Chart e UK Indie Chart ao mesmo tempo, algo que poucos artistas conseguem. O Remix de Boris também foi incluído em mais de 100 compilações além de também de fazer parte do tracklist de Things to Make and Do, terceiro álbum do duo. É isso aí, o remix do Boris bombou tanto, mas tanto, que tiveram que colocar ele no próximo álbum do Moloko.
Obviamente que após a acertada de mão que Boris deu, outros remixes apareceram por artistas como Mousse T, Matthew Herbert, Booker T e até mesmo o próprio Mark remixou sua faixa através de seus aliases Chez Maurice e DJ Plankton. E aqui nós partimos para o momento onde eu digo pra vocês qual é o melhor remix de Sing it Back e qual o pior remix feito.
Eu sou um grandessíssimo fã de Mousse T e sua obra, mas essa versão preguiçosa e chupinhada de I Feel Love da Donna Summer/Giorgio Moroder que ele fez simplesmente não dá. Vocês DJs que tocam ela que me desculpem, eu até entendo o fator pista que ela tem, mas realmente não dá!
E o melhor não teria como não ser o remix que Herbert fez para a faixa, trazendo toda uma nova personalidade para Sing it Back, tornando ela em algo que é melancólico e aliviante ao mesmo tempo. Não dá pra entender como ele fez isso, mas fez. Saiu do óbvio com sua capacidade absurda quando o assunto é manipulação de samples.
Bom, remixes por artistas gigantescos, Top 1 nos Estados Unidos e Inglaterra, carta coringa em muito DJ set por aí além de uma infinidade de Bootlegs – remixes não autorizados – que surgem todo ano para Sing it Back. Essa faixa conseguiu aquele status de clássico eterno, que até mesmo aqueles que não são habituais em pistas de dança, quando a ouvem, desfere um essa eu conheço! Sabe qual o nome que usamos para uma música assim? Icônica.
Agora pelo seu amor ao Moloko e essa faixa, ouça a versão original que to ligado que quase ninguém conhece por conta de tanto remix que ela tem!
A música conecta.