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A música conecta

4 anos de Caos total em Campinas

TAGS: caos
Por Isabela Junqueira em Storytelling 01.12.2021

Não tem como falar sobre o trabalho dos autênticos criativos e apaixonados que criaram o Caos sem usar a palavra “ressignificação”. Isso porque Antonio Carlos Díaz (Toca), Eli Iwasa, Juka Pinsetta e Rodolfo Salin ressignificam as noites da metrópole do interior paulista, Campinas, há mais de 20 anos. 

(DJ Mau Mau em uma noite de sexta no Pianno Club, antecessor do Club 88)

É uma trajetória para lá de longa que soma vasta experiência em clubs até chegar ao primoroso trabalho que preenche o galpão que ocupa uma das áreas industriais da cidade. Vamos a um breve regresso para entender? Origina a partir do célebre Kraft, sucedendo no potente Club 88 que através da curadoria refinadíssima despontou Campinas como uma rota pontual aos amantes da música eletrônica. O resultado? Um público com ouvidos atentos às reverberações sintéticas, o que preparou o terreno e abriu precedentes para gigantes que viriam posteriormente pela região, como Amê Club, Laroc e o próprio Caos.

Era 22 de dezembro de 2017 quando o Caos abria as portas pela primeira vez trazendo Carl Craig com a casa lotada. Dalí em diante, a curadoria seguiu provocadora com nomes como Laurent Garnier em um domingo que a comunidade considera histórico, além de ANNA, Ben Klock, Chris Liebing, Danny Daze, Dixon, Ellen Alien, Marcel Dettmann, Nina Kraviz, Recondite, Sascha Funke, Speedy J, a inesquecível festa da Life and Death, entre tantas outras aberturas ao longo de quatro emocionantes anos. Emocionantes mesmo. Desde Fango só de cueca em um set energizante até a galera que fez o fantástico ato de arrancar os tênis e levantar pra cima embalados pelo (obviamente) DJ Tennis.

Sem mencionar as icônicas performances que o Caos incluiu para incendiar suas noites através dos corpos dialogantes de artistas como Aun Helden, Corja, Dinabolica, Katrevosa e Lana Voodoo, entre tantos outros.

O que constitui toda essa singularidade caótica geradora de uma comunidade (que transcende os limites municipais de Campinas) extremamente afetiva são inúmeros aspectos que reunidos dão vida a um ambiente em que seus frequentadores sentem o espírito e potência de um club na máxima — inclusive a liberdade que isso requer. Desde a construção afetiva das mais variadas relações no âmbito do club, o diálogo caloroso, o atendimento a diversas demandas e até o cuidado em atendê-las seguramente — e surpreendentemente.

A solidificação da marca Caos no radar internacional dos mais respeitados artistas não se deu de forma aleatória, mas reflete a ânsia em realizar sonhos que os proprietários trazem para a casa — principalmente Eli Iwasa, que em meio à agenda lotada exerce a atenciosa curadoria refletindo bem a profundidade musical que compõe sua persona atuante de longa data, “graduada” pelo lendário Lov.e Club.

Mesmo abrigando inúmeras label parties que já trouxeram de Mano Brown e Djonga até Pabllo Vittar e Lia Clark, o que agrega o tom diversificado (símbolo fervoroso do DNA do Caos), a curadoria precisa executada em aberturas eletrônicas não vê sua potência e credibilidade diminuir.

Vale relembrar a reflexão no editorial publicado sobre estruturas industriais e seu fortalecimento para a cena eletrônica. A estrutura que abriga o Caos, apesar de mutante, é predominantemente de concreto e aço. Materiais estes, que dão o ar industrial, completamente atrelados ao florescimento da House Music e Techno.

Assim, neste sábado 4 de dezembro, tudo indica uma autêntica noite de Caos à vista recebendo o designer de experiências Rebolledo para mais uma celebração de aniversário, acompanhado de Barbara, Carlim, Cashu, Due, a anfitriã Eli Iwasa, Gui Scott, L_cio, Nascii, Os Gemeos, Salin e Vermelho — um line-up com artistas que resumem muito bem o trabalho desenvolvido ao longo destes anos em uma programação que percorrerá 24 horas. Os ingressos estão disponíveis via Shotgun.

“É sim a realização de um grande desejo nosso que é fazer as 24 horas de Caos rodeados de artistas e pessoas que fazem parte de uma rede de apoio com a gente nesses últimos meses. É também sobre retribuir esse apoio todo que a gente recebeu desses artistas e do nosso público, o que permitiu chegarmos até aqui. E tem aquele cuidado aos detalhes que é característico nosso”, reforça Iwasa que ainda reflete sobre o momento como uma virada de chave.

É fato que o trabalho exercido pelo Caos tem uma profunda reverberação, seja entre artistas (inclusive os regionais. que ganham um catapultador) até seus frequentadores.

A redatora que vos escreve é um dos exemplos de quem teve a trajetória amplamente influenciada por essas mentes criativas e que hoje, só está aqui orgulhosamente entregando esse Storytelling, porque teve sua personalidade musical moldada pelos dedos dos “loucos apaixonados” (uma definição dos próprios sócios) que resolveram trazer alguns dos maiores nomes da música eletrônica nacional e mundial para a pacata Princesa D’Oeste.

Sem mais delongas: um caótico retorno, Caos! <3

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