Quando a maré está boa, nada melhor do que aproveitar o momento e nadar junto com ela. É exatamente isso que vem fazendo o DJ e produtor carioca Day Out Of Time, que vive uma fase extremamente frutífera na carreira, inclusive se apresentou recentemente ao lado de alguns ídolos no festival Doce Maravilha, que rolou na Marina da Glória/RJ, com Caetano Veloso e outras estrelas da MPB.
+++ As referências plurais que fazem de DOT um preciso expoente da cena nacional
Em questão de lançamentos, já foram cinco autorais neste ano: o remix para Sent From Above, de Fabian Balino, um pack de remixes recebido para seu EP Tales From the Atlantic, os singles La Brisa e Visceral, este último sendo uma collab com Curol, e finalmente o seu EP Dreams of Rio, chegou hoje, dia 24 de agosto, assinado pela Sonido Profundo, label conhecida por seu trabalho dentro do progressive e organic house.
“A verdade é que eu produzo muito todo dia, faço inúmeras músicas e no final das contas são poucas que são lançadas. Esse ano já tiveram uns cinco ou seis lançamentos e vão vir mais quatro que já estão prontas, mas a verdade é que provavelmente eu já fiz mais de 50 músicas. É difícil eu aceitar, ir até o final e ficar confortável o suficiente para lançar, mas acho que faz parte do processo e do desenvolvimento artístico isso. Fico muito feliz quando as músicas chegam nessa etapa de lançamento, o que não é tão comum. Na verdade, é a exceção”, comenta o artista sobre ritmo de produção e lançamentos.
O destaque, claro, fica neste seu mais recente lançamento, onde DOT entregou um EP que reflete com precisão toda sua sensibilidade musical quando se trata de produzir faixas de organic house. Dreams of Rio é uma trilogia de músicas que fazem alusão à cidade carioca e seus belos momentos solares: o nascer do sol, o pôr do sol e o crepúsculo, momento quando o sol se aproxima da linha do horizonte e cria um efeito gradiente no céu.
A base de todas elas, porém, é a mesma, e a origem da ideia não poderia ser melhor: um sonho do próprio artista. Ele conta que sonhar com música é algo recorrente, mas que nunca consegue traduzir o que ouve para a vida real. “Essa foi a única vez que eu consegui gravar a melodia que apareceu no meu sonho. Eu acordei às 4h da manhã e logo fui pro estúdio para gravar e não deixar ela fugir da minha mente”, explica. Toda essa história é antiga. A primeira versão, Sunset In Rio veio há quatro anos, quando ainda morava em Berlim, depois, nos anos seguintes, foram criadas as demais versões, adaptadas de acordo com cada um desses momentos do dia, conforme ele detalha:
“Eu comecei essa música em 2019 e ela era uma versão quebrada, a versão de um beat. No entanto, eu não estava satisfeito com ela no momento e deixei de lado. A cada ano eu pegava nela pra mexer mais um pouco e mudava mais coisas, mas nunca fiquei satisfeito. Até que uma vez eu pensei ‘quer saber? vou pegar essa música e vou transformar, lançar uma versão mais pista, 120bpm, 4×4’ e na hora gostei da ideia e me emocionei. Desse momento até a versão final, deixei e retomei a produção mais algumas vezes até estar contente com o resultado, pensando também na versão instrumental… Mas tudo basicamente aconteceu por esse lance de experimentação que eu tenho com as músicas. Mesmo que eu não lance uma produção, não jogo nada fora, fico trabalhando nelas por anos”, explica DOT.
Além das três versões, a faixa principal também ganhou um clipe com imagens que ilustram de uma forma abstrata e figurada, parte do sonho que DOT teve quando a ideia da música se originou, trazendo recortes do Rio de Janeiro nas décadas de 50, 60 e 70. Vale a pena conferir:
A música conecta.