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A música conecta

Faixa a Faixa| Agrabah – Ghetto Hong Kong [Gop Tun]

Por Laura Marcon em Faixa a faixa 01.07.2021

Dentre as qualidades que mais admiro no trabalho de Ágatha Prado dentro do estúdio é a sua capacidade de brincar com diferentes estilos musicais de maneira tão harmônica e surpreendente, mas que, mesmo passeando por diversas referências sonoras, ainda guarda um quê de Ágatha, sabe? As batidas quebradas, os experimentos com sintetizadores, uma atmosfera oitentista, com muito Disco e House, mas em uma pegada urbana e sonoramente dinâmica.

Quando penso nisso, também penso que para se ter essa super capacidade criativa e de produção é preciso estudar bastante, ser inquieta, curiosa, ter a mente e ouvidos abertos para o novo e não ter medo de ousar. Tem também que escutar música, muita música! Nesses mergulhos sonoros ela aprofundou não apenas seu conhecimento na música eletrônica, mas também na brasileira, outra grande paixão na sua vida. Junta-se referências da música nacional, uma faixa com uma temática inusitada e um quê maravilhoso de Ágatha e nasceu Ghetto Hong Kong.

O EP é um projeto de três faixas que, como bem adora a artista, passeiam por muitas das suas influências. Funky Disco, New Beat e Minimal Wave são apenas algumas delas. O lançamento aconteceu há alguns dias pela gravadora Gop Tun e, agora, Ágatha vem até a gente abrir sua caixinha de ideias e contar um pouco mais sobre o processo criativo e técnico desse trabalho.

Agrabah

O nome Ghetto Hong Kong veio de uma viagem pela discografia de Fausto Fawcett, um dos artistas nacionais que mais inspira meu trabalho. Uma das faixas dele que eu mais gosto é Chinesa Videomaker, e a letra da faixa retrata um cenário de caos apoteótico libertinoso, entre crime, sexo e uma boate fictícia, que leva o nome Ghetto Hong Kong. A partir daí, comecei a criar um enredo em torno dessa temática, conectando Madame Kabukicho, uma cafetina do bairro proibido, e Motel Nikkei, um local de deleite em uma madrugada pós caos. 

Ghetto Hong Kong | A faixa-título traz elementos do Funky Disco junto com uma estética mais old, do Proto hHouse. Assim como em todas as faixas do EP, utilizei meu synth favorito, o Triton da Korg, e lá já tenho um timbre específico que sintetizei para os synths, para dar um ar mais estridente do mesmo tipo dos analógicos. Gosto de fazer as baterias das minhas faixas, quase que sempre de forma bem manual, utilizando “one shots” de samples, e fazendo um desenho mais personalizado principalmente de claps, snares, percs e hihats. O vocal eu encontrei um acapella free royalty de uma cantora chamada  Saya Asakura, que encaixou perfeitamente na proposta de contraste que já tinha imaginado.

Madame Kabukicho | Madame Kabukicho traz um pouco mais de peso, passeando pelo Acid, New Beat e uma pegada Minimal Wave 80’s, uma coisa meio Cabaret Voltaire. Eu gosto muito de trabalhar com sons de guitarra, acho que dá uma quebra orgânica bem interessante no trabalho, e normalmente eu tenho preferência por timbragens mais estridentes. Os Fx também ganharam uma atenção especial nessa faixa, são vários fragmentos aleatórios que estrategicamente posicionados, compõem um quebra cabeça interessante para o arranjo.

Motel Nikkei | Depois da euforia, vem o deleite. É isso que a Motel Nikkei procura passar, um refresco na madrugada. Aqui de novo a guitarra ganha um destaque grande, conversando com os synths, só que de uma forma mais baleárica. Eu sou bem fã dos trabalhos do Masayoshi Takanaka, e aqui acho que a referência aos trabalhos dele veio bem forte.

A música conecta.

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