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A música conecta

Jex Opolis: do vintage ao futurismo

Por Isabela Junqueira em Storytelling 06.06.2023

Existe um certo fascínio em cavar e “investigar” perfis de artistas que brilham na excentricidade. A cada página de pesquisa aberta, brota uma nova descoberta e de repente, você se encontra em uma dinâmica semelhante a de um quebra-cabeça: cada peça se conecta à outra gerando algo maior, novo, complexo ou simplesmente surpreendente. Mas, ao mesmo tempo, remova uma peça e pode até ser que o quebra cabeça não perca seu sentido, mas ele obviamente fica incompleto. Assim é Jered Stuffco, o homem por trás de Jex Opolis.

O catálogo musical do canadense realmente é o que pode-se chamar de “caldeirão de ritmos”. Opolis flutua pelo espectro da música eletrônica, sem levantar bandeiras de gêneros, mas criando um elo conectivo entre décadas e estéticas. Enquanto produtor, uma figura capaz de entregar faixas com roupagens que podem ser tanto vintage, como Desolation, quanto futuristas, como Scott Says — que diga-se de passagem, é uma das minhas produções favoritas dele.

Para introduzir uma narrativa centralizada na figura de Jexy, alguns clichês são necessários e traçar o panorama desse DJ e produtor faz-se muito necessário aqui — isso porque Jered construiu sua persona musical de fato muito amparado em suas bases e vivências. Jex nasceu e foi criado em Edmonton, capital da província de Alberta, no Canadá e sua relação com a música começou através do incentivo da mãe com aulas de piano e violão, mas foi aprofundada enquanto ele ainda era jovem e curtia bandas como Depeche Mode e Van Halen. Na adolescência, suas preferências musicais passaram pela música industrial e IDM, impulsionado principalmente pelo sons da inglesa Warp Records e alguns dos seus principais representantes como AFX (um dos incontáveis alias de Aphex Twin) e o duo Autechre.

+++ Relembre o Case dedicado à Warp Records

Jex cresceu e além de multi-instrumentista tornou-se também vocalista. Baseado em Toronto, o jovem engatou na produção musical entre 1999 e os anos 2000 e mais à frente, passou por algumas experiências em bandas. Depois de se frustrar nesse processo, encontrou seu “modus operandi” musical como um homem só e por volta de 2008, começou a produzir música como Jex Opolis. Sim, o produtor veio antes do seletor (visto que ele só começou a função de discotecagem em 2007), e no caso do canadense, essa dinâmica trouxe uma carga e influências inegáveis. Entre elas, a inclusão intensa de instrumentos orgânicos nas suas produções é um ponto altíssimo.

Ele passou alguns anos baseado em Toronto logo após o boom da “era raver” (o que também exerceu uma concisa influência em Jexy), mas foi durante o bom tempo que ele morou por Nova Iorque que o diggin ganhou bastante espaço na vida do multi-artista. Impactado pela multiculturalidade da Big Apple, Opolis aprofundou a pesquisa musical de maneira que hoje, em seus sets, é possível ouvir desde MPB até alguma bomba de Euro Dance. E claro, tudo plenamente alinhado às suas produções originais, que formam um conjunto preciso e coerente. Não à toa, Jex foi muito bem recebido em selos como Running Back, Toy Tonics e Dekmantel — inclusive, em um papo com o Torture The Artist, ele conta que “tocar no Dekmantel, gravar em vídeo e colocar no YouTube foi um grande impulsionador”.

Além de produções muito bem alocadas, ele também administra o seu próprio selo, Good Timin’, desde 2013. Com um propósito firme de conexão e geração de comunidade, Opolis é o principal fomentador do seu imprint e embora já tenha lançado faixas de outros artistas, ele trata seu label como uma espécie de “abrigo” e garante que só vai lançar faixas de outros produtores partindo do ponto de conexão musical absoluta. O compilado Bad Timin’ (que já chegou ao quarto volume) é uma excelente oportunidade para entender um pouco mais esse cosmos musical de Jexy.

Um fato interessante que também compõe esse universo complexo do artista, é que em um meio tempo entre sua dedicação para a música, Jered também se formou jornalista e nessa aba do seu site, é possível conferir alguns de seus artigos. Multi-instrumentista, vocalista, jornalista, produtor e DJ: um perfil amplamente coeso e robusto — e que, de certa forma, até justifica como Jex vem estabelecendo esse contexto tão excêntrico e singular, que habilita ele a criar uma categoria (ou atmosfera) musical só para si. 

Agora, a boa notícia é que se Jex Opolis te empolgou (ou se já te empolgava antes desse texto), ele vai passar por algumas capitais nacionais pelos próximos dias. Sua mini tour pelo Brasil começa nesta sexta, 9, em Ribeirão Preto (interior de São Paulo) na rádio vitrine. No sábado 10 de junho, Jex comanda a Gop Tun no antigo Playcenter em São Paulo, capital. Na próxima sexta, dia 16, ele segue para o Rio de Janeiro para a edição da DOMPLY que retoma as atividades em novo formato, no centro da capital carioca. Para o sábado, dia 17, a bola da vez será Curitiba. O canadense vai embalar e celebrar a junção entre a paulistana Gop Tun e a curitibana Discoteca Odara, a GopOdara. Realmente imperdível!

Conecte-se com Jex Opolis: Bandcamp | Instagram | Site | SoundCloud 

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