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A música conecta

Alataj entrevista Touchtalk

Por Lau Ferreira em Entrevistas 20.08.2021

Completando nove anos de estrada em 2021, o duo paulistano Touchtalk, formado por Gabriel e Estevão, nunca fixou-se em uma única vertente musical. Começaram em Tech House e Bass House, depois partiram para o Techno e, há um ano, reinventaram-se em uma pegada bastante diferente, entre o Indie Dance e a Synthwave, com uma sonoridade bastante melódica e retrofuturista, que remete aos anos 80.

Nesse período, assinaram por gravadoras como ZEF Music, Exx Muzik e Jannowitz Records, e em breve, na próxima segunda (23), apresentam o EP de quatro faixas Roller [veja no Beatport], pela francesa Ritual, de Rafael Cerato. Para saber mais sobre essa nova fase, trocamos uma ideia com a dupla.

Alataj: Já são quase dez anos de estrada, começando com uma sonoridade mais ligada a Tech House/Bass House, depois voltando-se ao Techno, e, nos últimos meses, uma guinada com essa pegada mais próxima ao Indie Dance e à Synthwave retrofuturista. O que motivou essa repaginada?

Touchtalk: A gente vinha fazendo um som bem característico há dois anos. Era um pouco melódico, mas com aquela bateria bem cheia que lembrava um pouco do Tech House. Mas a gente sonha em voar mais alto e precisamos de uma repaginada para chegar a esses sonhos — sempre mantendo a nossa característica que é som agressivo e de pista.

Os riscos de se mudar radicalmente de estilo são bem grandes para um projeto tão longevo e que fez o sucesso que vocês fizeram dentro do Brasil. Foi algo que demandou bastante coragem? Por que não seguir com o que vinham fazendo e, de repente, criar um novo projeto para essa nova roupagem? 

O maior risco é você não mudar e perder o timing do momento. A gente sempre foi um projeto em constante evolução. Acreditamos que o segredo desses quase dez anos é justamente acompanharmos as mudanças do mercado, da música e das pessoas. A música que domina hoje os principais gêneros musicais não é a mesma de dez anos atrás. Sabemos que a música é cíclica e a gente se renova junto com ela.

Como os fãs reagiram à mudança?

Fizemos o movimento de forma sutil, aos poucos inserindo a nova proposta em meio aos nossos sets e lançamentos. Acho que quem nos acompanha, além de gostar da nossa música, gosta dos artistas Gabriel e Estevão, independentemente da música. Então isso facilita um pouco.

E como mudar de sonoridade sem perder a identidade, a essência do TouchTalk?

É muito trabalho para chegar na estética de som desejada. Primeiro você precisa torná-lo interessante aos ouvidos das principais labels, o que acaba sendo um padrão em muitos casos. Depois você começa a se impor em cima desses padrões. É nessas horas que você traz toda a experiência que você adquiriu. Nossa principal característica é um som mais explosivo de pista. E a gente conseguiu chegar a esse resultado. Tracks como Reborn, The Place e todo o EP Roller são exemplos disso.

Em Roller, parece haver flertes com Techno Melódico, sobretudo na faixa-título. Foi algo premeditado? Seria consequência da bagagem de vocês no Techno?

Não construímos o EP pensando que deveria ser de um determinado estilo. É muito do momento. Mas com certeza toda essa bagagem que trazemos nesses nove anos acaba influenciando na hora da criação.

Vocês têm estreado por algumas gravadoras internacionais nos últimos meses. A recém-criada ZEF Music, Exx Muzik, Jannowitz Records e agora a francesa Ritual. Como têm sido essas ligações?

A gente recebe convites para lançar em alguns labels, e avaliamos se é bom ou não para o momento. Em outras, temos contato direto, e ainda outras, pelo processo de envio de demos via email. Este último é o mais interessante. Às vezes demora, mas quando acontece é uma sensação muito boa, pois sua música foi aprovada porque é realmente boa, e não porque o label quer ter um lançamento seu.

Vocês têm também a LoveDogs, que foi criada pra dar vazão aos próprios lançamentos, e em janeiro recebeu, pela primeira vez, um artista de fora — a mineira anaritzz. Quais os planos para a gravadora?

A ideia inicial era essa, mas mudamos essa filosofia no ano passado. Para este segundo semestre, teremos o lançamento dos ganhadores do remix contest da track Carry On (ainda unreleased), realizado em parceria com a Alcateia 3M. 

Após isso, teremos a estreia do mineiro Hoochie Coochie Papa, que é um artista super legal  que já lançou em gravadoras como Emerald & Doreen Records e Golden Soul Records;  além da volta da anaritzz com seu single Another Life. A ideia é sempre ter um remix nosso e de outro artista. Mandem suas demos que estamos ouvindo tudo!

Como tem sido a vida e rotina do Touchtalk neste um ano e meio de pandemia? Estão esperançosos ou pessimistas para os próximos meses?

Atualmente nosso trabalho em estúdio é todo online. Estamos cada um com seu espaço em sua respectiva casa. Precisamos ter esperança. Acreditamos que todo nosso esforço e sacrifícios nesses quase dois anos serão recompensados. 

Por sinal, 2022 é o ano em que o projeto vai comemorar uma década de existência. Planejaram algo especial pra temporada? O primeiro álbum, de repente?

Quem sabe? Esses últimos tempos foram loucos. Nosso maior foco no momento é em grandes lançamentos, e posteriormente, em nossa carreira internacional.

Quais as principais lições que vocês aprenderam nesses nove anos de estrada?

Acho que primeiramente, aceitar as nossas diferenças. Respeitar nosso público, as pessoas que nos contratam e as pessoas que trabalham com a gente. Fazer o que amamos.

Pra fechar, a clássica do Alataj: o que a música significa nas vidas de vocês?

A música liberta, desperta e cura. Nos faz ser pessoas melhores, em busca de sonhos e objetivos. É o nosso estilo de vida.

A música conecta.

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